Romoaldo de Souza e Ricardo Icassatti Hermano
Hoje faz 40 anos que a cantora e compositora americana Janis Joplin nos deixou. Foi vítima de si mesma. Uma overdose de heroína calou uma das vozes mais sensacionais que já passaram pelo mundo do rock'n roll e do blues. Cresceu cantando spirituals no coro da igreja e aprendendo tudo sobre o blues.
Garota genial e atormentada
No final dos anos 1960, começou a carreira artística como vocalista da banda Big Brother and The Holding Company. Em seguida, partiu para a carreira solo e fez um sucesso literalmente estrondoso.
Início de carreira
Nessa época, eu estava entrando na pré-adolescência. Gostava do visual dos hippies e das músicas de Jimy Hendrix, Janis Joplin, Mamas and the Papas, Joe Coker, Rolling Stones, The Beatles ... Também me vestia de acordo : ) Minha irmã foi para os EUA num desses intercâmbios estudantis e a única coisa que lhe pedi foi um álbum duplo da Janis Joplin, aquele com a foto do rosto dela. Tenho o tesouro até hoje.
Esse álbum é uma obra de arte
Das músicas desse álbum, me apaixonei de cara pela Mercedes Benz, que ela canta a capela. Janis deve ter cantado essa no estúdio só de onda, para se divertir. Ainda bem que alguém gravou e acabou sendo colocada no álbum. Aqui, ela mostra domínio completo da voz, do ritmo, sem o menor esforço. É a música do vídeo abaixo.
Infelizmente, Janis tinha sérios problemas pessoais e encontrava seus momentos de paz ou de inferno na bebida e nas drogas. Chegou ao ponto de as drogas serem mais importantes para ela do que sua arte. Uma declaração dela indicava que ela tinha consciência do preço a pagar por viver sempre no limite.
"Posso não durar tanto quanto as outras cantoras, mas sei que posso destruir-me agora se me preocupar demais com o amanhã".
Tentando se livrar do vício em heroína, a cantora esteve no Brasil em 1970. Aprontou um bocado. Fez topless em Copacabana, cantou em um bordel, bebeu pra cacete, quase foi presa e foi expulsa do hotel Copacabana Palace por nadar nua na piscina. Uma genuína Rocknrolla.
Morreu com apenas 27 anos ... hoje vou ouvir aquele álbum duplo.
Mas, o Café & Conversa gosta das mulheres. De qualquer jeito, formato, cor e procedência. Assim, gostamos da Janis Joplin do que jeito que era e, para falar sobre a alma dela, convidamos a escritora paulista Heleny Galati, que nos enviou o seguinte texto.
Heleny Galati
Todo mundo tem algo de rebelde e suicida. Certamente todos passam por momentos em que, mesmo que por alguns segundos, desejam quebrar com a ordem comum ou então sair desse mundo para outro lugar.
Mulher, nascida na década de 1940, no Texas, Estados Unidos, certamente tinha tudo para se acomodar no papel que as mulheres tinham por ali. Que nada. Ela escolheu o caminho da rebeldia, uma rebeldia que parece ter sido marcada em sua alma ao nascer.
Desde seu modo de vestir até a forma como cantava, traduziam a insatisfação com tudo à sua volta. Um desejo inebriante de ter um espaço apenas seu, onde pudesse ser livre e criar.
Entretanto, nem sempre isso é fácil. Encontrar compreensão e apoio sempre foi complicado a todos. Para as mulheres que se arriscam a transgredir, quase impossível. Seja o que for que a levou a procurar abrigo e apoio nas drogas, isso não é relevante, afinal é pessoal. O que nos supreende é sua capacidade de transportar para a música toda a dor, perda e infelicidade que sentia.
Janis Joplin morreu jovem. Mas sua juventude era apenas biológica. Seu sofrimento, suas angústias e sua música marcada por frustrações e dores, mostravam uma mulher mais madura, vivida e sofrida do que uma jovem de 27 anos. Isso podia ser visto em seus olhos, na postura dura e acima de tudo nos sons que suas cordas vocais privilegiadas produziam.
Que ótimo texto, realmente Joplin era e é sensacional. Descobri o seu blog, escutando vc pela rádio jornal no domingo da eleição,quando vc falou para Graça Araújo o endereço do blog.
ResponderExcluirVou sempre visita-lo, e aguardo-o também lá no meu blog.
Abraços!