Os milagres de Natal ...

Ricardo Icassatti Hermano

Vocês não vão acreditar. Cheguei em casa agora à noite. Estacionei o carro, peguei minhas coisas, tranquei o carro e me dirigi para a porta. Foi quando ouvi um som parecido com a fricção de uma sola de borracha no piso liso da garagem. Achei que tinha sido a sola da minha bota.

Continuei andando e o som se repetiu. Dessa vez percebi que o som não viera da sola da minha bota, mas de algum ponto atrás de mim. Olhei em volta e não vi nada além de um montinho de folhas secas, muito comuns por ali. Mas, de repente, o montinho de folhas secas abriu um bocão e piou. Era um FPNI (Filhote de Pássaro Não Identificado).

Vejam o tamanho da fome dessa criatura

Depois de toda a saga com o Zeca, me aparece essa criatura desamparada, pedindo ajuda, com uma fome desesperada, piando feito louco e querendo se aninhar na minha mão achando que é a mãe dele. Deve ter caído de algum ninho aqui no quintal de casa. Ele ainda nem tem penas direito e anda todo desajeitado. O ninho não deve estar longe. Amanhã vou procurar.

Por enquanto, só pude matar a fome da criatura e arranjar um lugar quente para dormir. Aliás, bastou encher o papo de ração em papa que já pegou no sono. Bicho sem-vergonha ... Talvez seja o Zeca aprontando uma comigo, ou talvez seja apenas um daqueles milagres de Natal.