Wolff Café e a busca pela perfeição

Ricardo Icassatti Hermano

Ontem recebi um presentão vindo lá da Fazenda Portal da Serra: um pacote com 265g de grãos do café ali produzido. A propriedade fica no município de Ibiraci, por sua vez localizado na região Sul-Sudoeste de Minas Gerais. Região montanhosa, própria para o plantio de um bom café. Fronteira com o estado de São Paulo, perto de Franca.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, em Ibiraci

População: 12.177 habitantes (Censo 2010)

O presentão me foi enviado pelo produtor Hugo Wolff Sanches de Oliveira, um ex-oficial da Marinha Brasileira que, desde 2009, vem se dedicando com seus familiares à pesquisa sobre os melhores métodos de plantio, colheita, secagem, torra e rastreio de lotes para obter um café especial. Desde então, já incorporou outra propriedade, a Fazenda Guanabara. Pela amostra que experimentei, ele está no caminho certo.

 O presentão veio acompanhado de dois adesivos da Wolff Café

O café em questão é um Catuaí Vermelho, cultivado a 1.241 metros de altitude, colhido no ano passado e secado em terreiro suspenso. Como informação é sempre benvinda e nunca é demais, o rastreamento nos indica que 90% dos grãos vieram do Talhão Topázio Imperial e os outros 10% do Talhão Ametista. A torra clara foi feita no último dia 5, num forno americano Diedrich novíssimo.

 Grãos com torra clara e prontos para serem moídos

Moí e fiz o café numa French Press. Aromático, me lembrou os campos de trigo do Norte da Espanha, por onde andei ao viajar pelo Caminho de Santiago. Depois de coado, a cor é simplesmente fantástica. O café é bem encorpado, característica que muito me agrada. O sabor tem um fundo achocolatado, acidez suave e toques de tabaco. Permanência doce na boca. Um café surpreendente. Vamos ver a safra deste ano como vem. Abaixo, um passo-a-passo saboroso:

Grãos já moídos e a caminho da French Press

Aguardando a água quente, 90º, para a mágica começar

Em infusão, a enorme crema confirma a torra recente

 Depois de coado, o néctar ...

 O prazer, afinal! Wolff Café, blues e poesia : )

Ouvindo pela internet uma rádio americana que só toca blues, bebi meu maravilhoso café lendo o livro de poesias "O Leão de Neméia", da poetisa-pesquisadora Adriana Zapparoli. Não poderia ser um momento mais perfeito. E não é que, embevecido pela sensualidade transbordante e impregnada em cada palavra, lá na página 25 encontro um poema citando o café? Leia abaixo.

por um instante, os radares em miniaturas colidem.

ziguezagues.

os olhos, os lábios, a voz um templo aquoso.

estar ali, em becos incertos, entre o concreto.

uma situação intranquila paira teleférica.

ela pede o café entre papagaios de papel e borboletas

esvoaçantes. ele está em paris.

acolhe a vida. um lugar (talvez) pacífico.

Adriana Zapparoli