quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Elysium, muito efeito para pouco filme

Ricardo Icassatti Hermano

Imagine que, num futuro distante, os mexicanos se uniram aos brasileiros e invadiram os Estados Unidos da América, obrigando os americanos ricos a se refugiarem num condomínio de luxo na órbita da Terra. Quem subiu para o céu tem uma vida boa e acesso a uma máquina que cura qualquer doença ou estrago físico. Aqui embaixo, na Terra, os pobres transformaram os EUA em um favelão e tem que se virar com hospitais do nível SUS, tipo sucateados, que não curam nada e vivem superlotados. Paraíso e Inferno.


Cartaz do filme

Esse é o cenário do filme Elysium, que conta com a participação patética de Wagner Moura no papel de um mexicano chamado Spider e trabalha como coiote no ramo de transporte  clandestino de imigrantes para a estação orbital que leva o nome de ... Elysium. Tudo claramente baseado na atual imigração ilegal de mexicanos para os Estados Unidos. Wagner Moura "construiu" seu personagem com uma voz ridícula e virou uma caricatura grotesca.


Wagner Moura decepcionou e simplesmente não conseguiu

O filme ainda tem no elenco a brasileira Alice Braga, que está se especializando no papel de latina pobre, discriminada e perseguida em filmes de ficção científica. Em Elysium, ela é Frey, uma enfermeira mãe de uma menina que está morrendo de leucemia. Ela também é amiga de infância de Max, um ladrão de carros em liberdade condicional vivido por Matt Damon.


História centrada no trio em busca da maravilha curativa

Quem salva parte do filme é o trio de mercenários sul-africanos e a "comandanta" francesa do condomínio orbital, Delacourt, magistralmente interpretada por Jodie Foster e suas panturrilhas musculosas. O trio de mercenários é comandado pelo agente psicopata Kruger, interpretado por Sharito Copley, que trabalhou em Distrito 9. Os dois filmes foram escritos e dirigidos por Neill Blomkamp, que não consegue abandonar a temática da pobreza bacana X azelite sacana. No primeiro filme funcionou bem. No segundo virou um clichê chato e cheio de furos.


O trio de mercenários é bom e merecia um filme próprio

O mais engraçado no filme é a falta de criatividade sociológica. Para o diretor/roteirista, a solução para a pobreza é levar a pobreza a todo lugar e nivelar tudo por baixo. Transformar o mundo numa imensa favela parece ser o seu sonho de consumo. Aliás, algo que estamos vendo acontecer na América Latina com governantes, digamos, populistas, golpistas, demagogos e celerados. Não posso usar palavrões aqui.


Elysium é uma cópia de Miami e para completar o clichê poderia se chamar Paraysium

Blomkamp criou uma trama "capitalista" que não faz sentido. Fábricas continuam produzindo e buscando lucro na Terra, mas não passou pela cabeça do diretor que a produção capitalista precisa de escala, ou seja, fabricar muito para vender muito e amortizar o investimento no desenvolvimento do produto. Na visão torta dele, uma maravilha curativa como a tal máquina milagrosa só serve a poucas pessoas e o fabricante que investiu no seu desenvolvimento tecnológico não quer produzir, vender, recuperar o que gastou e lucrar aos montes. Tudo isso só para manter a injustiça social, claro ...


A Terra virou um grande favelão cheio de latinos e injustiça social, porque azelite blá, blá, blá ...

Na história, a enfermeira com sua filha doente se juntam ao Max, que sofre um acidente na fábrica de robôs onde trabalha, se enche de radiação e recebe a notícia de que tem apenas cinco dias de vida. A esperança de todos é a tal máquina que cura tudo. Mas, ela só está disponível em Elysium. Aí entra o coiote Spider avacalhado por Wagner Moura. Ele tem um plano mirabolante para roubar dados de um bilionário e conseguir a chave para fraudar a segurança da estação orbital e enchê-la de mexicanos. Para isso, usa o desespero de Max, que topa roubar as informações do dono da fábrica onde trabalhava e se acidentou.


Onde o cara aprendeu a manejar esse tipo de arma? Deve ter sido em outro filme ...

E o filme segue por aí numa trama boboca e sem sentido. Favelados paupérrimos sabem operar a tal máquina de cura. Pelo jeito a máquina foi criada pela Apple e deve ter só um botão. Max, que era um ladrão de carros e trabalhava como operário de uma fábrica, de repente sabe manusear armamento militar a que nunca teve acesso. A coisa toda é ridícula. Não seria mais fácil encontrar a fábrica das tais máquinas aqui na Terra e roubar algumas ou o seu projeto? Não há fábricas em Elysium. E no final aparece um monte de máquinas ...


Essa é a tal máquina que cura até unha encravada e qualquer um consegue operar

O Café & Conversa assistiu ao filme Elysium esperando encontrar algo minimamente razoável, mas saiu do cinema decepcionado. A recomendação é: não gaste o seu dinheiro com isso. Vá assistir algo melhor. Veja o trailer.


2 comentários:

Anônimo disse...

Ele manuseia armas porque não era só ladrão de carros, já tinha sido pego com assalto a mão armada e trabalhava para o spider, ou seja, você viu o filme direito?
Respeito a crítica mas discordo de uns pontos citados. Abraços!

Café & Conversa disse...

Caro Anônimo,

Eu assisti ao filme direito sim. Aliás, sempre assisto com mais três ou quatro pessoas para que possamos discutir em seguida. Assim, se eu perdi alguma coisa, um dos outros completará.

O Max não havia trabalhado para o Spider antes. Ele era um ladrão de carros e dos bons. Mas, como todo ladrão que se acha esperto demais, acabou na cadeia. Quem o leva até o Spider é o antigo colega de roubos.

O fato de ele ter atuado em assaltos com armas, não significa que conheça armas de uso militar de última geração. Não é qualquer um que consegue manusear uma arma dessa. É preciso muito treinamento.

Espero ter esclarecido suas dúvidas. Caso contrário, você mesmo poderá verificar assistindo novamente ao filme ou baixando o roteiro original na internet.

Abraço.