domingo, 15 de agosto de 2010

Quarto Dia no Rally dos Sertões


Ricardo Icassatti Hermano

Nosso intrépido correspondente, Romoaldo de Souza, completou a quarta etapa do Rally dos Sertões. Mas, já é possível perceber que a pesada maratona começa a produzir efeitos colaterais no velho homem de imprensa. Uma barista indiana, uma vaquinha jeitosa e achar que é o poeta português Luís Vaz de Camões ... sei não.

Aos poucos, seus relatos vão assumindo um tom dramático. Tudo indica que o calor, a baixa umidade e a poeira estão debilitando o bravo repórter. Ou talvez seja o impacto da natureza sobre o civilizado jornalista, como no filme Avatar.

E ainda faltam oito dias para o término da prova. Ainda bem que ele levou uma boa quantidade de grãos Bourbon Vermelho. Pode ser que a cafeína o ajude a prosseguir.

Esperamos com fé em Deus, que Romoaldo consiga cumprir sua honrosa missão de reportar essa aventura genuinamente brasileira e de levar aos mais distantes rincões desse país, o precioso conhecimento sobre a excelência do nosso café. Também torcemos para que ele retorne em segurança, claro.

Fiquem com o relato. Força Romoaldo!


QUARTO DIA NO RALLY DOS SERTÕES

Romoaldo de Souza

Vocês podem imaginar "de um tudo" na Chapada dos Veadeiros. Essa é uma época que tem muita gente vagando por lá. Mas, aos poucos a turba vai se desfazendo, cada qual segue para o seu lado. Antes de rumar com destino ao Tocantins, dei uma passada na Confraria do Café.

A caneca também ficou encantada com a barista, Kali ...

Kali, uma linda barista, oferece a marca Café Cristina. É o único que tem, mas o espresso é servido com sedução. É um atendimento de fazer qualquer um perder o juízo. A vontade que dá é de trocar as prioridades, deixar de ser jornalista, largar as reportagens, abandonar as notícias, fugir do rally e montar um café por aqui. Devaneios … deve ser o calor, a secura … ufa!

Assim como o célebre poeta português Luís Vaz de Camões, que teve de atravessar a nado a foz do Rio Mekong com Os Lusíadas na cabeça, aproveitei as águas abençoadas da Chapada para benzer a caneca do Café e Conversa. Atravessei as águas do poço da Cachoeira dos Arcanjos com a caneca na cabeça. Para refrescar as ideias.

Parece que o banho gelado fez o nosso repórter recuperar o juízo

O Rally dos Sertões, como as minhas fotos engolindo poeira mostraram, é mesmo uma rara oportunidade para conhecer o que há de mais real no país. Pessoas que não conhecem o presidente da República, não sabem em quem ou em que votaram nas eleições passadas e nem imaginam o que significa o "Boa noite!" do William Bonner.

Estão mais preocupados em fortalecer pequenas cooperativas para a comercialização de produtos derivados do leite. É o casamento perfeito - se é que existe casamento perfeito - essa dualidade entre o Rally dos Sertões e essa vaquinha da xícara.

Não sabemos se Romoaldo se apaixonou pela vaquinha
ou se passou a tomar café com leite

É bem verdade que os Rasc (pai piloto e filho navegador) estavam estressados com o desempenho pífio do jipão indiano Mahindra, mas ignorar nossa reportagem? Foi preciso que eu levantasse o dedo polegar para que o "Raquinho" dissesse: "Olá ouvintes...!", no melhor estilo Guru da Internet ...

Nosso correspondente em ação: "Eu podia tá me candidatando,
roubando, mas tô aqui pedindo uma entrevista, falô? Beleza?".

Adorei o pronunciamento do mais novo navegador do Rally dos Sertões. Logo Rasc, o filho, que este ano está correndo com autorização da professora. Na edição passado do rally, o pequeno navegador perdeu o ano porque a escola não abonou as faltas. Ainda bem que nem o governo nem as ONGs de Direitos Humanos pararam para reclamar do pai, que em vez de levar o filho à escola, o escolheu como navegador no Rally dos Sertões.

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