quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Questão de Tempo, um filme para lavar a alma

Ricardo Icassatti Hermano

Há muitos anos, tive uma namorada com quem me dava muito bem. Nossa relação estava naturalmente caminhando para algo mais "sério". Mas, e sempre tem um mas, aconteceu algo que mudou tudo. Ela havia dormido na minha casa com o compromisso de que eu a levaria logo cedo para  o seu trabalho, o que fiz de bom grado. Após um rápido café da manhã, fomos até a garagem onde meu carro estava estacionado. Saí de casa feliz e contente. Estava com a mulher que amava, havíamos dormido juntos - com todos os benefícios envolvidos - e a vida sorria para mim. Também estava com uma música na cabeça e passei a assobiá-la enquanto ligava o carro e me dirigia ao portão para abri-lo.

Cartaz do filmaço

Assim que retornei ao carro, a namorada me olhou com raiva e entre os dentes disse: "Odeio esse seu bom humor pela manhã". Incrédulo, fiquei olhando para ela, que logo desviou o olhar. Pensei com meus botões: "Respondo ou não respondo?". Achei melhor continuar assobiando e não perder aquele momento de prazer intenso que estava experenciando. Mas, e sempre tem um mas, tive a certeza de que aquela relação havia naufragado. Por que lembrei desse episódio? Porque ele tem muito do filme que acabei de assistir com meu caçula. O filme se chama Questão de Tempo (About Time), uma produção inglesa escrita e dirigida por Richard Curtis e tem no elenco a gatíssima Rachel MacAdams e o fenomenal Bill Nighy. Você não vai ver propaganda dele por aí, mas é daqueles filmes inesquecíveis, jóia rara. 

O diretor e roteirista Richard Curtis e o núcleo central do filme

O enredo é sobre uma família em que os homens tem o poder de viajar no tempo, com algumas restrições. Eles somente podem viajar na própria linha de tempo ou tempo de vida. Não podem viajar para o futuro nem para o passado antes de nascerem. Também não podem retornar para antes do nascimento de um filho sem consequências. O pai, interpretado por Bill Nighy, passa ao filho Tim (Domhnall Gleeson) o segredo da família quando este completa 21 anos de idade. Ele, claro, passa a utilizar esse "poder" para modificar certas situações, ajudar pessoas e, por que não, encontrar o amor da sua vida. Eu adoraria contar mais, mas estragaria a sua experiência. Sim, porque esse filme é antes de tudo uma grande experiência. Além de ser sensível sem ser piegas, delicado sem ser gay, profundo sem deixar de ser engraçado, triste sem deixar de ser uma mensagem de esperança, leve sem ser rasteiro.

Quem não quer encontrar o amor da sua vida? Mas, se engana quem pensa que o filme trata apenas disso

Ri um bocado e a cada dia me torno mais fã do humor inglês. Chorei outro bocado ao lembrar do meu pai. Mas, dei graças por ter assistido com o meu filho, que gostou muito também. O elenco formado por jovens atores e atrizes dá um show. Aliás, a escola inglesa de atores e atrizes é infinitamente melhor que a americana. Basta ver os elencos de filmes e séries americanos como são recheados de ingleses. Eu gostaria de estudar cinema na Inglaterra. Quem sabe um dia. O importante é que o filme é sensacional e foi classificado pelo Café & Conversa no grau "Imperdível", cotaçao cinco canecas. Você vai sair do cinema com o rosto lavado em lágrimas e a alma lavada por uma história absolutamente linda e bem contada. O filme ideal para abrir o ano que começa. Veja o trailer:


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