quarta-feira, 30 de junho de 2010
Manuel foi pro céu ...
terça-feira, 29 de junho de 2010
A Música do Dia - La Llamada - Selena
Romoaldo de Souza
Para os cristãos e os amantes da preguiça como alguns políticos brasileiros, hoje é Dia de São Pedro, o mais fiel dos apóstolos de Jesus Cristo. O primeiro Papa. E aí, alguns políticos, principalmente os nordestinos, dão como desculpa o motivo da "confraternização" com os eleitores para não darem as caras no Congresso nesta semana, por causa dos festejos juninos.
Já quem não está na lista dessa gente, vale lembrar que hoje é o Dia da Telefonista. Confidente, sabe de tudo. Ou quase tudo o que se passa no trabalho. Por ela passam as mágoas, as reclamações e muito mal-humor. É verdade que, às vezes, algumas surpresas agradáveis passam na vida e nos ouvidos dessas profissionais.
Quando trabalhei na Radio Alvorada de Brasília, umas três décadas atrás, tinha uma telefonista lá, dona Jura (se não me engano, era "Jura" de Jurema. Ela detestava tanto o nome, que nunca quisemos falar desse assunto).
Primeiras imagens de telefonistas
Hoje, com mais tecnologia e menos gramática: "estaremos encaminhando ..."
Bom! Uma noite, aí por volta das 19h30, toca o telefone na rádio.
- Alô - berrava, literalmente, a dona Jura.
- Quer falar com quem, meu filho. Quem é?
Assim, dona Jura emendava uma pergunta na outra, sem qualquer cerimônia.
- Com quem? Quem?
Do outro lado da linha um cantor em começo de carreira. Ele próprio ligando de um orelhão na esquina de uma das quadras do Núcleo Bandeirante.
- Diga ao Romoaldo que é Amado Batista. Amado Batista!
- Ah meu filho, vai lamber sabão!!! - gritou dona Jura, desligando enfezada o telefone.
- Quem era? - eu quis saber.
- Trote. Só pode ser essa moçada que não tem Deus no coração. Uma hora dessa dizendo que é Amado Batista. Ah, vá ... - resmungou.
Do outro lado da mesa eu pulei.
- Era ele. Amado Batista vem ao programa Clube dos Namorados, hoje à noite! - na década de 70, esse programa chegou a bater recordes de audiência no rádio de Brasília.
- Meu Deus, Amado Batista e agora? - desesperou-se dona Jura, fã de carteirinha do cantor de "No Hospital"
- No hospital, na sala de cirurgia, pela vidraça eu via você sofrendo a sorrir e seu sorriso aos poucos se desfazendo. Então vi você morrendo... - cantarolou a telefonista com os olhos rasos d'água.
Esperamos mais uma hora e o cantor goiano chegou esbaforido no prédio da Rádio Alvorada, todo desalinhado. Cabelo despenteado.
- Desculpe, gente! Chamei aqui na rádio e uma mulher louca atendeu o telefone, desligou na minha cara e era minha última ficha - esbaforiu-se.
- Ufaa!! Caiu a ficha - desabafou dona Jura.
Dois, três anos depois e já famoso, Amado Batista contou essa história em um programa de TV. Nunca mais tive notícias nem da música de Amado Batista nem de dona Jura.
E foi lembrando dessa histórica bobeada da dona Jura que trouxe hoje a cantora Selena com a música La Llamada (Um telefonema seria a melhor tradução).
Outro dia eu volto para contar a trágica história de Selena. Hoje, a homenagem é para as telefonistas.
La Llamada
Bueno...
Soy yo mi amor, antes de que me cuelgues no' mas dejame explicar que...
No me vuelvas a llamar
Tratando de explicar
Que lo que vi no era cierto
Verguenza debes tener
Si me quieres convenser
Que eres fiel y eres sincero
Oh! Te vi con ella y no puedes negar
Que eran tus labios los que la besaban
Canalla!
No te sirvio de nada
El disimular
Que solo charlaban
No mientas mas!
Si me vuelves a llamar
Yo te vuelvo a colgar
Ya me canse de escuchar
Escusas y mas mentiras
No me vuelvas a llamar
No te voy a perdonar
Otra oportunidad
No te la doy
Si no vales la pena
Caneca Globetroter na Paris de Sartre e Simone
"Com a caneca do Café & Conversa e um vidro lacrado de Rivotril na mala para encarar meu cagaço de avião, rumamos em direção ao aeroporto para 10 breves dias de férias em Londres e Paris.
Além do pânico que teima em me acompanhar nessas viagens longas, minha irmã, sobrinha e eu estávamos com nossos corações apertados. Naquele mesmo dia havíamos perdido uma tia querida. Mas, logo no chek in, me encontrei com o tranquilão João Domingos.
Um bom presságio de que a viagem seria muito legal. E foi. Nem precisei me dopar de Rivotril para encarar as turbulências da zona de convergência do Atlântico.
Além de mostrar Londres e Paris para a minha sobrinha, que comemorava seus 15 anos, tinha uma missão: levar a caneca do Café & Conversa para um passeio no charmoso e tradicional Café Les Deux Magots.
Localizado na chiquérrima área de Saint German de Prés, ao lado de lojas das grifes mais caras da Europa, o café que já serviu de locação para vários filmes seria apenas mais um dos adoráveis cafés com mesinhas e terraço super florido. Mas, até hoje, passam por ali a nata da intelectualidade e milhares de turistas do mundo inteiro, que entre uma xícara e outra de café ou chocolate, sorvem também a história do ócio criativo do casal Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre, que ali passavam boa parte do tempo.
Cumprir a missão que me foi dada pelo Ricardo foi moleza. Antes de Paris, passamos por Londres, onde, como na capital francesa, a população convive muito bem com pombos andando e até pousando nas mesas dos restaurantes.
No mercadão de Covent Garden, por exemplo, tínhamos de tampar nossas pints de Guiness para evitar um novo ingrediente na amarga cerveja: pluminhas de pombo que ficavam flutuando no local, para minha agonia.
No Les Deux Magots, além dos pombos, se der moleza os passarinhos de menor porte dividem com você os pratos de salada ou o pão.
Para introduzir a caneca do Café & Conversa entre as louças branquinhas, com o logo do café, pedimos um brunch com pães, carpácio com o pão francês bem duro, salada, Croque Monsieur - depois da baguete com queijo camembert, o clássico dos sanduíches franceses. Café e chocolate com creme para enfrentar o frio . E uma cerveja que ninguém é de ferro.
O lugar tem um clima especial e os garçons impecáveis dão o tom da elegância e da sobriedade por ali. Tentei descobrir a origem do café servido no Les Deux Magots, mas a primeira resposta do garçon me desanimou de ir em frente.
Contrastando com a ótima comida e a beleza do lugar, eles não fazem a menor questão de ser simpáticos. Aliás, como os franceses em geral. Perguntei onde o café servido ali era produzido e de que marca era. O garçon de smoking deu de ombros e respondeu com ar blasé: "Je n'ai aucune idée (não faço a menor idéia)". De qualquer forma, minha irmã, minha sobrinha e eu tomamos e gostamos muito."
segunda-feira, 28 de junho de 2010
A Música do Dia - Alturas - Inti-Illimani
Romoaldo de Souza
Para o dia do jogo do Brasil com o Chile nós temos cardápio chileno, música popular chilena e a caneca do Café & Conversa. É só deixar seu palpite até a hora do jogo, enviando e-mail para cafeconversa1@gmail.com. A caneca que chegou antes que muitos times e só vai deixar a África do Sul depois do apito final da partida decisiva, em 11 de julho, independentemente de que times disputem o mundial.
Para acompanhar esse salmão dos lagos chilenos, subimos os Andes para ouvir o grupo musical Inti-Illimani. O grupo é uma das criações do conhecido movimento Nueva Canción Chilena. O nome, "Sol-Illimani" em idioma Aimará, dialeto do povo que se estabeleceu a partir da época pré-colombiana desde o Peru, Bolívia, Argentina e Chile.
Para você que não aguenta mais aqueles colombianos todos iguais, feitos em série como se fossem uma franquia e tocando El Condor Pasa, Inti-Illimani resgata a música e o dialeto dos aimará, povo pré-colombiano
Ativo e combativo no Chile do presidente Salvador Allende, Inti-Illimani passou a ser perseguido durante o golpe militar do general Augusto Pinochet, de 11 de setembro de 1973, e acabou sendo um dos primeiros grupos artísticos chilenos a migrar para o estrangeiro levando os hábitos e adiando os sonhos de liberdade, indo morar na Italia. O exílio durou até as cinco horas da tarde de 18 de setembro, 15 anos depois.
Ao desembarcar em Santiago, Inti-Illimani foi recebido por centenas de manifestantes, amigos e parentes. Ali mesmo, no saguão do aeroporto, eles tocaram Alturas, a música que dedicamos ao leitores do Café & Conversa.
Bom dia, bom jogo, boa sorte!