segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Amor sem Escalas - Rapadura é doce mas não é mole não


Ricardo Icassatti Hermano

Amadurecimento é a aquisição e o acúmulo de parâmetros que nos levam a satisfazer necessidades e que propiciam o surgimento de novas necessidades. Por isso, quebramos ou mudamos regras que antes nos pareciam imutáveis ou confortáveis.

Ontem assisti o filme Amor sem Escalas (Up in the Air), estrelado por George Clooney, Vera Farmiga e a talentosa novata Anna Kendrick. A película tem a direção precisa e sensível de Jason Reitman, que também assina o sensacional roteiro junto com Sheldon Turner. Uma excelente história, contada originalmente em livro por Walter Kim. Uma produção de primeira linha. Um filme excelente.

Cartaz do filme

À primeira vista, o filme parece ser mais uma comédia romântica, mas trata justamente de amadurecimento, tendo como pano de fundo a recente crise econômica nos Estados Unidos e a sua pior consequência: o desemprego em massa. Clooney, no papel de Ryan Bingham, e Anna, encarnando Natalie Keener, trabalham numa empresa especializada em informar ao empregado que, a partir daquele momento, "seus serviços não serão mais necessários" e oferecer um manual com "opções".

Anna Kendrick, uma atriz de futuro

Aparentemente, as empresas americanas receiam a reação de empregados demitidos. Mesmo numa crise brutal. O noticiário, de vez em quando, mostra essas reações terminando em banhos de sangue ... Os americanos não lidam bem com rejeição.

O trabalho exige muitas viagens e o totalmente desconectado Ryan fez delas um estilo de vida, uma filosofia pregada em palestras de motivação, que ministra entre uma demissão e outra. Até o seu grande objetivo de vida é conseguir completar 10 milhões de milhas aéreas. Seria apenas a sétima pessoa no mundo a conseguir o feito. Ele faz questão de ressaltar que um número maior de pessoas já esteve na lua.

Natalie é aquela jovem brilhante que se formou com as melhores notas, mas ainda não sabe nada da vida real. Acha que sabe tudo e consegue fazer qualquer coisa apenas teorizando, argumentando e acenando diplomas. Nerd, antenada e conectada, ela tem a ideia de informatizar um processo que é pessoal e transferi-lo para a banda larga. As pessoas passariam a ser demitidas on line, através de um monitor com webcam. Tudo muito limpo, higiênico, impessoal, lógico e baratíssimo. Como uma empresa de telemarketing: "Estamos informando que estaremos demitindo ..."

A dupla representa o velho e o novo,
a experiência e o arrojo, quilometragem e inocência

Ryan mostra as falhas do sistema e acaba sendo obrigado a levar Natalie nas viagens. Vira uma espécie de mentor e o filme mostra o amadurecimento dela e dele, a mudança de parâmetros e necessidades. Para Natalie, o trabalho é o indutor da mudança. Para Ryan, é uma mulher. A belíssima Vera Farmiga, que interpreta a sensual Alex Goran, uma executiva que vive como ele viajando a trabalho.

Vera Farmiga induz mudança em qualquer um

Mais não conto, porque você já deve estar querendo assistir o filme. O blog Café & Conversa assistiu, saboreou dois espressos curtos da marca Illy e recomenda. Especialmente para duas jovens amigas que estão no limiar de mudanças e parecem um pouco perdidas. Mas, com elas, falarei pessoalmente.

O filme é bonito, sensível e um excelente programa. Hollywood não é mais a mesma e isso se deve a festivais como o de Sundance, que revela talentos todos os anos. O diretor Jason Reitman surgiu lá com o filme Juno, que acabou faturando o Oscar de Melhor Roteiro Original, escrito pela ex-striper Diablo Cody. Os grandes estúdios estão se adaptando. Aproveitem. O trailer está logo aí embaixo.



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