segunda-feira, 14 de maio de 2012

Battleship - Ação X Estória

Ricardo Icassatti Hermano

Na sexta-feira da semana passada, estava me preparando para assistir o estreante Battleship e saí procurando na internet tudo a respeito do filme. Lá pelas tantas, me deparei com uma crítica de cinema, que reviveu a surrada diferença entre homem e mulher. A crítica, cujo nome não me recordo, reclamava da falta de uma "estória", que o filme é cheio de efeitos e que é inspirado no velho jogo "Batalha Naval".

Cartaz do filme

Essa crítica (bem como as mulheres em geral) parece ainda não ter entendido que um filme de ação não pode ser inspirado no romance Orgulho e Preconceito da escritora inglesa Jane Austen. Estórias cheias de emoções conflitantes, sofrimento apaixonado, virgindades exasperantes, galãs e mocinhas pudicos, restrições de toda ordem, não combinam com guerras contra alienígenas que querem destruir o nosso planeta.

Porta-aviões alienígena

Quem vai assistir um filme de ação e ficção científica não se sente enganado pelos efeitos digitais, pois é muito difícil produzir um filme sem alienígenas dispostos a emprestar suas naves, suas armas e atuar no filme. Fica difícil sem os efeitos digitais. Ninguém iria ao cinema assistir esse tipo de filme se as naves fossem maquetes com fios de nylon. A única coisa que incomoda os fãs do gênero é a falsa ciência.

Os efeitos digitais são excelentes

Neste filme, o roteirista foi preguiçoso e os atores bem canastrões. Um deles, o Alexander Skarsgård, que é um vampiro gay num seriado de TV, faz o papel de um comandante da Marinha Americana e parece não ter se dado ao trabalho de providenciar um laboratório para tornar a sua canastrice minimamente verossímil. Não dá para acreditar que um comandante em plena operação de guerra assista naves alienígenas caindo, uma estrutura gigantesca sair do mar e sua única reação é se esparramar na cadeira, botar as pernas para cima e dizer que acha aquilo tudo "esquisito", enquanto toma café em sua caneca. Ridículo como o vampiro que "interpreta" na TV. Ainda bem que morre logo no início.

EUA e Japão lutam lado a lado contra alienígenas no Havaí

A preguiça do roteirista também está nas falas. Copia descaradamente o genial físico e cosmólogo Stephen Hawking, que alertou para o perigo de enviarmos sinais de rádio para o espaço sideral em busca de vida inteligente. Segundo ele, uma visita de extraterrestres à Terra seria como a chegada de Colombo à América, "o que não terminou muito bem para os nativos americanos", salientou. E o pior é que colocaram essa frase na boca de um personagem absolutamente patético. Achei até desrespeitoso. A linha mestra do enredo é a receita de bolo do rebelde talentoso que salva o mundo e acaba se enquadrando socialmente.

Artilharia pesada contra lagartixas espaciais

Fora isso, o filme mistura Transformers com Armageddon. Pelo menos não pisaram na bola na parte do embasamento científico. E extraterrestre bonzinho é coisa do Spielberg. Se uma raça de outro planeta consegue chegar até a Terra é porque possui uma tecnologia muito, mas muito superior à nossa. E qual seria seu interesse em vir até aqui? Nos ajudar? Curar o câncer? Acabar com a fome? Punir nossos políticos corruptos? Pois é, Colombo e nativos americanos, Pizarro e Incas, Cortez e Maias ...

Qualé lagartixa? Tá achando que vai ser moleza? 
Tá pensando que é o Homem de Ferro?

Mas, Battleship se salva como diversão pura e simples apesar dos atores. Para dar alguma respeitabilidade ao filme, colocaram lá fazendo escada o Lean Neeson, que deve ter embolsado uma boa grana. Nada melhor para o domingo que uma dose cavalar de tiros, explosões e porradas num bando de alienígenas malvados que ameaçam o nosso American Way of Life. Vão se catar em outro sistema solar, pô! Assista o trailer:


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