segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Arroz com Pequi, Café e Muita Conversa


Ricardo Icassatti Hermano

Meu pai era goiano. Apesar disso, a comida em casa não era muito característica da região. Só de vez em quando comíamos algum prato tipicamente goiano, como empadão de frango, pamonha, gariroba etc.

Especialmente quando íamos a Goiânia visitar meus avós. Aí também comíamos de tudo e eu sempre voltava para casa com um enorme saco de papel pardo cheio de biscoitos de queijo feitos pela minha saudosa avó Arcângela.

Por falar nisso, preciso cobrar da minha prima Sônia e do meu primo Olavim a receita e as fotos desse biscoito de queijo ... anotar na agenda.

Mas, ontem tive uma esplêndida tarde de domingo. Fui ao Fellini Caffè me encontrar com os amigos Romoaldo e Little Mary e finalmente conhecer pessoalmente a recente amiga do Twitter @clarafavilla. Todos jornalistas.

Quiche com salada verde

Pense numa conversa divertida e agradável. Pense em gente inteligente e de bom gosto. Pense num ambiente descontraído, confortável, com boa música e bom atendimento. Foi muito melhor, pois tomamos o café Santo Grão Sul de Minas e ainda devoramos algumas delícias do cardápio.

Brownie com sorvete e calda quente de chocolate

Com todo esse aparato, a conversa só poderia ser muito boa. Falamos de tudo, principalmente da vida, e a política foi o último dos assuntos. Até porque não divergimos muito nessa área. Sinto que esse encontro se repetirá e acabará se tornando uma tradição. E o número de participantes também aumentará.

Spaguetti à Putanesca

Uma boa notícia. No próximo dia 19 de setembro, um domingo, a Fellini Café vai dar início ao seu serviço de café-da-manhã, com cardápio específico. O serviço será disponibilizado apenas aos domingos, a partir das 9h e vai até 13h. Já me tornei freguês.

Agora, vamos ao que interessa. A Trincheira da Resistência traz nova receita cujo ingrediente principal é o arroz. Em homenagem às minhas raízes e pela constante saudade do meu pai, da minha avó e de toda a família Hermano, hoje o prato é tipicamente goiano. Tão típico que só existe nessa região de cerrado, onde se encontra o fruto utilizado nessa receita.

Ainda encontramos muitos pequizeiros espalhados por Brasília

O Pequi é uma árvore nativa do cerrado brasileiro. Seus frutos são consumidos cozidos, com arroz e/ou frango. Além de possuírem aroma e sabor únicos, também são extremamente perigosos para os incautos. A semente tem milhares de espinhos bem finos, que ficam logo abaixo da fina camada de polpa amarela. Em vez de raspar suavemente a polpa com os dentes, os incautos dão logo uma mordida e ficam semanas tirando espinhos da língua e da gengiva.

Tá vendo os espinhos?

Atualmente é possível encontrar em qualquer supermercado a polpa do Pequi em conserva e sem os perigosos espinhos. Isso facilitou muito a vida de um amigo goiano viciado, o jornalista João Domingos, que comprava quilos de Pequi e congelava para garantir seu consumo o ano inteiro. Ele tinha até um freezer apenas para isso.

Mas, vamos à receita da Trincheira da Resistência contra o atraso e o autoritarismo.

Arroz com Pequi

Ingredientes

- 1/4 xícara de óleo de Canola
- 1/2 litro de pequi in natura lavado ou 1 vidro de polpa em conserva
- 2 dentes de alho espremidos
- 1 cebola grande picada
- 2 xícaras de arroz
- 4 xícaras de água fervendo
- Sal a gosto
- Pimenta do Reino
- Salsinha e cebolinha picada

Preparo

Não utilize panela de ferro, pois o pequi ficará preto.

Coloque o óleo numa panela junto com o pequi, o alho e a cebola e refogue em fogo baixo. Mexa constantemente com uma colher de pau. Respingue água se for necessário.

Quando o pequi estiver macio, acrescente o arroz e deixe fritar um pouco. Junte a água fervendo e o sal. Quando o arroz estiver quase pronto, adicione a pimenta do reino ou outra pimenta que prefira.

Na hora de servir, salpique cebolinha e salsinha picada por cima.

Esse prato desperta amor ou ódio, sem meio termo. Eu adoro : )

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