Houve um tempo em que viajar de avião significava participar de um evento especial. As pessoas tomavam banho e se vestiam bem para viajar. A família acompanhava o(s) passageiro(s) até o aeroporto e aproveitava para assistir uns pousos e decolagens daquelas máquinas maravilhosas e cheias de glamour, que raramente atrasavam algum vôo.
As aeromoças eram lindas, bem vestidas, impecáveis e os pilotos tinham pinta de heróis saídos de algum filme da Segunda Guerra Mundial. Os aviões eram espaçosos e confortáveis. As companhias aéreas se orgulhavam disso e serviam refeições com talheres de metal e uma grande variedade de bebidas, até alcoólicas.
Viajar de avião era quase uma aventura, quase uma festa. Bons tempos aqueles.
Com o barateamento das passagens a coisa mudou radicalmente de figura. A maioria das aeromoças não reúne as condições mínimas para povoar a fantasia de mais ninguém. Há até quem as chame de "aerovéias". Os pilotos têm cara de motorista de ônibus interestadual. As barrigas despencadas e os uniformes desbotados não escondem o desgaste do tempo. Só falta a brilhantina no cabelo, o dente de ouro na frente e a unha comprida no dedo mínimo para completar o figurino.
Os passageiros não mais se vestem bem para viajar. Pior, não se vestem. O que se mais vê é aquele consagrado figurino suburbano de camiseta sem mangas, bermuda e chinelos Rider. Trazem consigo e deixam nos aeroportos os subprodutos da sua educação exemplar. Os aeroportos ficaram imundos, com banheiros insuportáveis e uma profusão caótica de lojas que vendem um sem fim de "inutilezas".
Alguém deve achar essa "democratização" algo bonito e digno de aplauso. Obviamente, não me incluo nesse grupo. Mas, neste seleto grupo devem estar incluídos - além dos demagogos de plantão - os donos das companhias aéreas, que estão enchendo as burras de dinheiro. Os demagogos ganharam um discurso para falar de "povo". Os donos e os demagogos viajam de jatinho (público e privado) ou na Primeira Classe. E o que os demagogos e os donos dos aviões nos oferecem em troca? Nada. Pior, retiram o pouco que restou ao consumidor viajante.
Hoje, temos passagens baratas. Em compensação, temos cadeiras mais estreitas e menos espaço para as pernas, apesar das promessas vãs do ministro Nelson Jobim; temos atraso dos vôos como padrão de normalidade, apesar das promessas vãs do ministro Nelson Jobim; as refeições são aquela bosta fedorenta que servem e eu faço questão de recusar; os aviões estão sempre lotados; os aeroportos estrangulados, sujos e mal cuidados; os acidentes aéreos aumentaram ao nível de crime. Parece não haver espaço para piorar.
Parecia. Hoje fui ao aeroporto internacional de Brasília. Na área de desembarque, havia um grupo de forró a todo vapor e meia dúzia de casais rodopiando entre os passageiros que aguardavam condução. Ao me dirigir até o balcão do estacionamento para pagar, passaram correndo por mim duas gordas suadas e esquisitas mais um rapaz bem qualira. Uma delas fazia com a mão o gesto do "chifre", que era usado pelos antigos fãs de Heavy Metal, e gritava a plenos pulmões: "Caralho!!! É forróóóó!!!!".
É ... parafraseando John Lennon, o sonho acabou e os aeroportos viraram rodoviárias mesmo. Pior, filiais do Inferno.
Ricardo Icassatti Hermano
Diretamente do retiro espiritual de carnaval
Tá de TPM? Cara chato!! Compra um jatinho pra vc, purgante!
ResponderExcluirCaro Anônimo,
ResponderExcluirGraças a Deus não vivemos mais em uma ditadura militar, que aliás caiu de podre. Felizmente, não estamos presos e amordaçados em uma ditadura iraniana, chavista, cubana ou petista. Temos uma Constituição que nos permite a liberdade de pensamento e de expressão, desde que acompanhada de nome e sobrenome. É por isso que este blog tem meu nome, meu sobrenome e minhas credenciais. Quem recorre ao anonimato num país livre e democrático, certamente não está querendo fazer graça ou manifestar uma opinião decente. No seu caso, é possível sentir o ranço da tática muito utilizada pelas "zisquerda" para tentar desqualificar a opinião alheia. O próximo passo seria a calúnia, a injúria e a difamação. O PT passou 20 anos nos mostrando exatamente isso e a farsa decorrente de tal prática. Chegando ao poder e pêgo em flagrante no Mensalão, seu líder máximo, o Lula Marolinha, só conseguiu dizer que fazia o que os outros fazem. Depois disse que não sabia o que faziam na sala vizinha ao seu gabinete e por aí foi. Portanto, meu caro, venho de uma cepa que defende os princípios da liberdade e luta por eles com a cara à mostra e não com a derrière. Do fundo do meu coração, desejo-lhe coragem. Abraço e continue acompanhando o Café & Conversa, aqui e no Twitter.
Ricardo Icassatti Hermano
Icassatti, tirando a história do forró, concordo em gênero,número e grau com seu ponto de vista.Seria interessante, sim,se houvesse o direito digno de todos voarem Brasil ou mundo afora. Abraço.
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