domingo, 21 de outubro de 2012

Os Candidatos ... e a propaganda mentirosa

Ricardo Icassatti Hermano

As estratégias, táticas, técnicas e instrumentos do marketing e da propaganda política já são bem conhecidos desde Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda de Hitler. Independente de coloração partidária - porque ideológica não existe -, o poder bélico desse arsenal depende de criatividade e também só funciona com um tipo de munição: a mentira. Seja para divulgar qualidades inexistentes ou para alardear defeitos igualmente inexistentes no adversário. 

Cartaz do filme

Esse é um assunto muito sério. Afinal, esses instrumentos têm sido usados ao longo da História para enganar as massas e mobilizá-las para tudo o que não presta, como as guerras ou eleição de bandidos. Os operadores, ou marqueteiros, acabaram encontrando seu habitat natural nas campanhas eleitorais do mundo democrático.  Nos Estados Unidos da América então, chegam a ser considerados "cientistas".

Candidatos usam e abusam dos símbolos

Mas, o que acontece quando passamos a ver o lado tragicômico disso tudo? Foi o que fez o diretor Jay Roach no filme Os Candidatos, uma comédia hilariante que está em cartaz nos cinemas da cidade. Ele juntou no elenco alguns dos maiores comediantes da atualidade, como a dupla Will Ferrel e Zach Galifianakis, que interpretam os candidatos à vaga de deputado federal por um distrito, Cam Brady e Marty Huggins, respectivamente. 

Sempre quis saber o que eles cochicham quando entram para o debate

Cam Brady é casado, pai de um filho, candidato do Partido Democrata, concorre sozinho e quer se eleger para seu quinto mandato consecutivo. Mas, no meio da campanha comete um erro fatal. Pensando ter ligando para uma namorada, ele deixa um recado pornográfico na secretária eletrônica de uma família ultra conservadora e religiosa. A repercussão é desastrosa. Uma dupla de irmãos bilionários vê a oportunidade e resolve patrocinar um candidato azarão pelo Partido Republicano. 

Para convencer o eleitor, o candidato precisa até aprender como andar

Daí em diante, se segure na cadeira porque é uma sucessão de gargalhadas. Qualquer eleitor mais ou menos atento reconhecerá as situações mostradas no filme, porque já viu à exaustão tudo aquilo nas campanhas eleitorais daqui. Tal como na vida real, os candidatos também têm seus respectivos marqueteiros, um com mais bom senso junto a Cam Brady e o outro completamente amoral ajudando Marty Huggins. A guerra é tão suja e absurda que se torna grotescamente engraçada. 

Candidato também não pode rejeitar nenhuma oportunidade de aparecer

O neófito Marty passa por uma transformação que vai do visual até a perda da família. Por outro lado, Cam surta e lança mão de todos os argumentos e as baixarias mais escabrosas para tentar vencer a eleição. E ainda é profético ao criar a propaganda pornográfica, que é só o que está faltando fazer nas campanhas. Um dia nós veremos isso na televisão. Pode escrever. Ele também perde a família, que estava com ele apenas por interesse. 

Demonizar o adversário dá votos, porque o eleitor quer odiar também

Ao final, Cam Brady confessa que é um grande político, mas um péssimo deputado, enquanto Marty Huggins resume a cena política numa frase: "Uma hora estamos com as calças arriadas; na outra viramos deputado" ... 

Vale tudo para ficar ao gosto do eleitorado

O filme é muito bom e deveria ter entrado em cartaz no primeiro turno das eleições brasileiras para prefeitos e vereadores. Assim, os eleitores poderiam enxergar mais facilmente as semelhanças entre a ficção e a realidade. O Café & Conversa assistiu, se acabou de tanto rir e recomenda para toda a família. Veja o trailer:


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