Romoaldo de Souza
Para um país que tem memória cultural que pode ser guardada no miolo de uma ervilha, "tipo assim", renovada a cada "micareta", André Christovam, um dos mais importantes "bluseiros" que o Brasil já conheceu, foi taxativo: "Heraldo do Monte é nosso mestre". Com esse Xote Esquentador, o músico pernambucano mostra as semelhanças harmônicas e rítmicas entre o xote e o blues.
Recorde-se que quando a gente está aprendendo os primeiros passos do xote, a marcação é sempre dois pra lá, dois pra cá. Não é? "Tum, tum, tum, siff". Esse "siff, é uma onomatopéia para a pausa. "Tum, tum, tum, (pausa)". "Tum, tum, tum, (pausa)"
Da mesma forma é a marcação do blues, 4 x 4. Idêntico ao xote. E olha que conheço gente "letrada" e pós-graduada em música, que vai ao delírio mesmo ouvindo blues meia-boca, mas nunca teve "coragem" de analisar as semelhanças entre dois gêneros.
Fala-se muito, que o blues chegou aos Estados Unidos, levado pelo escravos, que cantavam na colheita do algodão, no sul, do país. Já o xote, chegou ao Brasil, trazido pelos portugueses. Ah, alguma coisa boa os patrícios trouxeram.
O xote carrega certa semelhança com a polca escocesa e tem seu nome associado ao "schottisch", palavra alemã que tem significado próximo a escocesa.
Minha professora de alemão, dona Frida, que não passou do "islibidish", mandava que eu repetisse, sempre, "schottisch", "schottisch", "schottisch". Ela adorava meu sotaque nordestinense, e ficava naquilo mesmo. "Schottisch", "schottisch", "schottisch". Resolvemos que entre nós a pronúncia seria xote. É xote, pronto!
Suas noites são de frio? Quer dar uma boa esquentada? Dance xote, dance blues. Dance!
O pernambucano, Heraldo do Monte é de Recife, e começou tocando com gente do naipe de Hermeto Pascoal, Airto Moreira e Theo de Barros. Não precisa dizer mais nada. Precisa?
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