domingo, 19 de maio de 2013

Terapia de Risco e a Insatisfação Generalizada

Ricardo Icassatti Hermano 

Domingão de sol, Susie Q. brilhando e com o tanque cheio. Dia perfeito para relaxar a mente com vento na cara. Brinquei um pouco com o Zeca, dei um grande rolê com a Susie, fui almoçar com meu filhote Pablo e pegar um cinema. Os problemas ficam para a segunda-feira.

Susie Q. fica feliz quando passeia

Fomos assistir um filme que estreou na sexta-feira, chamado Terapia de Risco (Side Effects). Elenco com três estrelas nos papéis principais: Jude Law no papel do psiquiatra Dr, Jonathan Banks; Catherine Zeta-Jones, como a psiquiatra Dra. Victoria Siebert; e Rooney Mara, interpretando a paciente Emily Taylor. Essa última, aliás, também trabalhou em A Garota com a Tatuagem de Dragão, onde fez a sensacional hacker punk Lisbeth Salander. 

Cartaz do filme

A trama me lembrou um outro filme mais antigo, Desejos (Final Analisys), de 1992, estrelado por Richard Gere, Kim Basinger e Uma Thurman. As duas, no auge olímpico da beleza, são irmãs psicopatas e envolvem o - sortudo - psiquiatra vivido por Gere num plano diabólico. Mas, as semelhanças terminam aí, em duas beldades psicopatas envolvendo um psiquiatra num crime.

Cartaz do filme

Em Terapia de Risco, o diretor Steven Soderbergh soube conduzir a trama com habilidade, retirando qualquer indício de obviedade. A partir de de certo momento, não há mais como esconder o objetivo da trama urdida e o filme se torna quase previsível. Mais uma vez, entra em cena a destreza do diretor para nos surpreender. Pensamos que a história já atingiu seu clímax, mas somos esplendidamente enganados.

Um homem não tem muita chance quando duas mulheres
resolvem acabar com a sua vida. A não ser que ...

O filme, porém, levanta outros aspectos da vida moderna atual. Há quem veja crítica ao capitalismo, mas são apenas os falsos debatedores de sempre ou paranóicos de plantão da "zisquerda" sonhando com a volta à Idade da Pedra. A crítica, se é que há alguma, é à indústria farmacêutica que lança pílulas da felicidade fácil e falsa para combater nossas tristezas, manias e depressões. Criou-se uma indústria muito lucrativa em cima da insatisfação geral com o conluio de psiquiatras e médicos.

Cuidado quando o seu psiquiatra coloca a mão no seu joelho ...

Mas, e a insatisfação geral? Essa que cria "terroristas", suicidas, abusadores, sociopatas e infelicidade ampla, geral e irrestrita? Após o mais recente tiroteio em uma escola americana, o santo presidente Obama tentou reacender o debate sobre o controle de armas. Claro que não conseguiu. Daí se voltou para a raiz do problema e deu início a um estudo-programa para identificar, rastrear e tratar malucos. A indústria farmacêutica e seus psiquiatras agradecem.

Muito mais cuidado ainda quando a sua psiquiatra
coloca a mão no seu ombro ...

Esses remédios que prometem a felicidade instantânea são uma perigosa mistura de produtos químicos que vão agir diretamente no processo químico do cérebro humano. Basta ler a bula de um deles, onde fala sobre efeitos colaterais, para não tomar. Nosso corpo é uma usina química que se modifica diariamente conforme incalculáveis e imprevisíveis circunstância. Como saber qual será a reação a um remédio desses num determinado dia da sua vida?

A quantidade e periculosidade dos efeitos colaterais é assustadora

A agência do governo americano responsável pela fiscalização e regulamentação de alimentos e remédios, a famosa Food and Drug Administration (FAD), tem tentado controlar o consumo desses remédios que todo mundo está tomando sem muito controle. Aqui no Brasil, a Anvisa faz de conta que fiscaliza. É facílimo adquirir qualquer antidepressivo tarja preta sem prescrição médica. Ou conseguir uma receita amiga.

Curioso ... Nos EUA os criminosos corruptos vão para a cadeia
Hábito estranho esse ...

As causas dessa insatisfação geral ninguém quer saber ou quer combater. Vender remédios é mais fácil e lucrativo. Enquanto isso, vamos convivendo com os malucos e suas bombas, os revoltados e seus assassinatos, os decepcionados e seus sei lá o quê. A insatisfação aumenta, a raiva aumenta, a violência aumenta e o meu salário ó ... Precisamos de remédios perigosos ou de mudanças interiores, de amadurecimento, de nos tornarmos seres humanos melhores?

A bela Rooney Mara ; )

O Café & Conversa assistiu Terapia de Risco e gostou de rever a belíssima, talentosa e punk predileta Rooney Mara. Filme excelente que recebeu do blog a cotação cinco canecas. Diversão garantida para a família inteira. Assista o trailer.


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