Romoaldo de Souza
Sim, porque depois dessa história toda de que tem gente querendo banir Monteiro Lobato por causa de um deslize sociológico, pelo escritor ter sido politicamente incorreto, revolvi escancarar e vamos postar aqui uma música "tipo assim", um tanto quanto politicamente incorreta. Agora, antes de ir adiante, tem algum político correto? Isso ninguém fala!
- Ah! a música do Mestre Ambrosio é politicamente incorreta - dizem uns.
- Ih! Chico Buarque canta que "a coisa aqui tá preta" e "isso é politicamente incorreto" - sapecam outros. É, mas tem gente metendo a mão na "cumbuca" e parece ser politicamente correto.
- Todos roubam - não é o que se diz por aí?
Então para jogar um balde d'água com gás na hipocrisia policialesca de quem não tem nada o que fazer, e fica aí sentindo saudades, tecendo loas à memória de Dona Solange, temos hoje, a música mais politicamente incorreta que ouvi nos último dias. E ainda tem gente falando que a velhice é a melhor idade. Sofismas. Puro sofisma. Se fosse, realmente, a melhor idade, ninguém faria plástica, não se empanturravam de cremes, botox, o diabo a quatro. A velhice é a passada que falta para você cair no buraco...
Esse vídeo é tão sintomático, que até a derradeira estrofe foi literalmente surripiada, isso sem contar que essa é uma versão da música original do grupo pernambucano, que começou a fazer sucesso em 1992, antes mesmo do lançamento do primeiro disco, "Mestre Ambrosio - Independente". Depois vieram "Fuá na Casa de CaBRal", em 98 e o último disco "Terceiro Samba", três anos depois. No vídeo, alguém canta como se fosse o Mestre Ambrosio. Mas não é!
Em seguida, os sexteto que tinha nascido no movimento Manguebeat da mesma linha de Chico Science & Nação Zumbi se desfez, em 2003.
Então, para dar um provocada nos "politicamente corretos". Volto a repetir se é que eles existem, com vocês, a música Usina (Tango no Mango) que tem a produção de Lenine e Marcos Suzano!!!
PS: se você não tem Google no seu computador, "Dona Solange" era como se conhecia Solange Teixeira Hernandes, que tornou-se o símbolo da censura, durante o regime militar. Dona Solange, diretora do Departamento de Censura Federal deixou uma legião de fãs, travestidos de "politicamente corretos".
Usina
Ajustei um casamento
Pensando ser boa idéia
Invês de ser com uma moça
Era o diabo duma véia
Me caso contigo véia
E é de ser em condição
D’eu dormir na minha rede
E tu véia, no fogão
Me casei com esta véia
Pra livrar da fiarada
A danada dessa véia
Teve dez numa ninhada
Desses dez que nasceram
Um deu pra ladrão de bode
E deu no tango e deu no mango
Dos dez só ficaram nove
Dos nove que ficaram
Um deu pra roubar biscoito
E deu no tango e deu no mango
Dos nove ficaram oito
Dos oito que ficaram
Um deu pra roubar chiclete
Deu no tango e deu no mango
Dos oito ficaram sete
Dos sete que ficaram
Um foi roubar pão francês
Deu no tango e deu no mango
Dos sete ficaram seis
Desses seis que ficaram
Um deu pra ladrão de pinto
E deu no tango e deu no mango
Dos seis só ficaram cinco
Dos cinco que ficaram
Um deu pra ladrão de pato
E deu no tango e deu no mango
Dos cinco ficaram quatro
Dos quatro que ficaram
Um deu pra roubar outra vez
Deu no tango e deu no mango
Dos quatro ficaram três
Desses três que ficaram
Um deu pra ladrão de boi
Deu no tango e deu no mango
Dos três só ficaram dois
Desses dois que ficaram
Um deu pra roubar jerimum
Deu no tango e deu no mango
Desses dois só ficou um
Desse um que ficou
Um deu pra roubar ladrão
Deu no tango e deu no mango
E acabou-se a geração
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