sexta-feira, 30 de julho de 2010

PLANTÃO DO CAFÉ


Ricardo Icassatti Hermano

Os leitores e leitoras do Café & Conversa começam a se engajar na campanha por melhores cafés nos Comitês de Imprensa brasilienses. O leitor Julio nos deu a seguinte dica:

A ABIC publicou material interessante visando auxiliar órgãos públicos em processos licitatórios para aquisição de café torrado e/ou moído de qualidade. Vejam o link:


Valeu Julio!

Agora só falta os responsáveis pelas compras no serviço público lerem o artigo e mudarem os cafés. Vamos torcer e continuar com a campanha. Somos incansáveis.

Refeição Memorável


Ricardo Icassatti Hermano

Durante nosso tempo de vida nesse planeta, temos alguns momentos de prazer que são memoráveis, ou seja, se tornam lembranças tão boas que servem de consolo nas horas ruins e de parâmetro para comparações no futuro. Pode ser qualquer coisa. Uma palavra, um olhar, uma piada, um gesto, uma imagem, um som, um livro, um cheiro, um movimento de mão, uma brisa. Ou a combinação de todos.

Anteontem, saí da academia na hora do almoço. Me deu vontade de comer um salmão grelhado muito bom que é preparado no restaurante da náutica, lá no Iate Clube mesmo. Infelizmente, o restaurante estava sem salmão. Daí parti para o restaurante Dona Lenha, que fica no Deck Brasil, aqui no Lago Sul.

Gosto muito desse restaurante e sempre almoço lá, quando tenho tempo. A comida é boa, bem feita e tem preço razoável. Uma fórmula infalível. O dono da rede, Paulinho Melo, é um cara antenado que gosta de viajar por outros países e aprender. Isso fez dele um excelente chef, atento e criativo. Além de ser apaixonado pela culinária italiana.

Estamos em plena Restaurant Week. Coisa de publicitário colocar os nomes em inglês. Eles devem achar que fica mais chique, agrega valor e outras baboseiras do tipo. Os restaurantes que participam criaram pratos especiais para o evento a preços módicos. Se fizerem sucesso, podem até acabar figurando no cardápio de maneira permanente. É uma excelente oportunidade para quem gosta de gastronomia.

Restaurant Week e, claro, café

No caso do Dona Lenha, o chef Paulinho Melo preferiu criar não apenas um prato, mas uma refeição completa. Entrada, prato principal e sobremesa. Ou, como prefiro, Primo Piatto, Secondo Piatto e Dessert. Na verdade, são dois pratos principais. Um à base de carne vermelha e outro com peixe. Não como carne vermelha há mais de 10 anos. Fui no peixe.

O Primo Piatto foi um interessante Tomate Caqui recheado com Salada de Beringela, grãos inteiros de trigo e Molho Tzatiziki. Esse molho tem origem grega e também é bastante popular na Turquia. É feito com iogurte, pepino, alho, azeite, sal, pimenta preta e endro. Um prato típico do Mediterrâneo, servido frio.

Primo Piatto

Em seguida, veio o Secondo Piatto: Filé de Robalo assado no forno a lenha com Geleia de Pimentão e Cebola, Purê de Funcho e Julienne de Aspargos Frescos. Foi quando o bicho pegou. O garçom ainda estava ao meu lado quando mastiguei o primeira pedaço. Ele apenas sorriu quando, involuntariamente, soltei um "Sensacional!!!".

Secondo Piatto e a epifania

Imediatamente, meus neurônios se assanharam e um furacão de sensações, lembranças e sentimentos se formou na minha mente. Uma verdadeira epifania. Enquanto saboreava aquela maravilha, um filme começou a rodar na minha cabeça. De repente, me dei conta dos muitos anos que frequento aquele restaurante.

Os garçons me conhecem e sabem do que gosto. Sabem até quando estou com pressa e quando não estou. A eficiente equipe acompanhou minha vida naquelas mesas. Viram meus filhos chegarem dos Estados Unidos, acompanharam suas transformações, conquistas e crescimento.

Viram minhas mulheres. As que duraram e as que passaram tão rápido quanto um almoço. Me viram bem humorado, triste, de ressaca, com sono, revigorado, entusiasmado, feliz. Sempre me servindo com presteza e até carinho. Todos eles fazem parte da minha vida, da minha história.

A dessert foi um Barco de Mamão Papaya com uma Bola de Sorvete de Iogurte e Crocante de Pistache. Um final digno para aquela refeição memorável. Tudo estava perfeito. As cores, aromas, sabores se casaram sem nenhum esforço. Finalizei, claro, com uma xícara de Café Arte, adotado por Paulinho após campanha empreendida pelo seu blog favorito.

Dessert

O Café & Conversa só pode aplaudir e agradecer pela inesperada experiência gastronômica. Esses momentos são raros e nunca sabemos quando, como ou porque ocorrem. Sei apenas que jamais os esquecemos e que devemos conservá-los com o máximo cuidado.

Além do talento, o chef Paulinho ainda tem a sorte de contar com uma equipe jovem, entusiasmada, competente e engajada em sua cozinha (Zé Aparecido, Késio, Adílio e Moizaniel), no atendimento (fico devendo os nomes porque são várias equipes e turnos) e na gerência, com a Daniela de Castro. Parabéns a todos e fazemos votos que continuem assim sempre.

Equipe azeitada no comando do fogão

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Jornalismo e Cafeína


Ricardo Icassatti Hermano

Depois de algumas décadas militando no ofício de repórter, cheguei à conclusão que o jornalismo simplesmente deixaria de existir se o café desaparecesse da face da Terra. A cafeína é a nossa cesta básica para escrever. Muitas das vezes, noite adentro. Escrever é um vício e cafeína vicia. Um vício alimenta o outro.

Anteontem, o blog Café & Conversa realizou um evento "gastro-cafeínico-degustator" no Comitê de Imprensa do Senado Federal. Para a empreitada, contamos com os dotes culinários das colegas jornalistas Raquel e Márcia, que forneceram bolo de fubá e pão de queijo assado na hora (levaram até um forninho elétrico) para acompanhar o café Sul de Minas, da cafeteria paulistana Santo Grão, que é representada em Brasília pela Fellini Caffè (SCLS 104).

Bolo de fubá e pães de queijos absolutamente deliciosos
harmonizaram perfeitamente com o café

Romoaldo ficou encarregado de "passar" o café em uma cafeteira French Press e eu fiquei encarregado das fotos. E foram várias "passadas", pois o povo é insaciável. Tanto no café quanto na comida ... Aliás, para um próximo evento, solicitei às nossas colaboradoras que trouxessem mais bolo, porque uma das jornalistas comeu quase tudo sozinha! Não conseguia nem falar com a boca cheia de bolo.

Da direita para a esquerda, Raquel, Romoaldo e Márcia, com o Santo Grão

A degustação foi um sucesso. Até colegas baseados na Câmara dos Deputados vieram correndo participar e experimentar um café de alta qualidade. Estamos nos esforçando para que o conhecimento se espalhe e forme consumidores exigentes. Não precisamos tomar café ruim, como o que é servido nos Comitês de Imprensa brasilienses.

Little Mary trouxe até uma antiguidade da sua milionária coleção

Simplesmente não há chance de beber um café de qualidade quando é comprado através de licitação, onde o que importa é o menor preço. Quanto mais baixo é o preço, maior é a certeza de comprar o pior produto. Uma inversão de valores, uma distorção disfarçada de probidade.

Depois dos restaurantes, nasce mais uma campanha do seu blog favorito por melhores cafés no serviço público. Chega de beber lixo! Porque é isso que vínhamos bebendo, lixo. Tem de tudo dentro daquele pó mal-cheiroso comprado através de licitação. Certa vez, nos recusamos a beber devido ao forte odor de bosta que aquilo exalava.

Mas, retornando ao evento. As(os) jornalistas experimentaram um café perfumado, bastante encorpado, pouco ácido e doce, especialmente no retrogosto. Realmente prazeroso. Teve gente que nem piscava depois. O chato foi ficar com o cérebro em ponto de bala e não ter notícias por causa do recesso parlamentar ... Mas, valeu o rebuliço!

A "imprensa" deitou e rolou no café, bolo e pão de queijo

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A Música do Dia - Xote Esquentado - Heraldo do Monte


Romoaldo de Souza


Para um país que tem memória cultural que pode ser guardada no miolo de uma ervilha, "tipo assim", renovada a cada "micareta", André Christovam, um dos mais importantes "bluseiros" que o Brasil já conheceu, foi taxativo: "Heraldo do Monte é nosso mestre". Com esse Xote Esquentador, o músico pernambucano mostra as semelhanças harmônicas e rítmicas entre o xote e o blues.


Recorde-se que quando a gente está aprendendo os primeiros passos do xote, a marcação é sempre dois pra lá, dois pra cá. Não é? "Tum, tum, tum, siff". Esse "siff, é uma onomatopéia para a pausa. "Tum, tum, tum, (pausa)". "Tum, tum, tum, (pausa)"


Da mesma forma é a marcação do blues, 4 x 4. Idêntico ao xote. E olha que conheço gente "letrada" e pós-graduada em música, que vai ao delírio mesmo ouvindo blues meia-boca, mas nunca teve "coragem" de analisar as semelhanças entre dois gêneros.


Fala-se muito, que o blues chegou aos Estados Unidos, levado pelo escravos, que cantavam na colheita do algodão, no sul, do país. Já o xote, chegou ao Brasil, trazido pelos portugueses. Ah, alguma coisa boa os patrícios trouxeram.


O xote carrega certa semelhança com a polca escocesa e tem seu nome associado ao "schottisch", palavra alemã que tem significado próximo a escocesa.


Minha professora de alemão, dona Frida, que não passou do "islibidish", mandava que eu repetisse, sempre, "schottisch", "schottisch", "schottisch". Ela adorava meu sotaque nordestinense, e ficava naquilo mesmo. "Schottisch", "schottisch", "schottisch". Resolvemos que entre nós a pronúncia seria xote. É xote, pronto!


Suas noites são de frio? Quer dar uma boa esquentada? Dance xote, dance blues. Dance!


O pernambucano, Heraldo do Monte é de Recife, e começou tocando com gente do naipe de Hermeto Pascoal, Airto Moreira e Theo de Barros. Não precisa dizer mais nada. Precisa?




terça-feira, 27 de julho de 2010

A Música do Dia - Papel Marché - João Bosco


Romoaldo de Souza

O que se pode esperar de uma mulher que chora, copiosamente quando vê As Pontes de Madison, mesmo que seja pela centésima vez? E alguém que curte MPB com a mesma paixão com que se delicia escutando Ne Me Quitte Pas?

Bom, se essa pessoa for uma jornalista que adora bike, que escreve como poucos e toma café saboreando cada um dos 15ml do ristretto, siga-a.

Esporte predileto da jornalista que, nas horas vagas, escreve textos de amor e ódio com a mesma sintonia com que pedala sua bike pelos arredores de Brasília

Quando soube que João Bosco estaria em Brasília, pedi a Kátia Maia que escrevesse um post para o Café & Conversa. Que degustasse o "retrogosto" do som de João Bosto de Freitas Mucci, o mineiro mais carioca que o ex-governador Aécio Neves, que não sai do Rio de Janeiro nem para fazer campanha eleitoral. Pronto! Com vocês, Kátia Maia, a voz que a CBN perdeu. Ei tia Marisa, a senhora não acerta uma, heim?


Fui ao show do João Bosco na sala Villa Lobos, do Teatro Nacional de Brasília. Uma daquelas oportunidades que a gente se sente feliz de ter sabido, aproveitado e curtido.


Ele veio para uma apresentação que faz parte do programa MPB Petrobrás e que disponibilizou ingressos a R$ 20 a inteira e R$ 10 a meia.


Claro que quando fui comprar já estava quase esgotado, mas encontrei um lugarzinho, na ponta do primeiro lote de fileiras. Bem localizado para dizer a verdade. O suficiente para ouvir e me evolver.


"Pena ter deixado minha bike no Rio..."


Com mais de 30 anos de carreira, João Bosco apresenta um show que passeia por todas as canções que marcaram sua carreira, além de interpretar oito músicas presentes no seu mais recente álbum intitulado de “Não vou pro céu mas já não vivo no chão”.


Mesmo com canções ainda inéditas para a grande maioria do público, ele encantou. E não podia ser diferente. O estilo de João Bosco todo mundo já conhece e é um pouco naquela linha: ame-o ou deixe-o. Eu não chego necessariamente a amar, mas gosto muito e me encanto toda vez que vou a um show dele.


Pois bem, não sou uma especialista, estudante ou conhecedora de música. Sou apenas alguém que ouve e gosta e eu ouvi e gostei bastante do que foi apresentado durante todo o show que durou quase duas horas, incluindo o bis.


João Bosco canta acompanhado de sua banda e junto com o trio Kiko Freitas (bateria), João Baptista Guimarães Carvalho (baixo) e Ricardo Silveira (guitarra) viaja por várias influências musicais e literárias dentro do repertório e dá um show com o seu violão.


Violão e voz! Sempre fiel ao seu estilo, João Bosco continua afiadíssimo nos seus passeios vocais pela música que interpreta. Concentrado e voltado par o instrumento, ele pouco fala durante a apresentação, mas não precisa sua voz já diz tudo passeando pelas várias interpretações.


João Bosco cantou grandes sucessos como ‘De frente para o crime’ e “Quando o amor acontece”, além, claro de “Papel Marche” que ele canta no bis.


Aliás, no momento do Bis já é esperado claro que alguém peça a música ao que João Bosco responde:


- Calma, eu vou cantar Papel Marche. Mas antes tem músicas novas do álbum novo. A vida anda e é preciso que venha o novo. Mas, eu vou cantar Papel Marche, e cantou!


No bis, Papel Marché, para marcar a noite encantadora que João Bosco propiciou

Para quem já comprou o ingresso, bela escolha. Terá uma noite de sábado gratificante e será feliz.


Bom show. Se quiser uma amostra, gravei as apresentações de algumas músicas de João Bosco durante o show, entre elas, ‘De frente para o Crime’ e ‘Papel Marche’, além ,claro de algumas músicas do álbum novo. Se quiser ver todos, acesse a minha conta no youtube.


MPB Petrobrás - é uma daqueles momentos que você agradece o bom uso do dinheiro público. Momento em que o resultado dos impostos que pagamos e que são altíssimos retornam para nossas vidas na foram de cultura o que é sempre muito bom.


Idealizado e realizado pela Caderno 2 Produções Artísticas, produtora baiana com atuação em várias capitais, o projeto comemora 13 anos de sucesso, consolidado como um dos mais bem sucedidos projetos culturais do país.


Com o patrocínio da Petrobras e apoio da Lei de Incentivo à Cultura – Ministério da Cultura – serão dez cidades conectadas com o melhor da música popular brasileira. A programação de shows prima pela diversidade de estilos e linguagens, presentes em cada canto do Brasil.


O projeto privilegia sempre uma atração local. O show do João Bosco foi aberto pela cantora Ana Reis. Boa. Gostei também. Tem uma voz doce e de presença.



Papel Marché

João Bosco & Capinam


Cores do mar, festa do sol
Vida é fazer
Todo o sonho brilhar
Ser feliz
No teu colo dormir
E depois acordar
Sendo o seu colorido
Brinquedo de Papel Machê...(2x)

Dormir no teu colo
É tornar a nascer
Violeta e azul
Outro ser
Luz do querer...

Não vai desbotar
Lilás cor do mar
Seda cor de batom
Arco-íris crepom
Nada vai desbotar
Brinquedo de Papel Machê...

Dormir no teu colo
É tornar a nascer
Violeta e azul
Outro ser
Luz do querer...

Não vai desbotar
Lilás cor do mar
Seda cor de batom
Arco-íris crepom
Nada vai desbotar
Brinquedo de Papel Machê...

Ai Ai Ai Ai Ai Ai!!
Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê
Lon Lon Lon Lon Ah!
Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê

Lon Lon Lon Lon Ah!...

Sorvete de Chocolate


Ricardo Icassatti Hermano

O ano era 1999. Me lembro bem daquela tarde de sexta-feira. Estava no Comitê de Imprensa sem nada para fazer. Alguém havia me falado que a Rosão era corredora de rua. Rosão é uma jornalista, assim como eu. Ela é a Rainha dos Escândalos e é uma das poucas que consegue balançar a roseira da República. Mas, esse é um outro assunto.

Eu estava me preparando para fazer uma grande viagem. Iria percorrer os 850 quilômetros do Caminho de Santiago de Compostela. Sim, eu li o Diário de Um Mago, mas não foi essa a minha motivação. Fui movido pela curiosidade mesmo. Aquele caminho existe a séculos e eu nunca havia ouvido falar dele até ler o livro. Não tinha nenhuma experiência esotérica envolvida. Me interessei pela viagem a pé.

O Caminho, em azul, atravessa todo o Norte da Espanha

Buscava alguém que pudesse me dar algumas dicas sobre treinamento de corrida. A preparação física seria um fator muito importante na jornada. Assim, fui falar com Rosão. Eu já a conhecia informalmente. Ao relatar o que pretendia, ela soltou uma gargalhada e gritou: "Você é leitor do Paulo Coelho!"

A francesa aí foi a cavalo. Eu fui a pé : )

Expliquei a ela que o Caminho de Santiago existe muito antes do Paulo Coelho ser sequer um projeto de espermatozóide e continuará existindo muito tempo depois que o escritor for apenas um verbete qualquer no Wikipedia.

Felicia, a alegre carimbadora de passaportes.
Uma lenda do Caminho. Já está com papai do Céu ...

Dito isso, ela me ajudou nos treinamentos por um ano, até a véspera do meu embarque para a Espanha. Ao longo daquele ano, ela foi me perguntando sobre os preparativos e conversamos muito sobre cada nova informação que eu conseguia. Ela embarcou 15 dias depois de mim e ao retornar me disse que foi a melhor coisa que já havia feito na vida. Rosão ainda voltou outras duas vezes, saindo de localidades diferentes.

Finisterre, acabou a viagem e agora é só alegria

Assim, desenvolvemos uma boa e grande amizade ao longo desses anos. De vez em quando, passamos um tempo sem nos ver. Ossos do ofício. Geralmente, ela está investigando algum escândalo de corrupção. Quando o tempo acalma, nos reencontramos e continuamos nossas conversas. Foi assim na semana passada.

Nos esbarramos pelos corredores do Congresso Nacional e ela me convidou para almoçar. Havia acabado de receber seus tíquetes-alimentação ... estava espantosamente generosa. Aceitei o convite e fomos a um dos restaurantes da Câmara dos Deputados. Comemos e colocamos a conversa em dia. Trocamos ideias sobre os filmes de Woody Allen e outros assuntos sigilosos.

Ao sairmos do restaurante ela me perguntou se eu queria um sorvete. Tem uma geladeira bem na saída. As opções de sorvetes são cada vez mais abundantes e como não conheço 97% delas, fui no que eu gosto desde criança: picolé de chocolate.

Mulheres vivem dizendo que estão em dieta, que estão gordas, que precisam emagrecer, aquela velha ladainha. Mas, todas elas ficam nos empurrando doces para que possam comer junto e não se sentirem culpadas. Rosão não é diferente. Assim que dei a primeira mordida no picolé, os olhos dela cintilaram com aquele brilho da loucura e ela balbuciou: "Hum! Parece que tá bom esse picolé. Posso tirar um pedacinho?"

É claro que concordei. Afinal, ela estava pagando mesmo. Vocês já viram algum documentário do Discovery Channel sobre tubarões brancos? Viram as mordidas que dão nas iscas? Pois é. Rosão não fica nada a dever em ferocidade e gulodice a um desses terrores do mar.

Ela veio fazendo um biquinho humilde. Numa velocidade alucinante abriu o bocão e NHAC!!! Com uma dentada levou metade do picolé. Depois reclama que está gorda ... e eu fiquei com vontade de comer mais.

Pô Rosão ... metade do picolé???

Aí vocês me perguntam: "Mas, era sobre isso que você queria falar?". Era. Mas, também serviu de introdutório para a receita que trago para as leitoras e leitores do Café & Conversa. Em vez de comprar sorvete cheio de gorduras estranhas no supermercado, faça o seu em casa. Saudável, simples e gostoso. E se uma amiga chegar com essa conversa de dieta e de "me dá um pedacinho", você pode servir um balde para ela e tomar o seu sorvete sossegado.

Sorvete de Chocolate

Ingredientes

- 125g de chocolate meio amargo (60% chocolate, no mínimo)
- 1/4 xícara de água fervente
- 1/3 xícara de chocolate em pó, sem açúcar
- 1/2 xícara açúcar
- 2 xícaras de leite
- 2 xícaras de creme de leite
- 1 pitada de sal
- 1/4 colher de chá de café instantâneo (opcional)
- 3 gemas de ovo mexidas
- 1 colher de chá de extrato de baunilha

Preparo

Derreta o chocolate em banho-maria. Quando estiver derretido, transfira para uma panela de molho em fogo MÉDIO-BAIXO e adicione a água fervente, o chocolate em pó e metade do açúcar. Mexa vigorosamente até que não sobre nenhum caroço. Retire do fogo.

Adicione o leite, 1 xícara de creme de leite, o açúcar restante (o café instantâneo, se quiser) e o sal. Mexa vigorosamente até que todos os ingredientes estejam inteiramente incorporados à mistura.

Quando essa base de chocolate estiver macia, volte para o fogo MÉDIO-ALTO. Mexa de vez em quando e aguarde até que a mistura inicie a fervura (soltando vapor).

Bata levemente as gemas de ovo e vá acrescentando aos poucos a base de chocolate. Bata vigorosamente para evitar que o chocolate quente cozinhe as gemas. Quando tiver incorporado cerca de metade da base de chocolate, despeje tudo de volta na panela da base e misture bem.

Volte a panela para o fogo MÉDIO e deixe até que a base atinja a temperatura de 76º Celsius. Nesse ponto a base estará mais fina e iniciando a fervura novamente (soltando vapor). Adicione o restante do creme de leite frio, para evitar que continue cozinhando.

Sobre uma tigela, passe essa base por uma peneira fina de metal para retirar qualquer caroço. Coloque a tigela sobre água com gelo para acelerar o resfriamento. Adicione o extrato de baunilha e mexa bem.

Leve ao congelador e deixe por uma noite inteira. No dia seguinte, retire e mexa bem o sorvete, de preferência numa máquina caseira de fazer sorvete. Se preferir o sorvete mais cremoso e suave, pode servir imediatamente. Caso contrário, retorne ao congelador por mais duas horas.

Ao retirar, se estiver muito duro, deixe descansar por alguns minutos antes de servir.

Saudável, simples e gostoso!!! Exatamente como o Café & Conversa

domingo, 25 de julho de 2010

A Música do Dia - Couleur Cafe - Charlotte Gainsbourg


Romoaldo de Souza


Nas anotações de Alexandre Dumas, autor de Os Três Mosqueteiros, o escritor francês ambienta sua história na efervescente Paris de 1624.


D'Artagnan, aventureiro e corajoso, que vive em busca da fortuna; Athos, o nobre; Porthos, o forte; e Aramis, o astuto; são secundários se o leitor atento se debruçar nas artimanhas de Anne de Bueil, Milady de Clarick ou Milady de Winter.


Agente do cardeal Richelieu, Milady Winter é presa, mas consegue fugir, mata o duque e envenena uma das paixões de D'Artagnan, que servia de serviçal da rainha.


Nos meus alfarrábios encontro, certo dia, no Fellini Caffe, depois de um jogo modorrento da Copa do Mundo, uma mulher que até então eu só a conhecia como @Milady_Winter e uma fotinha ínfima.


Assim, mesmo! Quase irreconhecível, escondida nos enigmas que escreve


Além disso, seu prazer pela #Absolut, que já foi o meu, e as mais de 15 mil anotações que fazia no twitter: umas, um tanto quanto enigmáticas como "OK… caindo agora pro #ZeroGrau pro #Wob! #Fui."


Outras mais claras: "#Vouconfessar que de vez em quando olho pro bonequinho \o/ e penso em baculejo... #Soupervertida?! rsrsrs."


É o estilo de mulher que se você decidir segui-la vai ter de adquirir um bom GPS, com satélite funcionando a todo vapor, tempo, dinheiro e muita disposição para o ecumenismo:


- #benção da #PsychoBispa não tem ressaca que chegue!!kkkk. Escreveu.


Outras noites, ela está excessivamente engajada: "2-Colocar aquele pretinho básico de arrasar e sair pra dançar até amanhecer com as amigas numa boate gay. #prazeresloucos."


Ou carente: "Agora realmente preciso de um momento relax... essa sexta foi uma daquelas... #PsychoBispaGoesPsycho #Podeusartagassim?".


- Eu tomei esse "nica" @Milady_Winter, com base na personagem Alexandre Dumas. Adoro os shades of gray da personalidade dela... Ela é notoriamente uma vilã na história, mas existe muita densidade. Não é totalmente má... - diz, contrita.


Bom, ao menos ela vai me fazer reler Dumas, pensei. E fez. E tanto fez que ganhou a caneca do Café & Conversa. Isso, uma roda de amigos, provando um Santo Grão, Sul de Minas, no Fellini Caffé quando sorteei a caneca.


Assim como nossa seguidora @Milady_Winter, que adora vodka e café, não necessariamente juntos, nós vamos trazer para este domingo, uma música já apresentada aqui, no blog, com outra versão.


Por essa caneca, eu mataria até D'Artagnan


Couleur Cafe de Serge Gainsbourg, com a filha do compositor francês Charlotte Gainsbourg. E, só para você ter uma idéia de quem é a mãe dessa figura, a Charlotte, claro, eu estou falando de Jane Birkin, a mulher que deixou Paris de queixo caído.


É por isso que Café & Conversa é o seu blog de entretenimento, dicas de café e boa música.



Couleur Cafe

Charlotte Gainsbourg


J’aime ta couleur cafe

Tes cheveux cafe

Ta gorge cafe

J’aime quand pour moi tu danses

Alors j’entends murmurer

Tous tes bracelets

Jolis bracelets

À tes pieds ils se balancent


Couleur

Cafe

Que j’aime ta couleur

Cafe


C’est quand même fou l’effet

L’effet que ça fait

De te voir rouler

Ainsi des yeux et des hanches

Si tu fais comme le café

Rien qu’à m’énerver

Rien qu’à m’exciter

Ce soir la nuit sera blanche


Couleur

Cafe

Que j’aime ta couleur

Cafe


L’amour sans philosopher

C’est comm’ le cafe

Très vite passé

Mais que veux-tu que j’y fasse

On en a marr’ de cafe

Et c’est terminé

Pour tout oublier

On attend que ça se tasse


Couleur

Cafe

Que j’aime ta couleur

Cafe