Ainda estou procurando informações sobre uma composição de César Costa Filho, Irerê, gravada pelo poeta fluminense, em 1978. Por alguma razão, por algum motivo, essa música não sai da minha cabeça.
No final dos anos 70, eu tinha passado por uma experiência incendiária em um posto de gasolina, na entrada de Taguatinga. Era o Zelito Super Posto, e trabalhava ouvindo rádio. Um radinho de pilha que compre na Comercial Norte, Acho que no Ponto Frio. Um certo dia, escutei Irerê, que estava tocando no programa do apresentador, Roberto Ney, na Planalto AM.
Pedi ao comunicador e ele me trouxe de presente o LP - Long Play, para quem não se lembra como eram chamados os discos de vinil. Um mês depois, Cesar Costa Filho chegou no posto de gasolina onde eu trabalhei. Depois eu gosto como foi nosso encontro. Bom, com o tempo me desfiz dos LPs e agora, a mente insiste em me despertar com essa canção.
São lembranças boas. Melancólicas. De um tempo que não podia, ainda, ir trabalhar em rádio enquanto era efervescente a onda de programas de muita audiência, como esse de Roberto Ney.
Aí, agora no fim de semana, estava procurando no meu playlist uma música diferente para tocar para os leitores do Café & Conversa que, como eu, estão - desculpem a expressão - de saco cheio com a campanha eleitoral, e eis que encontro Irerê.
Antes que o pessoal politicamente correto me cutuque, essa campanha eleitoral foi a mais despolitizada que jamais participei. E olha que em matéria de campanha eleitoral eu já estou rodado. É por isso. Não vi um assunto edificante. Pronto!
Voltando a Irerê. Essa música foi gravada em 1978, num LP da Continental. Aqui digitalizada e espero que tenham paciência. Vale a pena esperar que a página do "4shared" carregue a música. A letra, eu tive de ouvir Irerê ao menos umas dez vezes. Espero que esteja certa.
Na internet, achei esse texto atribuido a Sérgio Cabral, o pai. Claro.
"Acho que poucos compositores-cantores surgidos nos últimos anos mereceram uma expectativa tão grande para o seu primeiro LP quanto mereceu Cesar Costa Filho. O seu talento está provado desde o primeiro Festival Universitário de Música Popular e, desde então, Cesar só o tem confirmado numa obra de críticas favoráveis e de sucessos obtidos em discos tipo compacto.
Portanto, soma-se ao seu talento, à correção com que interpreta suas músicas, ao cuidado com que esse disco foi produzido, às letras de Walter Queiroz, Paulo Cesar Pinheiro e Jair Amorim - a maturidade com que Cesar Costa Filho chega ao seu primeiro LP.
Se você tiver lendo estas notas antes de ouvir o disco, pode acreditar em mim: leve-o para casa. Asseguro que é muito bom."
Então, espero que sua segunda-feira seja feliz e desfrute dessa belíssima composição de Cesar Costa Filho. Caso encontre mais informações dele e de Irerê, mande e-mail. cafeconversa1@gmail.com
Irerê
Cesar Costa Filho e Paulo César Pinheiro
Irerê, pássaro cativo
Irerê, braço de galé
Irerê, negro fugitivo
Irerê, príncipe-guiné
Ferro quente, faz sinal
Marca de "sinhô" qualquer
Irerê parte o grilhão
Mata um montão
Cai do porão
Na maré
Irerê, pássaro proscrito
Irerê, revolta a ralé
Irerê, chamado maldito
Irerê, do Abaeté
Mato virgem, palmeiral
Negro, macho, finca o pé
Irerê cerca o rincão
Chama os irmãos
Funda a Nação
Do Povo Axé!
Irerê, pássaro caçado
Irerê, pelos "coroné"
Irerê, com seus comandados
Irerê, no Abaeté.
Luta armada, marcial
Luta quem ser livre e quer
Mas é mil contra um milhão
Soa canhão, tomba no chão
O rei-guiné.
Irerê, passarinho morto
Irerê, filhos de Quelé
Irerê, mas Guiné tem outro
Irerê seu filho Ireré.
Irerê, pássaro cativo
Irerê, pássaro proscrito
Irerê, pássaro caçado
Irerê, passarinho morto
2 comentários:
Nossa!!!!que delicia ouvir sua historia, sobre a musica irere, sobre Roberto ney, radialista meu amigo muito amado, que proccuro saber noticias dele e nada, matei saudades dessa musica, a qual ouvi muitas vezes no programa do ney, que saudades!!!!me de noticias do roberto ney......bjs.......
Muito obrigado por me devolver a oportunidade de ouvir essa música. Há anos vinha procurando e não encontrava. Lembro-me dela e de um clipe que foi apresentado no Fantástico, em janeiro ou fevereiro de 1979, no qual a história de Irerê era encenada.
Parabéns!
José Estevam Gazinhato, Mauá, São Paulo, 51 anos.
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