Ricardo Icassatti Hermano
Muito se tem falado sobre o cinema brasileiro após o merecido sucesso de autores/diretores como Fernando Meireles (Cidade de Deus) e José Padilha (Tropa de Elite). Mas, a verdade é que esses poucos filmes realmente bem produzidos abriram as portas para um monte de porcarias deletáveis, cujo mais recente representante é um tal de Agamenon sei lá do quê.
Cartaz do filme
É verdade também que os sucessos incentivaram a abertura de cursos especializados nas várias áreas do cinema, despertaram o interesse de patrocinadores, repatriaram talentos e novos talentos surgiram. É o caso de Marcos Jorge (Estômago), que deixou a Itália para se reinstalar no Brasil, Heitor Dhalia (O Cheiro do Ralo) e de Selton Melo (O Circo). Agora, surge mais um talento inquestionável, o roteirista e diretor do filme Dois Coelhos, Afonso Poyart. Um dia talvez tenhamos uma indústria de cinema definitivamente estabelecida no Brasil.
O roteirista/diretor/montador do filme e novo talento do cinema brasileiro
Dois Coelhos é um filme fantástico, tem um excelente roteiro, produção impecável e direção competente. Fui assistir após almoçar com dois dos meus filhos, o mais velho, Pablo, e o mais novo, Gabriel. O mais novo queria assistir Sherlock Holmes. O mais velho - e confesso que eu também - queria ver Dois Coelhos. Gabriel acabou topando assistir o filme nacional, mas deixando bem clara a sua desconfiança e o seu descontentamento. Ainda tive que prometer que veremos o Sherlock nos próximos dias.
Um excelente filme de ação em cima de uma história surpreendente
O resultado foi que o Gabriel adorou o filme. Eu senti a mesma alegria de quando assisti Cidade de Deus e vi que haviam brasileiros capazes de fazer filmes tão bons quanto os americanos sem precisar copiar nada, sem usar atores e atrizes de novela e mantendo a nossa cara. Dois Coelhos é assim, conta uma história nossa, com a nossa linguagem, nosso timing, nosso jeito. Afonso Poyart nos entrega um filme surpreendente. Claro que ele bebeu na fonte de Quentin Tarantino e usou as técnicas e tecnologias disponíveis a qualquer um. Mas, fugiu das soluções fáceis e importadas.
Produção de primeiro mundo
Eu vou me abster de contar o enredo porque é preciso assistir o filme como assistimos: sem saber nada. Não li nada sobre o filme, ou melhor, li apenas uma frase que elogiava e não criei qualquer expectativa. Apenas isso. Foi a coisa mais acertada que fiz. Como diria o colunista social Richard Cledeman, "a surpresa foi surpreendente". É um trabalho primoroso e que exigiu fôlego, especialmente na montagem. A computação gráfica não fica nada a dever a qualquer blockbuster americano. Até o som, velha queixa da clientela, está ótimo porque aprendemos a fazer direito.
Caco Ciocler, Fernando Alves Pinto e Alessandra Negrini,
trio de protagonistas
Parece que também estamos finalmente aprendendo e aceitando que perseguir a qualidade, sempre, é o único grande segredo. Um bom roteiro, um bom elenco, um bom diretor, uma boa produção e pronto, as chances de sair algo errado são bem menores. Dinheiro não é tudo. O talento, a criatividade, a vontade e a perícia são mais importantes. Dois Coelhos junta tudo isso. O Café & Conversa assistiu, aplaudiu e recomenda com louvor. Veja o trailer:
Esse filme é uma cópia barata do cinema feito nos estados unidos. Filmes como esse, há vários iguais no EUA. Francamente, isso não significa qualidade, e sim um novo colonialismo cultural. Só porque o filme tem efeitos especiais e tem cara de publicidade, não quer dizer que seja bom. Uma pena você achar que o caminho do cinema brasileiro seja esse.
ResponderExcluirConcordo que o filme tenha bebido e muito da fonte americana dos filmes de ação. Também vi Guy Ritchie ali. de qqer forma, o filme é MUITO BOM E MUITO BEM FEITO, e acredito que sim, ele carrega a estética de ação brasileira, que é bem característica do cinema de Beto Brant e Fernando Meirelles. por isso acho extremamente válido, em primeiro lugar, pq toda a inspiração é bem vinda, quando bem representada.
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