sábado, 30 de julho de 2011

Café, Gente e Papos Bacanas 4 - TNT, uma festança barista

Ricardo Icassatti Hermano

Na semana passada, fui convidado para um evento conhecido em todo o mundo pela sigla TNT, que quer dizer Thursday Night Throwdown. Trata-se de uma competição amigável entre baristas para testar suas habilidades em Latte Art, que é aquele desenho feito na superfície dos cappuccinos. Você pode conferir do que se trata nas fotos abaixo.





Tomei banho, passei perfume, penteei a cabeleira (apesar de não ser jogador da seleção), vesti uma roupa mais caprichada e me despenquei para o restaurante ZUU, onde seria realizado o evento. Aí você vai me perguntar: "Mas, pra que tanto capricho?". Por dois motivos muito simples.

Galera animada pela cafeína

Primeiro, o evento foi organizado pela Bebel Hamu, junto com os baristas Daniel Viana, Paulinho Lima e com uma força do mestre de torra e barista Márcio Dias, representando o patrocinador oficial do evento: Quitinete Café, que forneceu o leite e o café. Também foi disponibilizada uma máquina profissional de espresso La Spaziale de dois grupos.

A Bebel Hamu tem tanta luz própria 
que até atrapalha na hora de fotografar

O segundo motivo é que lá estaria também a Gabi Sturba, uma das proprietárias da Grenat Cafés Especiais, a sala de reunião do blog. Precisa dizer mais? Além disso, o evento é uma festa, uma balada da melhor qualidade cheia de gatas fãs do Café & Conversa, como agradavelmente descobri.

Café, Rock'n Roll, Bebel e Gabi. Achei que tinha
morrido e ido para o Paraíso : )

Mas, voltando ao TNT, a competição é bem limitada. Os baristas só podem utilizar o espresso e o leite vaporizado, porque o que conta é a habilidade de fazer belos desenhos nas xícaras de cappuccino. Eu fiz o curso de barista há muitos anos, mas não foi para seguir a profissão e fazer carreira. Sou jornalista e meu negócio é escrever. 

Tem mulher barista competindo também

Mesmo assim, sou amigo dos baristas e, junto com o Romoaldo, o Café & Conversa trabalha incansavelmente no Congresso Nacional pela regulamentação da profissão. Assim, os baristas insistiram e me pilharam até que acabei cedendo e me inscrevi para a competição, apenas pela farra e para ajudar a engordar o caixa. O vencedor do TNT leva o que total arrecadado pelas inscrições. 

Daniel com a xícara e Paulinho de camiseta preta,
baristas e organizadores de primeira

Esta foi apenas a terceira edição do TNT em Brasília. Muitos ainda virão. A competição foi criada em 2008 pelo barista Ben Helfen, da Octane Coffee, em Atlanta (EUA). Desde então, tornou-se uma febre no meio barista de todo o mundo. A Suplicy Cafés Especiais trouxe o evento para o Brasil e já se espalhou por várias capitais. O TNT é realizado toda última quinta-feira do mês.

Um momento de criação e habilidade

A característica mais marcante do TNT é o clima de amizade e camaradagem entre todos. Esse clima de confraternização e troca de informações contribui - e muito - para o fortalecimento da comunidade do café. Apesar de ser quase uma brincadeira, todos os baristas levam a sério as suas performances e treinam bastante antes do evento. O resto é festa, balada, gandaia : )

O bom é a gandaia. Momento da entrega da grana ao Márcio

Após a minha previsível eliminição, me colocaram como jurado. Enquanto os baristas preparam suas Latte Arts, os jurados não podem ver. Quando ficam prontas, as duas xícaras são colocadas lado a lado e os juízes apenas apontam para aquela que considerarem mais bonita.

E como deveria ser sempre, venceu o amor ...
a Latte Art do Márcio é a de cima

O vencedor da noite foi o barista e mestre de torra Márcio Dias, da Quitinete Café. Parabéns a todos os organizadores, patrocinadores e apoiadores. O TNT foi maravilhoso, um verdadeiro sucesso e mostrou que veio para ficar.

O barista Márcio Dias, o grande vencedor da noite

Lá também conheci várias fãs do Café & Conversa, que me reconheceram no ato. O que, devo confessar, me surpreendeu : )

- Você é o Ricardo do Café & Conversa?

- Sim, sou eu (sorriso largo).

- Tira uma foto comigo?

- Claro (sorriso mais largo)!

Estou sempre disponível para fãs e colegas como a
Thays Martins, do blog Cheirinho de Café

Ao final da festa, Bebel ficou absolutamente chocada com a minha sofrível performance (só consegui fazer uma bola torta) e gentilmente ofereceu ajuda no treinamento para que eu faça bonito no próximo TNT. Me aguardem ...
.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Brasileiros tomam mais café

Romoaldo de Souza

Que feijão com arroz, que nada. É do café que os brasileiros mais gostam. Pesquisa do IBGE, divulgada na quinta-feira (28), indica que o alimento mais consumido pelos brasileiros é o café. 

Em média, cada brasileiro bebe, por dia quatro xícaras de café. Na lista aparecem, ainda, o feijão, em segundo lugar e o arroz em terceiro. Mas volto a destacar: o café está em primeiro lugar. Ainda aparecem nessa lista, sucos, refrigerante e carne bovina. 

É bom destacar que essa pesquisa do IBGE vem reforçar o empenho de alguns setores da gastronomia brasileira e de pequenos empreendedores que não se contentam somente com a estatística de que o Brasil é o maior produtor de grãos do mundo e o segundo maior consumidor de café.

Está mais que na hora de começarmos a provocar uma virada nesse quadro, não apenas do ponto de vista da quantidade, mas da qualidade. É que o café que os brasileiros consomem ainda não é um café de primeira. 

A explicação para isso é que os governos se preocupavam em ganhar volume de negócios e não levaram em consideração que era precisa ser visto não somente como exportador, mas consumidor de bons cafés. 

Graças a esses pequenos, embora importantes esforços, o estigma de que o Brasil vende o que é bom para exportação e deixa o café ruim por aqui está, aos poucos, se transformando. 

É verdade que boa parte do grão consumido internamente no Brasil é da pior espécie, não passaria em qualquer controle de qualidade lá fora. Mas, da mesma forma é importantíssimo ressaltar que aos poucos o hábito das pessoas de sentarem-se a uma mesa para degustar café de primeira já é uma realidade em muitas partes do país. 

A gente tem acompanhado esse crescimento do número de pessoas que não aceitam qualquer café. Tem de ser brasileiro e do melhor.


Um abraço e bom café!!!

Morte na Esplanada - Capítulo 17

Ricardo Icassatti Hermano

O delegado Alexandre Dantas decidiu enfrentar os poderes de sedução da jornalista Mércia Trancoso? Será que ele resiste aos encantos dela? E Lígia Dupont? Por onde andará a musa de Alexandre? Ela se refugiou em sua cabana nos Alpes Suiços e acompanha os acontecimentos através de relatos esporádicos do delegado.

O que eu sei mesmo é que já estabeleci o final dessa trama. E ela se encerrará no 20º capítulo. Bem a tempo de iniciar a cobertura do Rally dos Sertões 2011 para o blog Café & Conversa. Vamos levar muito café, moedor e cafeteiras French Press. Só pode sair coisa boa daí.

Portanto, quem ainda tiver alguma colaboração a dar, a hora é agora ou se cale para sempre : ) Por enquanto, fique com o novo capítulo de "Morte na Esplanada", que vai esquentar feito a nossa internacionalmente famosa receita de Chili con Carne.

Então vista o seu pijama, encha a sua caneca, calce as meias, ligue o som do computador, apague as luzes, enfie-se debaixo do edredon e estremeça com as emoções emocionantes da sua Blog-Novela preferida.


Morte na Esplanada

Capítulo 17

Às 21h em ponto, Alexandre chegou ao restaurante Nero. Um lugar sofisticado, com aquela meia luz equivocada que realça o avanço da idade, toalhas impecavelmente brancas, garçons atenciosos e educados. No salão, arranjos florais e a clientela que se esforçou para aparentar riqueza exagerando na maquiagem e nos perfumes. Certamente é um restaurante caro.

O delegado olhou o relógio, que marcava 21h07. Ele não gostava de esperar. Tinha rigor com horários agendados. Se uma pessoa marca a hora de um encontro, não há justificativa para o atraso, pois teve todo o tempo do mundo para se preparar e se antecipar. A não ser, claro, que haja um acidente. Mas, obviamente não era o caso.

Ele trajava uma calça social azul marinho, camisa branca e um paletó de couro preto. Estreava um par de botas que havia comprado pela internet numa loja americana, conforme recomendação de Kassatti.

O delegado era avesso a perfumes, da mesma maneira que não conseguia ouvir música com headphone no meio da rua. Não entendia como alguém abria mão de um sentido importante como a audição e se expunha a diversos perigos decorrentes dessa carência sensorial. Ele aprendera nas artes marciais que precisava estar atento a tudo e as distrações não faziam parte da sua vida.

Enquanto observava o ambiente, Alexandre pensou que conforme a corrupção crescia em Brasília, graças a um presidente que elevou o patamar da cara-de-pau a níveis impensáveis, mais surgiam bons restaurantes, ou pelo menos que posavam como tal. O jantar caro ainda era uma ferramenta poderosa dos lobistas para conquistar políticos e autoridades governamentais.

Embora o restante do país veja Brasília como uma "ilha da fantasia", todos os políticos que ali se encontram vieram de outros lugares. A grande maioria é formada de jecas gananciosos que se deslumbram com o falso luxo desses restaurantes. Imaginam terem alcançado os píncaros da elite ao verem seu jantar sendo pago por uma empreiteira ou empresa de consultoria.

Encantam-se com vinhos e uísques, cujos nomes são incapazes de pronunciar, inclusive os nacionais, e as sonoras taças de cristal. Olhos brilham e bocas salivam diante de camarões e lagostas mal cozidos. Falam e riem alto para chamar a atenção ou por falta de educação básica mesmo.

Ficam absolutamente fascinados com a infinidade de talheres e os preços cobrados. Fingem entender tudo que lhes é explicado pelo Maitre e pelo Sommelier, previamente azeitados com polpudas gorjetas. O jecas são fisgados como peixes numa bacia.

Alexandre voltou a consultar o relógio: 21h38. Como aquilo era um jantar e ele não era o noivo numa cerimônia de casamento, decidiu ir embora. Estava se levantando quando Mércia chegou. Estava lindíssima num vestido de seda champanhe. As alças finíssimas denunciavam a ausência de soutien e davam um ar de perigo eminente, podendo romper a qualquer momento.

- Eu sei, estou atrasada né?

- Muito ...

- Me desculpa Alexandre, mas é que tivemos um probleminha no fechamento, sabe como é né?

- Na verdade, não sei como é. Foi você quem marcou o horário e eu respeito muito a pontualidade.

- Ah, desculpa, vai ... mas, o importante é que estamos aqui. O restaurante é lindo não? Você gostou?

- Ainda não consegui ver muito ... pouca luz ...

Alexandre puxou a cadeira para que Mércia sentasse. Ela ficou meio sem saber o que fazer. Mas, foi apenas por um instante. Não estava acostumada com gestos gentis. Ao contrário, sua vida sempre fôra marcada pela brutalidade, a grosseria e a rudeza. Os homens com quem se relacionou, de qualquer forma, só queriam uma coisa dela e não era preciso cortejá-la para isso.

Ela também não era menos rude. Apenas se utilizava de uma personagem meio inocente para atiçar ainda mais os impulsos e fantasias dos mesmos jecas que tinham seus jantares pagos em restaurantes como aquele. Era uma luta, uma troca grosseira de interesses e todos se davam por satisfeitos.

O jantar transcorreu com naturalidade. Ela pediu um prato com camarões e ele foi de filé de atum grelhado com crosta de castanhas. Embora o delegado estivesse mais inclinado para o Pinot Noir, consumiram uma garrafa de vinho chileno, uva Cabernet Sauvignon, safra 2008. Um ano na madeira, deu-lhe estrutura e manteve os taninos suavemente domesticados.

- Mas, com esses pratos, não deveríamos estar tomando vinho branco? - perguntou a jornalista.

- Isso é um mito largamente difundido por aqui. Mas, é possível sim harmonizar frutos do mar com vinhos tintos. Só é preciso saber como e aqui na América Latina pouca gente sabe. Temos excelentes tintos frutados que harmonizam muito bem.

- É mesmo?

- Experimente, arrisque, descubra possibilidades, novos parâmetros, destrua mitos paralisantes ...

- Nossa ... que delícia! Casou perfeitamente com o meu prato. E o seu?

- Perfeito.

A conversa girou em torno de amenidades e recordações de viagens. Quando a sobremesa pousou sobre a mesa, o assunto também chegou onde estava planejado chegar. Mércia pediu Creme Brûllée e duas colheres.

- Então, Alexandre. Tenho uma proposta para te fazer. Temos interesses em comum e poderíamos trabalhar juntos, compartilhar informações e lucrarmos juntos. Seria bom para nós dois. O que você acha? - perguntou a repórter olhando nos olhos do delegado e levando a colher cheia de creme à boca.

- Depende Mércia, depende - respondeu Alexandre mantendo olhar fixo no dela.

- De que? - a colher foi enterrada no creme, estalando a crosta de açúcar queimado.

- Do que você tiver para compartilhar. Um negócio só é bom quando é bom para todo mundo - a colher do delegado também penetrou fundo o creme, quebrando a fina crosta açucarada.

- Tenho muita informação de bastidor que pode ajudar na sua investigação - a repórter encheu a boca de creme.

- Tipo o que? - a colher do delegado parou a meio caminho da boca.

- Tipo quem levou, de onde, quanto ... - falou com dificuldade a repórter por estar com a boca cheia.

- Me dê uma amostra grátis - a colher do delegado continuava parada no ar.

- Só se você me der uma também - ela enfiou com força a colher no creme.

- É justo. Combinado. Você primeiro - o delegado finalmente abocanhou a sua porção de creme.

Mércia contou verdades e mentiras sobre as festas da ministra. Ela não sabia que a ministra gravava e que Alexandre estava com as gravações. Assim, relatou aquilo que lhe interessava. Mas, como todo bom jogador de pôquer, o delegado sabia administrar o jogo para tirar o máximo possível do oponente.

Alexandre tirou um pendrive do bolso da camisa e ficou rodando o dispositivo entre os dedos. Os olhos de Mércia se arregalaram. Ela largou a colher e não tocou mais no Creme Brûlée.

- Tenho gravações das festas aqui neste pendrive. São vídeos reveladores.

A expressão no rosto de Mércia era um misto de espanto e curiosidade. Como uma criança diante dos presentes embaixo da árvore de Natal. Ela chegou a levantar a mão, como que querendo pegar o pendrive, mas recuou em seguida. Algo parecido com vergonha ruborizou por um instante a sua face.

- Como assim? Vídeos?

- Sim, vídeos. Muitas pessoas interessantes aparecem neles e fazendo coisas que até Deus duvida ... interessa?

- Claro, interessa sim ... mas, me conte mais sobre o conteúdo desses vídeos ...

- A ministra gravava as bizarrices, perversões e taras dos convidados para poder chantagear depois. Você não sabia?

- Não! Como eu poderia saber?

- Por que você está em alguns deles.

Mércia já pressentira que a revelação estava a caminho. No momento, ela tentava controlar o pânico, que nunca havia sentido. Sempre estivera no controle das situações. O embaraço era sempre dos outros. Assim que acalmou os milhares de pensamentos que se agitavam como um furacão em sua mente, ela se perguntou: "o que esse delegado está pretendendo?"

- Você assistiu os vídeos?

- Quase tudo. É muita coisa. Ainda estou assistindo, mas o que já vi dava para derrubar mais da metade desse governo e colocar numa saia justa - sem trocadilho - boa parte do corpo diplomático, brasileiro e estrangeiro.

- E o que você pretende fazer com isso?

- Você falou em compartilhar informações e lucrarmos juntos ...

- O que você quer de mim?

- Eu tenho meus problemas internos lá na polícia. Desconfio que o diretor Miguel Brochado e seus vermes estão querendo me queimar. Então preciso me proteger e à minha equipe, entende? Você esteve com ele, deve ter ouvido alguma coisa que possa me ajudar.

- Realmente, ele te odeia. Babaca foi o palavrão mais suave que ele usou para se referir a você. Também foi dele a ideia de colocar a sua foto na primeira página do jornal. Ele insistiu nisso. Era como se ele soubesse que isso facilitaria o atentado contra vocês. Disse várias vezes que te queria morto.

- Como você conseguiu que ele te desse as informações sobre a investigação?

- Ora, delegado, se você assistiu os vídeos, já sabe como consegui. Aliás, eu consegui, mas ele fez jus ao sobrenome (risos). Ele ainda tomou umas doses de whisky, mas não adiantou. Pelo tempo que ele ficou enrolando, acho que estava esperando que o Viagra fizesse efeito. Esforço jogado fora (risos).

- Você tem alguma evidência que eu possa usar?

- Infelizmente não. 

- O que mais você tem para me dar?

- Olha Alexandre, nós bem que poderíamos complementar esse nosso acordo com alguns benefícios extras ...

- Se eu não estivesse comprometido, talvez até rolasse, mas não vai dar. Vou lhe dar esse pendrive em confiança. Assim que você tiver mais informações que possam me ajudar, é só me ligar nesse número - o delegado entregou o pendrive junto com um cartão onde havia impresso apenas um número de telefone. 

- Garçon! A conta por favor - pediu o delegado.

- Pode deixar essa comigo, Alexandre. O jornal paga por esses encontros com fontes e você é hoje a maior de todas as fontes. Posso usar o material desse pendrive?

- Fique à vontade.

Alexandre deixou o restaurante e entrou em seu carro. Pegou o celular e ligou para Gabriel

- Pronto Gabriel, ela está com o pendrive.

- Agora é só esperarmos ela plugar no computador e teremos acesso total a tudo que estiver armazenado lá. O vírus que coloquei no pendrive vai remeter tudo automaticamente para o meu computador e ainda posso monitorar à distância e em tempo real.

- Rapaz, você é um gênio!

♦♦♦

Ééééé ... queridas(os) leitoras(es). Viver é perigoso e quem vive mentindo um dia se atrapalha, experimenta do próprio veneno. A lei do retorno não falha. E não é nada esotérico, é Física pura mesmo. O que será que nossos bravos policiais vão encontrar no computador de Mércia Trancoso?

Ajude-nos a pensar nisso : )

E como nos bem recomenda o Romoaldo todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, em nosso quadro na CBN Recife e, em seguida, aqui no nosso podcast : Um abraço e bom café!


Links dos capítulos já postados. Basta clicar no capítulo desejado:














quinta-feira, 28 de julho de 2011

Atendimento em cafeterias

Romoaldo de Souza

A ouvinte Nadja Nascimento,  moradora de Cabo de Santo Agostinho, confessa que depois que passou a acompanhar a CBN Recife e o nosso quadro de café, ela tem se tornado, aos poucos, uma consumidora mais exigente e uma tomadora de café de qualidade.

Bom, isso é ótimo, Nadja. Agora, ela revela que mesmo em Recife, tem dificuldades de ser bem atendida por pessoas que saibam o que estão fazendo e, mais que isso, nossa ouvinte tem uma bronca com quem entrega a xícara de café na mesa e não tem a menor noção do que está fazendo.

Eu já tinha alertado, aqui, outro dia, que um ouvinte foi numa cafeteria em Brasília e depois que o garçom entregou a xícara com café e um copo de água com gás, sequer sabia a utilidade da água. Eu insisto, é para preparar as papilas gustativas, limpar o paladar para que você possa saborear o seu café.

Pois bem, quando você chega numa loja de roupa pergunta se o tecido encolhe, se cede, se desfia, essas coisas comuns que o atendente responde na ponta da língua.

Assim, considero importante o que diz nossa ouvinte de Cabo de Santo Agostinho. Quem serve café tem de saber de onde vem o grão se é ácido ou não, se tem aroma de frutas, se é achocolatado, com leve toque de melaço de cana-de-açúcar, enfim tem que saber quando foi torrado, onde foi produzido e em que condições, em cima da serra, debaixo das árvores.

Informações sobre os fatores que interferem no sabor do café. Por isso, é imprescindível que quem está atendendo tenha essas informações para o cliente. Faça como nossa ouvinte, Nadja Nascimento seja exigente!


Um abraço e bom café!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Café com suspiro!!! Huuuuummmmm!


Sabe quando você escuta uma frase de incentivo no trabalho, um elogio à sua roupa? Um comentário que coloca seu astral lá em cima? Ou quando você está a passeio no shopping e passa uma pessoa que chama a sua atenção? Esse sentimento é chamado de suspiro! Mas suspiro também é um bolinho de clara de ovos, muito açúcar e uma raspa de casca de limão siciliano. 

Hoje, Café & Conversa traz a história de Melina Sousa, que mora em Campos, no Norte do Rio de Janeiro, e de viagem pelo interior do Espírito Santo, chegou em Pedra Azul, pediu um espresso e serviram o café com água com gás e um pequeno suspiro.

A estudante de medicina achou aquela ideia brilhante e perguntou à moça do atendimento que tipo de café harmoniza bem com suspiro.

- Ah, o suspiro se desmancha na boca, assim como um suspiro quando a pessoa passa e vai embora. Mas a gente recomenda um café com acidez moderada que é para equilibrar o sabor com o doce forte do suspiro - Sabe tudo, pelo menos de suspiro.

Colocar um suspiro na boca, senti-lo se derretendo todo e completar com um gole de café também merece um suspiro, para marcar bem a sua quarta-feira.



Um abraço e bom café!!! 


Suspiro de Café


Ingredientes

- 4 claras de ovo
- 500g de açúcar de confeiteiro
- 1 colher de sobremesa bem rasa de café solúvel

Preparo

Ponha água numa forma para banho-maria e leve ao fogo para esquentar. Coloque uma panela sobre a água e esquente um pouco.

Coloque as claras na panela e esquente antes de batê-las em neve. Adicione o café, sem mexer. Em seguida, despeje metade do açúcar e misture bem até formar uma massa pastosa. Junte o restante do açúcar e continue misturando com movimentos circulares fortes por 5 minutos. Quanto mais as claras esquentam e mais se misturam, elas se tornam líquidas, mostrando que o açúcar está bem incorporado.

Coloque essa mistura na vasilha de uma batedeira já ligada para entrar mais ar na massa. Bata em velocidade alta, tomando o cuidado de verificar se toda a mistura foi bem batida. Continue batendo em velocidade alta até que as claras atinjam o ponto de suspiro. Reserve.

Forre uma assadeira de alumínio com papel manteiga. Cole o papel na assadeira com pequenos pingos de suspiro. Corte a ponta de um saco plástico para usar como "saco de confeiteiro". Encha até a metade do saco com a massa do suspiro e vá apertando - sempre de cima para baixo - e depositando sobre o papel manteiga os pingos de suspiro a dois centímetros de distância um do outro.

Leve ao forno em temperatura MÉDIA (150º C) por 15 minutos aproximadamente. Vigie de perto porque os suspiros queimam com muita facilidade. Retire do forno e deixe esfriar antes de descolar do papel-manteiga.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Café com casca de laranja

Romoaldo de Souza

O jornalista Rafael Brais conta que chegou, no fim de semana em Buenos Aires, na Argentina, para ver a partida final da Copa América, quando o Uruguai venceu o Paraguai e aí o nosso ouvinte foi tomar um café colombiano. E não é que além do copo com água com gás, o garçon serviu também uma casca de laranja cristalizada, junto com o espresso que o jornalista pediu.

"Pronto", pensou ele! Rafael lembrou da nossa dica, aqui na CBN Recife de que a água com gás, mesmo pouca, serve para limpar as papilas gustativas e preparar o paladar para receber o café. Mas, de casca de laranja cristalizada ele nunca tinha escutado falar.

É verdade, nosso ouvinte tem razão! Desde abril, quando começamos nossa quadro de café, ainda não tinha surgido a oportunidade para falar da casca de laranja, que é comum no Chile, Peru, Argentina e Uruguai, junto ao café espresso. Os "hermanos" copiaram essa idéia dos árabes.

É comum entre os povos da Arábia, tomar café aromatizado. Como aqui na América era mais difícil encontrar esses tipo de café, foi introduzido o uso da casca de laranja cristalizada ou desidratada, que tem a função de acrescentar um certo aroma ao café.

Se você é do tipo de consumidor que não tem curiosidade, deixe de lado. Afinal para saborear um bom café espresso quanto menos interferência externa, melhor. Agora, querendo fazer novas descobertas, mal não há!


Um abraço e bom café!

Morte na Esplanada - Capítulo 16

Ricardo Icassatti Hermano 

As coisas começaram a clarear ... ou não. Após uma elucidativa conversa com  o ex-soldado da fortuna, Padre Avellar, o delegado Alexandre Dantas estava mais confiante em relação ao rumo que a investigação deveria seguir para encontrar mais pistas. Resolveu passar um pente fino nos pen drives da ministra Sueli Sandoval, a famigerada SS.

A busca seria por qualquer indício da presença daquele presidente de um banco internacional de fomento e ajuda a países em desenvolvimento, que se encontrava preso em Nova Iorque sob a acusação de ter estuprado uma camareira do hotel  onde havia se hospedado. Ele é o não menos famigerado Dometien Salaun Klein, também conhecido como DSK.

A ligar os dois famigerados, um affair mui caliente no passado distante, durante um treinamento em Cuba. Ah, os ares do Caribe ... fazem as pessoas perderem a cabeça e sonhar desvairadamente, dizem ... Desde então, não se tem notícia de qualquer ligação entre os dois. Pelo menos que sejam de conhecimento dos órgãos de inteligência.

Agora que você está informada(o) sobre o andamento das perigosas aventuras de "Morte na Esplanada", prepare-se! Pegue a sua caneca fumegante, vista o seu pijama, calce as suas meias e cubra-se com o seu edredon. Ligue o som do seu computador, apague as luzes para dar aquele clima e comece a roer as unhas, porque vem aí o 16º capítulo da sua Blog-Novela predileta ...


Morte na Esplanada

Capítulo 16 

Após a reunião, Gabriel dividiu os arquivos em quatro partes mais ou menos iguais e as distribuiu entre os integrantes da equipe. Todos tinham muito trabalho pela frente e imediatamente deram início ao pente fino. Mas, a primeira providência foi comprar um bom café para manter a mente alerta e não deixar escapar nenhum detalhe. 

Alexandre foi até a cafeteria Grenat à procura de bons grãos. Estava olhando as opções junto com Gabriela quando entrou na loja Bebel Hamu, a barista representante das máquinas italianas de espresso La Marzocco. A tiracolo, uma sacola cheia de pacotes de café em grão. Gabriela logo fez as apresentações e o delegado ficou sabendo que a barista havia chegado há poucos dias de uma viagem pela Europa e trouxera cafés variados para fazer degustações. 

- Você gostaria de participar? - perguntou Bebel. 

- Claro, mas aviso logo que não entendo nada de café.

- Não precisa "entender". Basta dizer se gostou ou não e quais características você destacaria.

- Ok! Isso eu posso fazer (risos). 

Alexandre foi então conduzido a uma viagem por aromas e sabores que surpreenderam seu paladar e encheram sua imaginação de imagens de países tão diferentes e distantes quanto Panamá e Ruanda. Ficou encantado com o café panamenho, 100% variedade Caturra, com aroma e sabor de morango. Mas, também gostou dos encorpados Bourbon africanos. Cada qual com suas características absolutamente distintas. 

- A Gabriela me contou o que aconteceu com vocês aqui. Deve ter sido terrível.

- Realmente ... chegamos a pensar que nossa hora havia chegado. Mas, tivemos uma ajuda inesperada dos amigos do Café & Conversa. Se não fosse eles, não sei não ...

- O Kassatti e o Romoaldo? Eu conheço os dois jornalistas! Fiz essa mesma degustação com eles na semana passada e os danados não me contaram nada!

- Acho que eles preferem falar de café (risos). 

- Eles são uns doces ... delegado, vamos fazer o seguinte. Leve esses cafés aqui, deve ter uns seis quilos. É um presente meu para manter vocês acordados nessa investigação.

- Puxa, fico até sem jeito ... parece que esse pessoal que mexe com café consegue ler pensamentos!

- Só de vez em quando, delegado, só de vez em quando (risos). Aceite delegado, é só um presente de reconhecimento para quem está fazendo um trabalho honesto, o que é difícil de ver.

Devidamente abastecidos de cafeína da melhor qualidade para muitos dias, a equipe de investigadores grudou os olhos nos monitores e não tirou mais os headphones das orelhas. Duas semanas se passaram até que a primeira informação surgisse. Dometien Salaun Klein foi citado pela ministra numa conversa telefônica.

A ligação foi feita do gabinete. Sueli usou um celular, aparentemente uma linha segura. Mas, o problema de sistema de vigilância e gravação em vídeo é que eventualmente esquecem que aquilo está ali. O ser humano é um animal de hábitos e também se acostuma às situações e circunstâncias. Especialmente quando se encontra em situação de poder. É como andar de carro blindado e esquecer de trancar as portas.

Na conversa, a ministra acertava detalhes para a chegada de Dometien, que se daria em dois dias. O telefonema havia sido gravado três semanas antes do assassinato. Alexandre deduziu que deveria ter algo a respeito dessa visita do banqueiro francês. As buscas foram então concentradas nesse período. Não demorou a aparecer. Numa das festas promovidas pela ministra, lá estava DSK confraternizando com figuras proeminentes dos partidos da base aliada. Num cruzamento com as fitas das orgias, logo surgiu ele novamente. Era um dos muitos estrangeiros e fôra confundido com diplomatas na primeira vez que assistiram os vídeos. Sueli gostava de gravar as intimidades dos seus convidados, especialmente quando se trancavam em seus quartos.

Pelo jeito, não eram mais aquele casal de amantes calientes sob o luar do Caribe, mas continuavam aliados nos interesses e muito semelhantes nas preferências sexuais, onde a velha paixão ainda se mantinha acesa. A única diferença - gritante - é que enquanto Sueli gostava de mulheres lindas e bem vestidas, DSK preferia as feias e pobres. Cada um exercia sua fantasia de poder de uma maneira e os dois gostavam de brutalizar o sexo.

A equipe de investigadores estava boquiaberta com tanta perversão. Simplesmente não dava para acreditar no que estavam assistindo.  E isso era apenas o que haviam encontrado no cofre da ministra. Eles sabiam que alguma caixa-forte de banco deveria estar aguardando coisa muito mais pesada e com gente muito mais importante. 

Numa das gravações, a ministra fez uma rápida referência a um estupro praticado pelo presidente da República quando esteve preso no passado. A vítima foi um garoto militante com quem dividiu a cela. Ela disse que a prova estava muito bem guardada fora do país e que seria usada na hora certa, "quando já estivermos com o dinheiro nas mãos".

- Esse dinheiro não pode ser aquele que encontramos no cofre. Aquilo era dinheiro de fuga. De que dinheiro ela está falando? - perguntou Rômulo.

- Acho que sei do que eles estavam falando. Consigam todas as informações sobre essa licitação dos aviões caça. Essa grana só pode ser de lá. Vamos atrás disso porque deve haver um plano para o dinheiro. Precisamos descobrir como, quanto e para onde iria essa grana  - disse Alexandre.

Enquanto a equipe saía no encalço das informações, o delegado atende um telefonema. Na tela do celular, uma mensagem diz que o número estava com a identificação bloqueada. Ele resolveu atender. Nunca se sabe quando uma boa informação aparece de graça. Era a jornalista Mércia Trancoso. 

- Oi delegado Alexandre ... por favor, não desligue ...

- O que você quer? Ou melhor, o que você ainda quer?

- Primeiro, eu queria me desculpar por qualquer problema que a minha  matéria possa ter causado a você ...

- A sua "matéria", vamos chamar assim aquilo, quase me custou a vida e a da minha equipe. 

- Eu soube do atentado e quase morri de tanta preocupação ... fiquei tão aflita ... ainda bem que vocês escaparam, né?

- Você foi muito irresponsável ao colocar a minha foto no jornal.

- Ah, Alexandre, mas aquilo foi o meu editor. Você sabe, eu sou apenas uma repórter e não tenho poder de decisão sobre como a matéria vai sair. Você entende, né?

- É sempre culpa do editor. Quem precisa entender são vocês, que não sabem porra nenhuma de investigação e nesse afã de conseguir a notícia, atrapalham todo o nosso trabalho.

- Mas, o público tem o direito de saber ...

- Saber o que? Pode parar com esse discursinho em defesa do direito de informação. Divulgar informação pela metade liquida qualquer investigação séria. Estou pensando seriamente em processar você e o seu jornal.

- Por favor, Alexandre, não faça isso. Não tenho dinheiro para pagar advogado. Sou uma simples repórter ...

- Se vira, peça ao seu jornal que banque.

- Você tem todo o direito de estar zangado, eu entendo, e queria me desculpar pessoalmente. Gostaria de convidá-lo para jantar. Diga que aceita ... por favor ... por favor ...

Alexandre titubeou por alguns segundos. Considerou os pros e os contras.

- Tudo bem, aceito. Quando seria esse jantar?

- Pode ser amanhã?

- Amanhã está bom. Onde e a que hora?

- No restaurante Nero, às 21h. Tudo bem?

- Certo, amanhã às 21h.

- OK. Muito obrigada Alexandre. Você não imagina o quanto isso significa pra mim ... estou tão feliz! Até amanhã então, um beijo! 

Após desligar o telefone, o delegado pensou que poderia realmente não saber qual era o significado daquele jantar. Para ela. Para ele não havia dúvida, pois sabia muito bem com quem estava lidando e tomaria todas as precauções possíveis. Pegou o celular e apertou o botão virtual de discagem rápida.


- Alô, Gabriel? Preciso da sua ajuda.

♦♦♦

E agora? Será que o delegado amoleceu? Será que ele acreditou mesmo na sinceridade da jornalista Mércia Trancoso? Será que ela vai tentar seduzi-lo? Será que ele cai nessa? E a tal grana da SS e do DSK? Quanto mistério, quanta safadeza!

E você? Apostaria suas fichas nesse enredo? Onde isso vai parar? Se é que vai parar ... Ajude a resolver essa investigação com as suas críticas, sugestões, devaneios, opiniões, sonhos, dicas e pirações : ) Vamos nos indignar!!! Como disse aquela operadora de telemarketing: "Estaremos aguardando para estarmos escrevendo" ... hahahahahahaha!!!

Como bem nos recomenda o Romoaldo todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, em nosso quadro na CBN Recife e, em seguida, aqui no nosso podcastUm abraço e bom café!

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