segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Starbucks e a ideia de jerico

Ricardo Icassatti Hermano - Texto
Romoaldo de Souza - Locução do podcast

Ideias de jerico são uma especialidade do marketing
Acabo de ler no jornal The New York Times que a rede de cafeterias Starbucks quer evitar que clientes entrem armados em suas lojas. Isso lá nos Estados Unidos, claro. Eu até entendo que diante do mais recente atentado em Washington, que resultou na morte de 12 civis e do assassino, uma empresa queira institucionalmente se posicionar no debate norte-americano sobre armas de fogo. Mas, não posso deixar de dizer que isso é uma verdadeira ideia de jerico.

Não vou aqui fazer defesa de um lado ou de outro, porque não é o caso. O que me interessa é apenas saber como esse controle se dará e toda a incomodação que vai sobrar para os clientes. Isso levando em conta que essa ideia vá prosperar. Senão vejamos, já imaginaram o pesadelo logístico disso? Além disso, a maioria das lojas nos EUA está em estados onde o porte de arma é permitido.


Suponhamos que um cliente regular chegue a uma loja da Starbucks, um novaiorquino padrão, executivo de alguma grande empresa, sempre apressado com sua pasta, laptop ou tablet, telefone celular e demais apetrechos metálicos. Na entrada haverá detetor de metais? O cliente será revistado por um segurança? O cliente deverá esvaziar os bolsos, tirar o relógio, canetas, cinto etc. e colocar numa caixa como nos aeroportos? E os sapatos? Terá que descalçar os sapatos também?

Não, não haverá nada disso. Segundo o CEO da Starbucks, Howard Schultz, a rede está apenas pedindo aos clientes que não entrem armados em suas lojas. Talvez alguns avisos sejam afixados nas vitrines. Talvez. E se um cliente entrar armado, o que significa com a arma à mostra na cintura, "vamos servi-lo como servimos qualquer outro cliente", disse o CEO. Ou seja, trocou o seis por meia dúzia e fingiu que se posicionou.

E por que a Starbucks fez isso? Não sei e eles também não explicam direito. Até porque nunca houve uma morte por arma de fogo em qualquer loja da rede. Houve dois disparos acidentais de armas em bolsas de mulheres que não feriram ninguém e alguns assaltos à mão armada. Mas, eram criminosos. Quem controla criminosos? Será que os ladrões ficarão sensibilizados com o "pedido" e as preocupações da Starbucks? Essa ideia de jerico está me cheirando a uma jogadinha de marketing oportunista. E infeliz.

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