segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A música do Dia - Maria Moita - Rosália de Souza


Romoaldo de Souza

Da modinha, um jeito lírico e sentimental de se fazer música, até os grandes compositores como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, a música brasileira tem uma das mais brilhantes trajetórias quando o quesito é criatividade, miscigenação e a forma peculiar de expressão.


Em meados do século 17, surgiam os primeiros acordes do que mais tarde veio a ser conhecido como MPB - Música Popular Brasileira - com misturas dos sons indígenas, elementos folclóricos da música portuguesa e o mais marcante que é a influência africana.


No rádio, em 7 de setembro de 1922, a primeira música genuinamente brasileira tocada, se é que a gente pode falar em música genuína, original, foi O Guarani, de Carlos Gomes, abrindo a programação do mais importante veículo de comunicação quando a gente fala de MPB.


A inauguração da “era do rádio” se deu quando o presidente da República, Epitácio Pessoa, fez o discurso na abertura da exposição do Centenário da Independência, usando a estação experimental Rádio Corcovado, montada no alto do morro do Corcovado e a estação experimental da Western Electric na Praia Vermelha. Petrópolis e Niterói, no Rio e na capital paulista, os rádios então recém-importados, captaram o discurso empolgado de Epitácio Pessoa e os acordes de O Guarani que ainda hoje abre a Voz do Brasil

A partir daí, aos poucos, o erudito foi dando espaço ao samba, ao chorinho e suas variações. De Chico Alves, o "Rei da Voz" a Chico Buarque o rei da mulherada, a MPB teve de comer muita poeira. Resistiu às pressões mercadológicas, mas se adaptou. Formou escola e hoje é bastante conhecida no exterior. Se bem que um dos elementos mais importantes da música brasileira é sua batida peculiar.


Sim, porque no estrangeiro o som de Ivete Sangalo faz tanto sucesso como a música de João Gilberto. E o que une esses dois conterrâneos de Juazeiro (BA)? O groove, a batida própria. A marcação do Axé ou da Bossa Nova.


A musica árabe, os ritmos ciganos, o som do caribe, são conhecidos por suas batidas. Estudiosos em percussão, na marcação da música, dizem que groove é essa nuance, é a doçura da batida da música que tanto pode ser na bateria como com instrumento de sopro.


Pergunte a qualquer amante da música se a batida, praticamente nascida do violão de João Gilberto, não é a cara do Brasil!!!


Poderia ficar aqui, escrevendo páginas e mais páginas sobre o Rei do Baião, sobre a influência do jazz, na música do Brasil. Dos festivais aos Beatles. De Arrastão, até chegarmos a Disparada, duas canções vitoriosas em festivais de música.


Da influência que a Jovem Guarda trouxe para as músicas internacionais que eram feitas versões, só para serem tocadas em rádios que não permitiam a entrada dos "gringos", a MPB tem de tudo um pouco.


Da moda de viola, do século passado ao sertanejos de hoje, da Bossa Nova ao Axé. Do Samba ao Pagode ao Funk, enfim a "biodiversidade" musical no Brasil é para todos os gostos. Agora, assim como na natureza tem bichos peçonhentos que a gente não pode nem ver, na música brasileira também tem estilos que causam náuseas. Mas, como tem quem goste de ficar alisando uma barata, tem quem use uma sainha curta e vá curtir um pagode. Essa história poderia ficar só na mini-saia, não é?


Bom, por que falei de MPB? Porque hoje é o Dia da Música Popular Brasileira e antes que reclamem que eu não falo do "nosso" gênero musical, fui atrás dessa impecável interpretação que Rosália de Souza dá para Maria Moita, como o nome já diz…


Meu Deus, hoje, então, é o Dia da MPB? Gente, me aprontei toda para fazer esse clip. Espero que vocês gostem. Aqui na Itália tomo muito café. Café brasileiro ouvindo música do Brasil. Um beijo, gostoso pro pessoal que acompanha o Café & Conversa


Natural de Nilópolis, Rosália de Souza foi parar na Itália, onde conheceu o músico Nicola Conte, um dos mais influentes do acid-jazz. Nessa Maria Moita a cantora destaca bem, essa fusão.


Quanto ao vídeo, logo aí abaixo, Maria Moita é a mulher-bala num desses circos de periferia.


Maria Moita

Carlos Lyra

Nasceu lá na Bahia de mocama confeitor
Seu pai dormia em cama, sua mãe no pesador
Seu pai só dizia assim "Venha Cá"
Sua mãe só dizia assim "Sem falar,
Mulher que fala muito perde logo o seu amor"

Deus fez primeiro o homem, a mulher nasceu depois
E é por isso que a mulher trabalha sempre pelos dois
O homem acaba de chegar, tá com fome
A mulher tem que olhar pelo homem
E é deitada, em pé, mulher tem é, é que trabalhar.

O rico acorda tarde e já começa a resmungar
O pobre acorda cedo e já começa a trabalhar
Vou pedir ao meu babalorixá
pra fazer uma oração pra Xangô
Pra pôr pra trabalhar gente que nunca trabalhou

O rico acorda cedo e já começa a resmungar
O pobre acorda cedo e já começa a trabalhar
Vou pedir ao meu babalorixá
pra fazer uma oração pra Xangô
Pra pôr pra trabalhar gente que nunca trabalhou
Pra pôr pra trabalhar gente que nunca trabalhou
Pra pôr pra trabalhar gente que nunca trabalhou



2 comentários:

Leandra Lima disse...

Viva João Gilberto!

Estação Doce Maria disse...

Adorei o Blog, a música é de muito bom gosto.

Sucesso!


www.estacaodocemaria.blogspot.com