sábado, 4 de setembro de 2010

Arroz Integral com Maçã e a Contracultura Hippie


Ricardo Icassatti Hermano

Os movimentos de resistência também são movimentos de mudança. Para mudar é preciso resistir primeiro ao antigo. Porque o antigo não aceita a mudança. Está acomodado e, egoisticamente, não consegue vislumbrar os ganhos que são de todos. Esquece que o futuro não lhe pertence.

O antigo acomodado não é curioso e tem medo que o novo destrua o que conquistou. Mesmo depois das mudanças, o acomodado sempre retorna querendo que tudo volte a ser como era antes. E sempre travestido de mudança. Vejam o caso do PT e do Lula.

Passaram 20 anos pregando que eram os arautos da mudança, os progressistas. Colocaram defeito em tudo, sabotaram tudo o que puderam, tentaram impedir todo e qualquer avanço e mudança real. Quando chegaram ao poder, ressuscitaram um coronelismo perverso e atrasado que já estava moribundo.

Levaram o país de volta ao século XIX e tentaram instrumentalizar uma ditadura às escondidas. Desfraldaram a bandeira da popularidade para tentar usurpar a democracia conquistada a duras penas. Solaparam a meritocracia em nome do aparelhamento do Estado.

Se Lula tivesse sido presidente dos Estados Unidos nos anos 1960, a NASA não existiria, as universidades seriam antros de mediocridade e os americanos estariam migrando ilegalmente para o México e para a América do Sul.

O Brasil não ganhou nada com isso, só perdeu. Nos tornamos a República incompetente do pão com banana e circo. O mestre de cerimônias enche a cara e faz comícios no picadeiro nacional e no internacional. Às vezes, chega a ser confundido com o palhaço ou o urso dançarino. Um circo triste, mas vejam a bilheteria como está faturando bem.

Mas, eu quero falar de outra coisa. Se hoje você faz Yoga, come alimentos orgânicos, acende um incenso, se preocupa com o meio ambiente, tem computador, internet e música MP3, agradeça à contracultura dos anos 1960. Aquele foi um movimento de resistência legal. Paz e Amor, era o lema. E tome rock'n roll, literatura, cinema, música, arte, cores, vida alternativa, ciência e tecnologia.

A contracultura mudou o visual de tudo com uma explosão de cores

Tudo o que você hoje vê com normalidade, começou lá na Califórnia com uns meninos cabeludos que vestiam roupas coloridas e foram denominados Hippies. Isso que todo mundo faz hoje, eles faziam há 50 anos e todo mundo achava estranho, bizarro e se opunha, muitas vezes com violência. Gente ignorante, intolerante, violenta, atrasada, egoísta, antiga. Já falei sobre isso.

Paz, amor, música. Depois, paz, amor, música ...

Os Hippies que fizeram o movimento de contracultura dos anos 1960, se opunham ao nacionalismo e à Guerra do Vietnam. Descobriram e abraçaram aspectos de outras religiões como o Budismo, o Hinduísmo e o Xamanismo nativo-americano. Estavam completamente em desacordo com os valores tradicionais da classe média norte-americana.

Sente só a figuraça com 17 anos de idade, totalmente na onda

Aqueles Hippies também abominaram o racismo e adotaram estilos de vida tanto comunitário quanto nômade. As viagens se tornaram o instrumento de aprendizado e desenvolvimento pessoal. O tema acabou sendo um filão muito rentável para Hollywood. A liberdade do corpo veio com o sexo desvinculado do amor, dos tabus e das superstições religiosas. A liberdade da mente veio com o LSD.

Rumo a Woodstock

Os filhos deles nos deram a informática, a medicina de ponta, a internet, a conquista do espaço, a ecologia e tantas outras coisas. Mas, o atraso, o antigo acomodado continua por aí freando o avanço natural. Nesse caldeirão de bruxa, misturam religião, preconceitos variados, repressão, intolerância, egoísmo, medo e guerra.

Mas, como todo movimento inicial, estava impregnado de inocência. A realidade humana logo tratou de transformar o amor livre em devassidão para libertar as taras e perversões mais baixas. Com elas, vieram as doenças venéreas letais. O LSD gerou um grande negócio com o uso abusivo de drogas absolutamente destrutivas. O sentido se perdeu e o sonho acabou.

Felizmente, algo de bom ficou. Toda mudança é assim e jamais podemos esquecer que o ser humano é o criador de tudo. E o ser humano é lastimável. Além disso, o desenvolvimento humano tem o movimento de um pêndulo e ainda estamos oscilando de uma extremidade à outra. Experimentamos momentos de avanços e momentos de recuo.

Hoje, a receita é uma homenagem àqueles tempos, que tive a felicidade de viver justamente nos anos da minha inocência juvenil. Embarquei de cabeça no mundo Hippie brasileiro, que não tinha muito em comum com o americano porque não estávamos em guerra com ninguém. Ficamos apenas com a parte boa : )

Aqui, aos 20 anos de idade. Ainda na onda: "quem não tem colírio ..."

Aprendi a comer arroz integral nessa época e nunca mais deixei esse alimento fora da minha dieta. Outro alimento que também incorporei definitivamente é o pão integral. Só abro exceção para o pão italiano e para o pão francês da La Boulangerie. Fiquem com essa deliciosa receita. Tenho certeza que irão gostar.

Arroz Integral com Maçã
2 porções

Ingredientes

- 1 maçã cortada em cubos
- 2 colheres chá de azeite
- 1 1/2 xícara de arroz integral já cozido
- Folhas de hortelã picadas a gosto
- 1 pitada de canela

Preparo

Refogue a maçã rapidamente no azeite com a pitada de canela. Junte ao arroz e à hortelã. Misture bem e sirva.


Arroz Integral Cozido

Para cozinhar o arroz integral utilize a seguinte relação de medidas: para 1 copo de arroz, 4 copos de água. Não utilize óleo. Deixe a panela esquentar em fogo baixo. Coloque alho e cebola picados e quando estiver começando a grudar na panela, adicione um pouco de água. O suficiente para não deixar o alho grudar.

Quando o alho e a cebola estiverem bem dourados, coloque o arroz lavado e vá dourando do mesmo jeito. Quando estiver bem torrado, coloque os 4 copos de água fervendo. Mexa e deixe a tampa ligeiramente aberta.

Quando o arroz estiver quase seco, coloque temperos verdes frescos e sal (marinho de preferência).

Com esse arroz dá pra resistir muito

3 comentários:

A. T. disse...

Interessante esse blog. Também é impressionante o pouco tempo de vida e a quantidade de seguidores.

Essa coisa de falar de um movimento e vir com uma receita também é genuíno.

Como o tema foi relatado com um toque de pessoalidade ficou mais interessante e chamativo. Melhor de ler.

Parabéns pelo blog!

Brunah disse...

BOM DEMAIS!!
Li duas vezes, para captar a intensidade exata de cada palavra e frase.
Parabéns.

Café & Conversa disse...

Adenevaldo e Brunah,

Ficamos muito felizes que vocês tenham gostado do blog. Nós nos esforçamos e colocamos muito da nossa própria história aqui. Obrigado pelo retorno e pelos elogios : )

Abraço