quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Retidão, Luxúria, Pantaleão e as Visitadoras


Ricardo Icassatti Hermano

Pegue um homem que pautou sua vida pela retidão, honestidade, fidelidade, disciplina e competência profissional. Apresente-o à luxúria. Será que toda a sua formação virtuosa será capaz de resistir? Por quanto tempo? O escritor peruano e Prêmio Nobel de Literatura 2010, Mario Vargas Llosa, imaginou a situação e tentou responder à pergunta no livro Pantaleão e as Visitadoras.

Mario Vargas Llosa, genial e merecedor do Nobel

Uma obra-prima que terminou sendo levada para as telas de cinema. Ainda bem, porque não li o livro mas li o post que o Romoaldo escreveu sobre o filme. Daí, comprei o DVD e assisti uma história sensacional, ambientada em plena Amazônia peruana, que não difere em nada da brasileira. Um desses filmes que deixam um povo orgulhoso dos seus escritores, diretores e artistas.

Cartaz do filmaço

Interpretado pelo ator Salvador Del Solar, o Capitão Pantaleão Pantoja é um bom homem. Estudante esforçado, sempre tirou as melhores notas e passou em primeiro lugar nos concursos. Marido fiel, casou-se novo e mantém esposa jovem. Disciplinado, respeitador das hierarquias e obediente, encontrou o emprego ideal no Exército, onde se destacou pela folha impecável de serviços prestados.

Com esse currículo, Pantaleão se tornou a escolha certeira para a missão secreta que os seus superiores lhe confiam: organizar e administrar uma equipe de prostitutas (as "Visitadoras") para prestar serviços às guarnições no meio da selva, cujos soldados estão há meses sem contato com o sexo oposto. As meninas, com nomes como "Peituda" e "Peludita", são levadas de barco até os aflitos combatentes.

O barco da alegria e do prazer, só notícia boa

Competente e cioso dos seus deveres, Pantaleão faz da missão secreta um sucesso operacional. Pelo menos até que conhece a Colombiana, uma das prostitutas que se apresenta para avaliação e seleção prévia. Magistralmente interpretada pela belíssima atriz Angie Cepeda, a Colombiana é a mulher perfeita, a própria encarnação da luxúria.

Para vocês terem uma pálida ideia, morei seis meses em Boa Vista, capital de Roraima. Sei o que é viver na Amazônia. O filme mostra bem isso e logo notei uma característica da região. Todo mundo sua o tempo todo. O calor é infernal, dia e noite. Mas, a mulher perfeita não transpira uma gota sequer de suor. Ela só transpira desejo e sexo, sempre de uma maneira pecaminosamente ingênua. Se é que você me entende.

Angie Cepeda, a Colombiana.
E você pensou que eu estava exagerando ...

A história ainda tem a participação de um radialista do interior que acabou elucidando uma dúvida que me intrigava. O tal radialista descobre que Pantaleão está a serviço do Exército, que é casado e trai a mulher. Logo, tenta extorquir o pretenso cafetão, que resiste ao assédio. Daí para a chantagem pura e simples é um pulo.

Depois que o preço é acertado e pago, o radialista explica que não tem nada pessoalmente contra Pantaleão e que faz aquilo apenas porque é um "progressista". Aí é que fui entender o que são os tais "blogueiros progressistas" ...

Veja o trailer do filme e alugue o DVD para assistir. Você vai se deliciar com as aventuras do pobre Pantaleão e com as curvas da esplêndida Colombiana. Mas, cuidado! Não tome café, pois poderá ter palpitações e taquicardia ...



domingo, 24 de outubro de 2010

Suplicy, sem renda mínima ...


Ricardo Icassatti Hermano

Brasília já começa a ter disputa de excelentes cafés. Há exatamente uma semana e três dias está funcionando a pleno vapor a cafeteria Suplicy, que veio de São Paulo e desembarcou no também novíssimo Shopping Iguatemi, logo ali no Lago Norte. E não trouxe apenas os seus grãos especiais. Trouxe também um novo patamar de qualidade e profissionalismo. Seja Benvinda : )

Mais do que café, um novo parâmetro de atendimento ao cliente

A dupla Jorge Roxo e Camila Roxo, pai e filha, conseguiu uma espécie diferente de franquia, o licenciamento da marca. Com isso, poderão disponibilizar a parte de alimentação com produtos locais, sem seguir um menu imposto pelo franqueador. Também reproduzem o bom exemplo da matriz vendendo cafeteiras Moka e French Press e outros produtos da fabricante italiana Bialetti.

Fazendo jus ao sobrenome, Jorge ficou "roxo" na hora da foto

O foco da cafeteria é todo voltado para o café. Tanto é que o espresso é acompanhado apenas e exclusivamente da porção de água com gás, sem o tradicional docinho no pires. Confesso que nunca entendi - e nem comi - aquele docinho, que acaba comprometendo o paladar.

Os cafés são divididos por região de origem e por nível de torra. Assim, temos o Sul de Minas nas versões de torra média e clara, e o Cerrado Mineiro com torra escura. Ainda há o café descafeinado, para quem não quer ou não pode ingerir cafeína.

A Suplicy lembra cafeterias de New York e Paris

Nessas duas semanas, o pessoal da cafeteria recebeu treinamento/acompanhamento constante do Barista André Fabbri, que recebeu o título de "Melhor Cappuccino" no mais recente Campeonato Brasileiro de Barismo. E ele é barista há apenas quatro anos. Saindo a regulamentação da profissão, que tem duas propostas tramitando no Senado e na Câmara dos Deputados, finalmente o Barismo poderá ser visto como uma opção de carreira profissional e não apenas como um bico passageiro.

Mas, conversando com Jorge e Camila, ficamos sabendo que a Suplicy funcionará no horário do shopping, das 10h às 22h. O formato de quiosque, segundo eles, é o que mais dá certo, porque chama mais atenção que uma loja. Os sons e os cheiros são atrativos naturais. Além da cor rosa, é claro. E o conforto não foi esquecido.

A Suplicy ocupa um bom espaço, mas algo me diz que
logo logo vão precisar de mais

Eles também nos garantiram que em poucos dias disponibilizarão WiFi. As tomadas elétricas já estão instaladas e os proprietários querem que a Suplicy seja vista como um local onde se pode sentar com o laptop e trabalhar, fazer uma reunião de negócios, conversar ou simplesmente relaxar desfrutando dos cafés, das guloseimas e da ambientação. Acho que o Romoaldo vai gostar dessa.

E o pessoal não para um minuto sequer

A cafeteria ainda tem revistas variadas para leitura, uma área com sofazão, e vende o café que serve, em grãos e em pó, para os clientes que quiserem estender a experiência e o prazer de um bom café até suas próprias casas. Chegam ao capricho de moer os grãos desde a finíssima moagem turca até a moagem para uso na French Press. Apesar do nome, também não há o risco de ouvir os discursos sem fim e sonolentos do senador ... Não tem jeito de sair insatisfeito da Suplicy.

Experimentei o espresso com grão Sul de Minas, torra média, e gostei da acidez, da doçura e do retrogosto ou after taste. Não é muito encorpado, mas não é exatamente um defeito. Gostei e quando estiver por aquelas bandas, já sei onde me aboletar. Até porque a Suplicy tem a soda italiana e vende os xaropes também; tem frapês variados, sucos e algo que ainda não experimentei mas já está anotado na caderneta: é o Lacrima, feito com leite vaporizado e salpicado com gotas de crema do espresso ... hummmm!!!

Café especial para ser devidamente apreciado

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Esclarecimento e Adams Óbvio


Ricardo Icassatti Hermano

Nos últimos dias, a disputa eleitoral tem se acirrado e uma excrescência dos anos 1970 resolveu reaparecer. É a tal da "patrulha ideológica", que utilizando um maniqueísmo rasteiro e babaca tenta dividir o mundo entre os bonzinhos e éticos e os mauzinhos e aéticos. O problema é que nessa divisão, os espertos sempre posicionam os bonzinhos à esquerda e os mauzinhos à direita.

Como era de se esperar, a "patrulha" acabou encontrando o Café & Conversa para encher o meu saco. Por isso, fiz um necessário esclarecimento no Twitter e agora repito aqui. O lendário publicitário Adams Óbvio já dizia que o óbvio sempre nos escapa, porque fazer o óbvio exige muita análise. Para analisar é preciso pensar e pensar é o trabalho mais árduo que as pessoas têm que fazer. E elas não gostam de pensar nem um pouco além do necessário.

Divido irmamente este espaço cibernético com o amigo e jornalista Romoaldo de Souza. Temos ideias e posicionamentos completamente diferentes sobre vários assuntos e aspectos da vida. Em momento algum nos passou pela cabeça que isso poderia ser um impedimento para a nossa amizade, porque somos homens inteligentes e temos compreensão do que seja o "direito" e a "liberdade". Sabemos viver e conviver sob um regime democrático.

A democracia brasileira é jovem e frágil. Ao contrário da propaganda, ela corre perigo sim. Políticos de todos os matizes tramam contra ela todos os dias. O PT faz isso abertamente, inclusive documenta a sua intenção de exterminá-la e seu líder único vocifera que quer extirpar partidos adversários. Tudo isso sob a máscara do jogo democrático. Disputam eleições, falam em liberdade, em progresso, desenvolvimento e fim da pobreza. Assim como seus ídolos Fidel Castro e Hugo Chavez.

Nos preocupamos demais em ter logo eleições diretas para presidente da República, pensando que os demais fundamentos da democracia viriam por gravidade. Estamos vendo que não é bem assim. Enquanto crianças de 16 anos de idade já podem votar, ainda discutimos a liberdade de opinião e de expressão, censura, religião etc. É aí nessa lacuna que se movimentam as tais "patrulhas ideológicas". Elas não gostam de quem pensa, opina e se expressa livremente.

Alguns desses "patrulheiros" andaram fazendo insinuações e cobranças à pessoa errada. Deveriam se dirigir exclusivamente a mim, mas foram em cima do Romoaldo. Eu optei por votar no candidato tucano José Serra. O Romoaldo fez a opção dele e sobre a qual só ele pode falar.

O fato de dividirmos este blog não significa que tenhamos de pensar exatamente da mesma maneira nem fazer as mesmas escolhas políticas. Parece óbvio, mas para algumas pessoas é difícil entender conceitos básicos como respeito ao direito do outro.

Da mesma forma, Romoaldo não precisa da minha autorização para manifestar o que pensa sobre qualquer assunto e expressar-se através do blog. Ele é um homem livre, vivendo sob um regime democrático.

Não vou discutir direitos com quem quer que seja. Direito se exerce, não se discute. Não preciso da licença de ninguém para exercer os meus. Rechacei toda e qualquer "patrulha ideológica" na década de 1970 e o farei novamente se for necessário. Os "patrulheiros" acham que podem ditar o que devemos pensar, falar e fazer. Coelhinho peludo, zebrinha listrada, oncinha pintada, vão se fu***!!!

Se alguém não gosta do que escrevo, não leia. Procure um blog "progressista" e seja feliz. Também esqueçam o Romoaldo, porque quem vai votar e faz campanha de graça para o José Serra sou eu. Portanto, se alguém não gosta do fato de que eu exerço livremente os meus direitos, venha se queixar comigo e apenas comigo. Estou inteiramente à disposição dos interessados.

O blog Café & Conversa não é "progressista" e não recebe qualquer espécie de patrocínio. Seja estatal ou privado. Escrevo aqui porque quero, porque gosto e continuarei escrevendo até quando entender que deva. Não sou filiado a partido político e não devo satisfação a ninguém além da minha consciência.

Recebemos de braços abertos críticas, opiniões, observações, reparações, cumprimentos e elogios através de um endereço de e-mail (cafeconversa@gmail.com) e na área reservada a comentários. Não somos tolerantes com anônimos, que serão simplesmente deletados. Erros serão corrigidos assim que forem detectados.

As avaliações sobre cafés e cafeterias feitas por nossa iniciativa são custeadas por nós mesmos. Não aceitamos cortesias ou brindes de quem quer que seja nesse processo de avaliação. Interessados em nossa opinião, nos enviam grãos e/ou pó de café para serem avaliados e é só.

Espero não ter que retornar a esse assunto. Mas, se for necessário, me limitarei a disponibilizar um link para este post.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Musica do Dia - Irerê - Cesar Costa Filho


Romoaldo de Souza


Ainda estou procurando informações sobre uma composição de César Costa Filho, Irerê, gravada pelo poeta fluminense, em 1978. Por alguma razão, por algum motivo, essa música não sai da minha cabeça.


No final dos anos 70, eu tinha passado por uma experiência incendiária em um posto de gasolina, na entrada de Taguatinga. Era o Zelito Super Posto, e trabalhava ouvindo rádio. Um radinho de pilha que compre na Comercial Norte, Acho que no Ponto Frio. Um certo dia, escutei Irerê, que estava tocando no programa do apresentador, Roberto Ney, na Planalto AM.


Pedi ao comunicador e ele me trouxe de presente o LP - Long Play, para quem não se lembra como eram chamados os discos de vinil. Um mês depois, Cesar Costa Filho chegou no posto de gasolina onde eu trabalhei. Depois eu gosto como foi nosso encontro. Bom, com o tempo me desfiz dos LPs e agora, a mente insiste em me despertar com essa canção.


Roberto Ney me trouxe, de presente, um LP com várias outras composições de Cesar Costa Filho. Irerê foi a que mais marcou minha adolescência. Lembro que comprei uma camisa igualzinha a essa que o compositor está usando. Fiquei uma arara quando, certa vez, um ladrão, certamente de bom gosto, carregou a camisa do varal da casa da minha mãe!


São lembranças boas. Melancólicas. De um tempo que não podia, ainda, ir trabalhar em rádio enquanto era efervescente a onda de programas de muita audiência, como esse de Roberto Ney.


Aí, agora no fim de semana, estava procurando no meu playlist uma música diferente para tocar para os leitores do Café & Conversa que, como eu, estão - desculpem a expressão - de saco cheio com a campanha eleitoral, e eis que encontro Irerê.


Antes que o pessoal politicamente correto me cutuque, essa campanha eleitoral foi a mais despolitizada que jamais participei. E olha que em matéria de campanha eleitoral eu já estou rodado. É por isso. Não vi um assunto edificante. Pronto!


Voltando a Irerê. Essa música foi gravada em 1978, num LP da Continental. Aqui digitalizada e espero que tenham paciência. Vale a pena esperar que a página do "4shared" carregue a música. A letra, eu tive de ouvir Irerê ao menos umas dez vezes. Espero que esteja certa.


Na internet, achei esse texto atribuido a Sérgio Cabral, o pai. Claro.


"Acho que poucos compositores-cantores surgidos nos últimos anos mereceram uma expectativa tão grande para o seu primeiro LP quanto mereceu Cesar Costa Filho. O seu talento está provado desde o primeiro Festival Universitário de Música Popular e, desde então, Cesar só o tem confirmado numa obra de críticas favoráveis e de sucessos obtidos em discos tipo compacto.

Portanto, soma-se ao seu talento, à correção com que interpreta suas músicas, ao cuidado com que esse disco foi produzido, às letras de Walter Queiroz, Paulo Cesar Pinheiro e Jair Amorim - a maturidade com que Cesar Costa Filho chega ao seu primeiro LP.

Se você tiver lendo estas notas antes de ouvir o disco, pode acreditar em mim: leve-o para casa. Asseguro que é muito bom."

Então, espero que sua segunda-feira seja feliz e desfrute dessa belíssima composição de Cesar Costa Filho. Caso encontre mais informações dele e de Irerê, mande e-mail. cafeconversa1@gmail.com


Irerê

Cesar Costa Filho e Paulo César Pinheiro


Irerê, pássaro cativo

Irerê, braço de galé

Irerê, negro fugitivo

Irerê, príncipe-guiné


Ferro quente, faz sinal

Marca de "sinhô" qualquer

Irerê parte o grilhão

Mata um montão

Cai do porão

Na maré


Irerê, pássaro proscrito

Irerê, revolta a ralé

Irerê, chamado maldito

Irerê, do Abaeté


Mato virgem, palmeiral

Negro, macho, finca o pé

Irerê cerca o rincão

Chama os irmãos

Funda a Nação

Do Povo Axé!


Irerê, pássaro caçado

Irerê, pelos "coroné"

Irerê, com seus comandados

Irerê, no Abaeté.


Luta armada, marcial

Luta quem ser livre e quer

Mas é mil contra um milhão

Soa canhão, tomba no chão

O rei-guiné.


Irerê, passarinho morto

Irerê, filhos de Quelé

Irerê, mas Guiné tem outro

Irerê seu filho Ireré.


Irerê, pássaro cativo

Irerê, pássaro proscrito

Irerê, pássaro caçado

Irerê, passarinho morto


http://www.4shared.com/audio/Mw1VmKtc/


César Costa Filho - Irerê.mp3


domingo, 17 de outubro de 2010

Marina, morena Marina, você vacilou ...


Ricardo Icassatti Hermano

A notícia do final de semana é a "neutralidade" proclamada pela "verde" Marina Silva. Aceito como escolha legítima a neutralidade do eleitor, mas confesso que tenho uma dificuldade intransponível para entender políticos profissionais que se dizem neutros em determinadas situações. Em eleição então eu considero de uma hipocrisia cavalar, para ficar nos limites do politicamente correto ...

Como é que um político se submete às exigências de um processo eleitoral, sem qualquer crítica, legitimando-o do início ao fim; divulga a sua mensagem ou "utopia" no caso da Marina; compete, faz propaganda, pede voto, tenta conquistar o eleitorado e depois que perde resolve se rebelar e proclamar neutralidade? Onde está a coerência?

Escolha, decisão, compromisso. Tudo isso só é bom quando votam nela

Para a Marina, só é bom quando votam nela? Prefere não conseguir qualquer avanço para sua "utopia" em nome da "neutralidade"? Ou será que ela acha que a "neutralidade" é um avanço? Até onde pude saber, a neutralidade política - para um político - vem da discordância com todo o processo e não apenas por ter ficado fora do segundo turno de uma eleição. Para ser coerente, Marina não deveria nem ter cogitado ser candidata.

Além disso, ela não ajuda em nada o desenvolvimento e aperfeiçoamento da democracia brasileira ou do partido que escolheu para se abrigar após ter sido chutada porta afora do PT. Ao contrário, o cheiro ruim que fica é o de sabotagem. Marina age como uma menina mimada, que não gosta das regras ou do resultado das suas empreitadas e resolve que nada daquilo vale para ela. Emburrada, prende a respiração ou bate a cabeça na parede na tentativa de modificar a realidade até que atenda aos seus desejos.



Os clássicos são assim chamados porque nos deixaram lições universais. Para a religiosa Marina, fui buscar em A Divina Comédia, obra imortal de Dante Alighieri (1265-1321), uma lição, um lembrete ou um alerta.

Dante Alighieri, em retrato de Sandro Botticelli (1495)

Tendo Virgílio (autor de Eneida) como guia e mentor, Dante faz sua jornada espiritual percorrendo todo o trajeto da Esfera Armilar que, de acordo com a crença medieval, sairia da Terra e passaria pelo Inferno, pelo Purgatório e chegaria ao Paraíso, que era o sentido original de "Comédia".

Afresco de Domenico di Michelino mostra Dante na entrada
de Florença, ao lado da Catedral Santa Maria del Flore e
apontando para uma fila de pecadores

Após atravessar o Portal do Inferno, o poeta italiano adentra o Vestíbulo do Inferno, a morada dos indecisos, covardes e que passaram a vida em cima do muro. Aqueles que nunca quiseram assumir compromissos, tomar decisões firmes, por acharem que assim perderiam a oportunidade de fazer alguma coisa. Ali, os covardes são condenados a correr em filas atrás de uma bandeira que corre rapidamente, picados por vespas e moscões.

E foi ao conhecer os Nove Círculos do Inferno, que Dante cunhou o seguinte alerta:

"Os lugares mais quentes do inferno estão reservados para aqueles que, nos momentos de crise, se mantêm neutros" - Dante Alighieri

sábado, 16 de outubro de 2010

Como uma simples xícara de café pode mudar o mundo


Ricardo Icassatti Hermano

Essa eu não podia deixar passar. Enquanto o governo Lulla se perde na corrupção, ou melhor dizendo, na venda de facilidades, com taxa de $uce$$o, para as dificuldades que naturalmente cria com a sua incompetência administrativa, a iniciativa privada, que não é brasileira, cria facilidades para ajudar quem precisa. Sem governos envolvidos.

Eu poderia até explicar do que se trata o Project 7, uma empresa texana que vende café. Mas, tiraria o brilho do vídeo feito por eles justamente para explicar o que fazem, como fazem e porquê fazem. Assistam e entendam como uma simples xícara de café pode ajudar a melhorar a vida de muita gente.

Infelizmente, o video foi retirado do site VIMEO e não há qualquer informação do motivo, mas ainda pode ser visto no próprio site do Project 7.



A Música do Dia - O Pau Que Dá Cavaco - João Luiz Corrêa




Romoaldo de Souza

Aí! Um bom achado! Estava navegando na internet, procurando uma música do cantor fluminense César Costa Filho, uma composição dele com Paulo César Pinheiro, "Irerê", e por causa do cruzamento de dados, eis que encontro o cantor gaúcho João Luiz Corrêa.

Corria o ano de 1990, quando o encontrei em Lages, Santa Catarina, depois de um vendaval que destruiu mais de 50 casas. Eu tinha ido ao Oeste catarinense, a serviço. Trabalhava à época, numa ONG da Igreja Católica.

Aquele gaúcho, jovem, idealista, contou que vivia "recolhendo" músicas pelo interior do Sul do país. Os mais diferentes fandangos encantavam João Luiz Corrêa.

- Acho que isso nunca vai me dá dinheiro suficiente para viver, mas que dá um prazer, isso dá - argumentava.

Deu prazer e dinheiro. Passados 20 anos, eis que encontro na internet João Luiz Corrêa cantando "O Pau Que Dá Cavaco", composição de Tio Nanato e dele, que acabou sendo gravado por muita gente da música regional.

- Graças a Deus, Tchê, está me dando uns cobres - alegra-se o fandangueiro que já havia passado antes pelo "Vozes do Vento" e acabou "apeando" no Grupo Campeirismo, atualmente um dos mais renomados do cancioneiro gaúcho.

Agora, "O Pau Que Dá Cavaco" é uma composição cheia de "pegadinhas", de trocadilhos e de palavras de duplo sentido. E mais, de regionalismos. Tente descobri-los e tenha um ótimo fim de semana.

O Pau Que Dá Cavaco
Tio Nanato/João Luiz Corrêa

Xica manica, fia do véio Vadico
Morena retaca dessas de peito de bico
Mandou dizer que quer bater um papo comigoE eu que conheço o artigo me deu um crique no caco

Tomei um banho, resquetei bem as melenas
Vou mostrar prá esta morena quem tem mais força no taco

Tomei um banho, resquetei bem as melenas
Vou mostrar pra esta morena quem tem mais força no taco

Me vou de bico, viro a mico e a macaco
E vou mostrar prá xica véia
Qual é o pau que dá cavaco

Me vou de bico, viro a mico e a macaco
E vou mostrar prá xica véia
Qual é o pau que dá cavaco

Agarrei ela e saimo saracoteando
E a marvada me apertando, roncando que nem tatua

Eu agarrado, mordendo e rangindo os dente
Fiquei sem modo de gente nos braços dessa xirua

Ficou nervosa e ferveu a chocolateira
Me deu uma tremedeira e chamei a xica na pua

Ficou nervosa e ferveu a chocolateira
Me deu uma tremedeira e chamei a xica na pua

Me vou de bico, viro a mico e a macaco
E vou mostrar prá xica véia
Qual é o pau que dá cavaco

Me vou de bico, viro a mico e a macaco
E vou mostrar prá xica véia
Qual é o pau que dá cavaco

No fim das contas, nós os dois amarrotados
E o taréquinho domado amanheceu bem delgadinho

Perdi o rabicho e me arrebentou a barrigueira
E o bichinho bagaceira acordou de madrugadinha

Coisa daninha como a xica se boleia
Me mordendo as oreia, eu na dela e ela na minha

Coisa daninha como a xica se boleia
Me mordendo as oreia, eu na dela e ela na minha

Me vou de bico, viro a mico e a macaca
E vou mostrar prá xica véia
Qual é o pau que dá cavaco

Me vou de bico, viro a mico e a macaco
E vou mostrar prá xica véia
Qual é o pau que dá cavaco