Da modinha, um jeito lírico e sentimental de se fazer música, até os grandes compositores como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, a música brasileira tem uma das mais brilhantes trajetórias quando o quesito é criatividade, miscigenação e a forma peculiar de expressão.
Em meados do século 17, surgiam os primeiros acordes do que mais tarde veio a ser conhecido como MPB - Música Popular Brasileira - com misturas dos sons indígenas, elementos folclóricos da música portuguesa e o mais marcante que é a influência africana.
No rádio, em 7 de setembro de 1922, a primeira música genuinamente brasileira tocada, se é que a gente pode falar em música genuína, original, foi O Guarani, de Carlos Gomes, abrindo a programação do mais importante veículo de comunicação quando a gente fala de MPB.
A inauguração da “era do rádio” se deu quando o presidente da República, Epitácio Pessoa, fez o discurso na abertura da exposição do Centenário da Independência, usando a estação experimental Rádio Corcovado, montada no alto do morro do Corcovado e a estação experimental da Western Electric na Praia Vermelha. Petrópolis e Niterói, no Rio e na capital paulista, os rádios então recém-importados, captaram o discurso empolgado de Epitácio Pessoa e os acordes de O Guarani que ainda hoje abre a Voz do Brasil
A partir daí, aos poucos, o erudito foi dando espaço ao samba, ao chorinho e suas variações. De Chico Alves, o "Rei da Voz" a Chico Buarque o rei da mulherada, a MPB teve de comer muita poeira. Resistiu às pressões mercadológicas, mas se adaptou. Formou escola e hoje é bastante conhecida no exterior. Se bem que um dos elementos mais importantes da música brasileira é sua batida peculiar.
Sim, porque no estrangeiro o som de Ivete Sangalo faz tanto sucesso como a música de João Gilberto. E o que une esses dois conterrâneos de Juazeiro (BA)? O groove, a batida própria. A marcação do Axé ou da Bossa Nova.
A musica árabe, os ritmos ciganos, o som do caribe, são conhecidos por suas batidas. Estudiosos em percussão, na marcação da música, dizem que groove é essa nuance, é a doçura da batida da música que tanto pode ser na bateria como com instrumento de sopro.
Pergunte a qualquer amante da música se a batida, praticamente nascida do violão de João Gilberto, não é a cara do Brasil!!!
Poderia ficar aqui, escrevendo páginas e mais páginas sobre o Rei do Baião, sobre a influência do jazz, na música do Brasil. Dos festivais aos Beatles. De Arrastão, até chegarmos a Disparada, duas canções vitoriosas em festivais de música.
Da influência que a Jovem Guarda trouxe para as músicas internacionais que eram feitas versões, só para serem tocadas em rádios que não permitiam a entrada dos "gringos", a MPB tem de tudo um pouco.
Da moda de viola, do século passado ao sertanejos de hoje, da Bossa Nova ao Axé. Do Samba ao Pagode ao Funk, enfim a "biodiversidade" musical no Brasil é para todos os gostos. Agora, assim como na natureza tem bichos peçonhentos que a gente não pode nem ver, na música brasileira também tem estilos que causam náuseas. Mas, como tem quem goste de ficar alisando uma barata, tem quem use uma sainha curta e vá curtir um pagode. Essa história poderia ficar só na mini-saia, não é?
Bom, por que falei de MPB? Porque hoje é o Dia da Música Popular Brasileira e antes que reclamem que eu não falo do "nosso" gênero musical, fui atrás dessa impecável interpretação que Rosália de Souza dá para Maria Moita, como o nome já diz…
Natural de Nilópolis, Rosália de Souza foi parar na Itália, onde conheceu o músico Nicola Conte, um dos mais influentes do acid-jazz. Nessa Maria Moita a cantora destaca bem, essa fusão.
Quanto ao vídeo, logo aí abaixo, Maria Moita é a mulher-bala num desses circos de periferia.
Maria Moita
Carlos Lyra
2 comentários:
Viva João Gilberto!
Adorei o Blog, a música é de muito bom gosto.
Sucesso!
www.estacaodocemaria.blogspot.com
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