terça-feira, 28 de setembro de 2010

Wall Street: Money Never Sleeps


Ricardo Icassatti Hermano

Fim de semana quente e desconfortável. Nada melhor que um cinema com ar-condicionado num shopping com ar-condicionado e uma boa cafeteria. Assim, após uma breve débâcle política no Twitter, despenquei para o novo shopping local, o Iguatemi no Lago Norte. Muita gente passeando e ninguém comprando. Com a honrosa e feliz exceção da Livraria Cultura. Bom sinal.

Assisti a continuação do icônico Wall Street de 1987. Dirigido também por Oliver Stone, o novo filme se chama Wall Street: Money Never Sleeps. Fato inegável é que a história perdeu força, mesmo com a crise econômica americana. Até porque o ganancioso Gordon Gekko não é um participante ativo da crise. Ele apenas tira um pouco de proveito. Michael Douglas está à vontade no papel.

Cartaz do filme

Segundo a visão de Oliver Stone, a prisão tem um efeito curativo em sociopatas. Depois de amargar uns anos em cana, Gekko volta quase uma moça recatada. Para não deixá-lo com fama de bunda-mole, ele meio que rouba um dinheiro que ele havia escondido na Suíça para a filha, que não queria mesmo essa grana. Mas, a filha havia prometido financiá-lo quando saísse da prisão. Daí o irmão viciado morre drogado e ela põe a culpa no pai. E o Gekko usa o namorado da filha, que é corretor de um banco falido em Wall Street, para chegar na grana. Entendeu? Pois é ...

Gekko e o genro tolinho ...

A coisa toda é tratada assim confusamente e os personagens assumem uma certa ingenuidade inacreditável naquele meio financeiro. A parte boa é a cômica, que não me pareceu intencional. Acontece de, às vezes, criar uma cena no papel que acaba se revelando engraçada depois de filmada. Acho que tem várias cenas desse tipo. Podemos ver Charlie Cheen retomar o papel do então jovem Bud Fox. Mas, totalmente possuído pelo personagem Charlie Harper, que interpreta num seriado de TV ...

Outra coisa boa do filme é a explicação dada por Gekko para o estouro da bolha que prevê no livro que escreveu após sair da prisão. Bem didático e não há como não traçar um paralelo com o Brasil. Os mesmo erros estão todos aqui naquilo que Lulla, o Extirpador, pateticamente chama de "política econômica". Os sinais do estouro da nossa bolha já estão visíveis na crescente inadimplência. Aguardem o fim das eleições.

Stone achando que é Coppola ...

O filme vale o ingresso e é só. A pipoca já fica na conta-prejuízo. O casal de jovens atores, Shia LaBeouf e Carey Mulligan, respectivamente o genro e a filha de Gekko, são fracos de dar dó. O tal do Shia é o ator que fez o filho do Indiana Jones no último filme da série. Mal começou a carreira e já é um canastrão. E nem é dos bons. Ele poderia ter buscado inspiração no elenco de apoio, que faz um tremendo trabalho de atuação. Veja o trailer.



2 comentários:

Clara Favilla disse...

Já gostei do Stone. Agora acho ele um chato e cheio de certezas e ideias que resultam da ignorãncia sobre o tema ou do seu viés ideológico.

Café & Conversa disse...

Também já gostei mais dele. Mas, depois do filme sobre o Chavez ... francamente.