quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A música do Dia - Usina - Mestre Ambrosio


Romoaldo de Souza


Sim, porque depois dessa história toda de que tem gente querendo banir Monteiro Lobato por causa de um deslize sociológico, pelo escritor ter sido politicamente incorreto, revolvi escancarar e vamos postar aqui uma música "tipo assim", um tanto quanto politicamente incorreta. Agora, antes de ir adiante, tem algum político correto? Isso ninguém fala!


- Ah! a música do Mestre Ambrosio é politicamente incorreta - dizem uns.


- Ih! Chico Buarque canta que "a coisa aqui tá preta" e "isso é politicamente incorreto" - sapecam outros. É, mas tem gente metendo a mão na "cumbuca" e parece ser politicamente correto.


- Todos roubam - não é o que se diz por aí?


Então para jogar um balde d'água com gás na hipocrisia policialesca de quem não tem nada o que fazer, e fica aí sentindo saudades, tecendo loas à memória de Dona Solange, temos hoje, a música mais politicamente incorreta que ouvi nos último dias. E ainda tem gente falando que a velhice é a melhor idade. Sofismas. Puro sofisma. Se fosse, realmente, a melhor idade, ninguém faria plástica, não se empanturravam de cremes, botox, o diabo a quatro. A velhice é a passada que falta para você cair no buraco...


Esse vídeo é tão sintomático, que até a derradeira estrofe foi literalmente surripiada, isso sem contar que essa é uma versão da música original do grupo pernambucano, que começou a fazer sucesso em 1992, antes mesmo do lançamento do primeiro disco, "Mestre Ambrosio - Independente". Depois vieram "Fuá na Casa de CaBRal", em 98 e o último disco "Terceiro Samba", três anos depois. No vídeo, alguém canta como se fosse o Mestre Ambrosio. Mas não é!


Em seguida, os sexteto que tinha nascido no movimento Manguebeat da mesma linha de Chico Science & Nação Zumbi se desfez, em 2003.


Então, para dar um provocada nos "politicamente corretos". Volto a repetir se é que eles existem, com vocês, a música Usina (Tango no Mango) que tem a produção de Lenine e Marcos Suzano!!!


PS: se você não tem Google no seu computador, "Dona Solange" era como se conhecia Solange Teixeira Hernandes, que tornou-se o símbolo da censura, durante o regime militar. Dona Solange, diretora do Departamento de Censura Federal deixou uma legião de fãs, travestidos de "politicamente corretos".


Usina


Ajustei um casamento

Pensando ser boa idéia

Invês de ser com uma moça

Era o diabo duma véia


Me caso contigo véia

E é de ser em condição

D’eu dormir na minha rede

E tu véia, no fogão


Me casei com esta véia

Pra livrar da fiarada

A danada dessa véia

Teve dez numa ninhada


Desses dez que nasceram

Um deu pra ladrão de bode

E deu no tango e deu no mango

Dos dez só ficaram nove


Dos nove que ficaram

Um deu pra roubar biscoito

E deu no tango e deu no mango

Dos nove ficaram oito


Dos oito que ficaram

Um deu pra roubar chiclete

Deu no tango e deu no mango

Dos oito ficaram sete


Dos sete que ficaram

Um foi roubar pão francês

Deu no tango e deu no mango

Dos sete ficaram seis


Desses seis que ficaram

Um deu pra ladrão de pinto

E deu no tango e deu no mango

Dos seis só ficaram cinco


Dos cinco que ficaram

Um deu pra ladrão de pato

E deu no tango e deu no mango

Dos cinco ficaram quatro


Dos quatro que ficaram

Um deu pra roubar outra vez

Deu no tango e deu no mango

Dos quatro ficaram três


Desses três que ficaram

Um deu pra ladrão de boi

Deu no tango e deu no mango

Dos três só ficaram dois


Desses dois que ficaram

Um deu pra roubar jerimum

Deu no tango e deu no mango

Desses dois só ficou um


Desse um que ficou

Um deu pra roubar ladrão

Deu no tango e deu no mango

E acabou-se a geração




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