Ricardo Icassatti Hermano
Todo movimento de resistência começa com um indivíduo que percebeu "onde ia dar aquela merda". Geralmente, pagam um alto preço por isso porque os acomodados e mal intencionados não querem saber de mudança em seus feudos. É claro que a mudança acaba vindo. É inevitável, mesmo sob as mais sangrentas ditaduras. Mas, a perseguição é implacável. É preciso destruir completamente quem enxergou o que estava errado.
Esses indivíduos que deram início a mudanças foram os primeiros a resistir. Depois de mortos, se tornam herois, modelos a serem seguidos e coisas do gênero. Mas você acha que eles pensavam nisso, que queriam ser homenageados e laureados num futuro inexistente? Não, eles resistiram porque era a coisa certa a se fazer. Por isso pagaram um alto preço.
Os acomodados são extremamente incompetentes e isso ajuda muito no movimento de mudança. É muito fácil desmascará-los. Mas, para isso é preciso haver o sacrifício de um, o primeiro a enxergar, falar e denunciar. Hoje, a nossa história de resistência vem dos Estados Unidos. Um indivíduo que percorreu todo o percurso descrito acima e, hoje, é saudado como o "Pai da Força Aérea Americana".
O nome deste homem é William Mitchell (1879 - 1936), ou como era mais conhecido, Bill Mitchell. Ele lutou na Primeira Guerra Mundial como piloto daqueles aviões com estrutura de madeira e asas duplas recobertas com lona. Ganhou todas as condecorações possíveis por bravura em combate. Na França, comandou todas as unidades aéreas ali baseadas.
William Mitchell, um verdadeiro heroi americano
Após a guerra, foi nomeado diretor do Serviço Aéreo. Naquela época, não existiam forças distintas. Aviões, navios e tropas terrestres estavam sob o comando único do Exército Americano, que respondia ao Ministério da Guerra. Bill Mitchell era um estudioso competente da aviação e estrategista brilhante. Ele percebeu que os aviões seriam a grande arma nas guerras futuras.
Tentou de todas as maneiras alertar seus superiores para a necessidade de investimentos na área e a fragilidade da defesa americana no caso de um ataque aéreo de grandes proporções. Passou anos enviando correspondência a militares e parlamentares. Mas, após a guerra, os herois deram lugar aos corruptos. Como vocês sabem, a corrupção é coisa de frouxo, bajulador, tapado e incompetente. Os aviões utilizados na guerra ainda estavam na ativa e ninguém queria saber de investir no seu desenvolvimento e segurança.
Muitos pilotos morreram vítimas da corrupção
Além disso, Mitchell também defendia a divisão das Armas em Exército, Aeronáutica e Marinha. Via nisso - e estava certo - um grande ganho logístico e estratégico. Mas, os corruptos queriam manter o controle unificado porque era mais fácil roubar e os ganhos também eram maiores. As críticas o levaram a atritos com superiores, o que o levou a perder a patente de General e foi rebaixado para Coronel.
O resultado é que após anos de tentativas frustradas, Mitchell assistiu um grande amigo morrer num avião que não tinha segurança suficiente e seus superiores haviam sido alertados disso. O piloto foi obrigado a levantar vôo naquele avião e foi direto para a morte. Mitchell procurou a imprensa e deu uma entrevista bombástica, denunciando o sucateamento dos aviões, a insegurança dos pilotos e expôs as suas ideias. Ele sabia que caminhava para o cadafalso, mas não havia outra coisa a ser feita senão a certa.
O Exército Americano abriu um processo contra o então Coronel e o levou à Corte Marcial sob a acusação de "traição". O julgamento ficou famoso e envolveu até o presidente dos Estados Unidos, John Calvin Coolidge. Em 1955, Gary Cooper interpretou Bill Mitchell num filme que chegou a ser indicado para o Oscar na categoria de Melhor Roteiro. O nome do filme é The Court-Martial of Billy Mitchell, o mesmo nome que recebeu no Brasil.
Nesse julgamento, Mitchell foi humilhado, espezinhado, mal tratado, ofendido, teve seu direito à defesa solapado e terminou expulso do Exército. Resumindo, uma palhaçada lamentável. Durante o julgamento, o promotor fez o Coronel parecer um louco por ter previsto que os aviões um dia quebrariam a barreira do som e que no futuro os Estados Unidos sofreriam um ataque aéreo em Pearl Harbor e que os aviões estariam sendo pilotados pelos japoneses. Ele já havia feito testes e simulações.
Mitchell durante seu julgamento na Corte Marcial
Well, acho que não preciso dizer mais nada. Após a sua morte e todos os eventos posteriores, William Mitchell foi promovido pelo presidente Franklin Roosevelt a Major General e recebeu um monte de honrarias, claro. Além disso, é a única pessoa a ter seu nome em um modelo de avião de combate, o bombardeiro B-25 Mitchell. Esse caso nos mostra que, infelizmente, os tapados só aprendem tomando na cabeça ...
Os uniformes de Mitchell estão expostos no
Museu Nacional da Força Aérea Americana
É preciso ressaltar que esse heroi americano jamais, vou repetir, JAMAIS participou de um seminário sobre planejamento estratégico e visão de futuro. Quem precisa participar desse tipo de evento, nunca teve, não tem e não terá JAMAIS a capacidade de pensar estrategicamente ou ter visões do futuro.
A receita de hoje - sempre com arroz - é em homenagem a Bill Mitchell, um homem que decidiu fazer o que entendeu ser o correto, resistiu bravamente e deu início a um movimento que inspirou a criação da maior força de combate aéreo do mundo, a Força Aérea Americana.
Arroz Americano
8 porções
Ingredientes
- 2 copos americanos de arroz cru
- 2 ovos mexidos
- 1 lata de ervilhas
- 2 tomates picados sem as sementes
- 2 cebolas bem picadas
- 3 colheres sopa de cheiro verde picado
- 200 g de presunto cortado em pequenos cubos
- 10 azeitonas verses picadas
- 1 tablete de caldo (carne, galinha ou legumes)
- 1/2 copo americano de óleo de Canola
- 2 colheres sopa de manteiga
- 5 copos americanos de água fervente
- Sal a gosto
- 2 colheres sopa de Parmesão ralado
Preparo
Dissolva o tablete de caldo na água fervente. Acrescente todos os demais ingredientes e misture bem.
Passe tudo para um refratário e polvilhe com uma colher sopa de Parmesão ralado. Cubra com papel alumínio e leve ao forno por 40 minutos em temperatura MÉDIA.
Retire o papel alumínio e volte ao forno por mais 10 minutos.
Retire do forno e polvilhe com outra colher sopa de Requeijão ralado. Sirva imediatamente. Acompanha bem carne assada e churrasco.
Ninguém passa fome na Trincheira da Resistência
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