Ricardo Icassatti Hermano
Falei com o Romoaldo mais cedo. Ainda não havia conseguido pegar a estrada para Goiânia, onde será dada a largada para o Rally dos Sertões. Um problema no alternador ... mas, não é nada que um pedaço de silver tape e um grampo de cabelo não resolvam.
Com os patrocínios a gente vai longe
O importante é que já está tocando na velha Land Rover a trilha sonora especialmente selecionada para esses 12 dias de aventuras pelo interior do Brasil. E o Blues foi eleito para cumprir esse papel.
Hoje, o destaque foi para uma dupla literalmente infernal. Eric Clapton nunca escondeu sua admiração pelo sensacional guitarrista, compositor e cantor Robert Johnson. Chegou inclusive a gravar um CD só com músicas do ídolo. É o "Me and Mr. Johnson". Uma raridade por aqui. Ele disse que Johnson foi simplesmente o mais importante cantor de blues que já viveu.
Capa do CD
Antes de apresentarmos a música escolhida, vamos falar um pouco de quem foi esse Deus do Blues que influenciou muita gente boa, como Muddy Waters, Led Zeppelin, Bob Dylan, The Rolling Stones, Johnny Winter, Jeff Back e, claro, Eric Clapton.
Guitarrista habilidoso e inovador, Robert Johnson é a grande referência para a padronização do consagrado formato de 12 compassos utilizado no blues. O estilo que o consagrou é o Mississipi Delta Blues. Nasceu entre 1909 e 1912, não se sabe ao certo. Mas, morreu jovem, com cerca de 27 anos apenas.
Nesse curto período de vida, gravou apenas 29 músicas em um total de 41 faixas em duas sessões de gravação. A primeira foi em San Antonio, Texas, em novembro de 1936. A segunda foi na cidade de Dallas, também no Texas, em junho de 1937. Desse total, 13 músicas foram gravadas duas vezes.
Ums das poucas fotos de Johnson, o Deus do Blues
Como qualquer músico bluseiro, Johnson vivia na estrada e se apresentava em pequenos bares, prostíbulos etc. E como qualquer bluseiro que se preza, era um notório namorador. Passou dos 30 kg, usa saia mas não é padre nem escocês ... CRÉU!!! E isso também acabou determinando a sua morte.
Na noite do dia 13 de agosto de 1938, Robert Johnson e Sonny Boy Williamson se apresentavam no bar Tree Forks, na cidade de Greenwood, Mississipi. Lá pelas tantas, o dono do bar serviu uma dose de bourbon (uísque de milho) envenenado com estricnina a Johnson.
Mesmo alertado por Sonny Boy, que sabia do, digamos, descontentamento do dono do bar com o par de chifres que sua esposa havia providenciado com o bluseiro, Johnson bebeu o bourbon. Conseguiu sobreviver ao envenenamento, mas contraiu uma pneumonia e morreu três dias depois.
É o que eu sempre digo. Nada pior que um corno revoltado ...
Devido à sua genialidade e a morte precoce, Johnson logo se tornou uma lenda e os mitos a seu respeito se multiplicaram. O mais famoso deles diz que ele vendeu sua alma ao diabo na encruzilhada das rodovias 61 e 49, em Clarksdale, Mississipi, em troca da virtuosidade na guitarra.
O mito certamente foi alimentado pelas letras das suas próprias músicas: "Me and The Devil Blues" e "Hellhound on my Trail". Outro que ajudou a difundir esse mito foi o também guitarrista de blues, Son House, que tocou com Johnson. Essa história serviu de base para o filme A Encruzilhada, com o eterno Karatê Kid, Ralph Macchio. O filme é muito bom e tem uma trilha sonora arrasadora.
Filmaço que merece uma resenha do Café & Conversa
Esperando que o Romoaldo não resolva imitar o Robert Johnson em alguma encruzilhada do rally, trazemos hoje para a Música do Dia na Land Rover do Romoaldo:
Me and The Devil Blues
Robert Johnson
Interpretada por Eric Clapton no Crossroads Guitar Festival, ocorrido em Dallas, Texas, em 2006
Early this mornin'
when you knocked upon my door
Early this mornin', ooh
when you knocked upon my door
And I said, "Hello, Satan,"
I believe it's time to go.
"
Me and the Devil
was walkin' side by side
Me and the Devil, ooh
was walkin' side by side
And I'm goin' to beat my woman
until I get satisfied
She say you don't see why
that you will dog me 'round
spoken: Now, babe, you know you ain't doin' me
right, don'cha
She say you don't see why, ooh
that you will dog me 'round
It must-a be that old evil spirit
so deep down in the ground
You may bury my body
down by the highway side
spoken: Baby, I don't care where you bury my
body when I'm dead and gone
You may bury my body, ooh
down by the highway side
So my old evil spirit
can catch a Greyhound bus and ride
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