terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Bravura Indômita, um faroeste de verdade


Ricardo Icassatti Hermano

Domingão pós-reunião de pauta do blog-irmã Café & Veneno no country club da @maria_lima. Meus filhotes exigiram almoço e cinema. Eles mandam. Eu obedeço. Fomos assistir o mais recente filme dos irmãos Ethan e Joel Coen, a refilmagem de um clássico do faroeste de 1969: Bravura Indômita (True Grit). O filme original foi estrelado pelo mais famoso cowboy do cinema, John Wayne, que levou o Oscar.

Cartaz do filme

Neste novo filme, o delegado (U.S. Marshal) beberrão e cego de um olho, Rooster Cogburn é interpretado de maneira soberba por Jeff Bridges. Com essa ele se redimiu da lamentável palhaçada na pseudo ficção científica Tron. O delegado é uma figuraça. Não gosta muito de fazer prisioneiros. Sua primeira aparição no filme é justamente como réu num julgamento que investiga a "captura" de um procurado pela justiça. Cogburn matou todos os irmãos do procurado.

John Wayne e Jeff Bridges, o tapa-olho trocou de lado

A boa revelação é a pequena atriz Hailee Steinfeld, de apenas 14 anos de idade e que surpreende pela segurança e competência com que interpretou o papel de Mattie Ross, filha de um homem assassinado por nada. Vendo que a polícia pouco pode fazer para capturar o assassino do seu pai, a menina toma para si a tarefa de não deixá-lo impune. A determinação, a coragem e a inteligência da menina são um assombro. Especialmente naqueles tempos. Me lembrou até uma certa mulher que admiro.

Hailee faz parte de uma geração de jovens atrizes super talentosas

O assassino condenado à forca, Tom Chaney, é interpretado por Josh Brolin. Apesar de ser um papel pequeno, ele mandou muito bem no papel de um bandido meio retardado e que fez da morte a solução para tudo. No Velho Oeste, as coisas não eram fáceis. Era um mundo selvagem tentando se civilizar. O tipo de lugar onde prolifera esse tipo de gente meio humana meio animal.

O assassino Tom Chaney, ignorância elevada à 10ª potência

O outro delegado que também quer capturar Chaney por um outro assassinato, dessa vez um senador estadual, é o Texas Ranger Labouef, interpretado por Matt Damon. Aqui o trabalho não fedeu nem cheirou, mas faltou personalidade. Ele não me convenceu como cowboy. Mas, passa - raspando - como a parte cômica do trio de caçadores de condenados.

Damon está quase engraçado no papel de um Texas Ranger esquisito

Pelo que já vi dos irmãos Coen, me parece que eles gostam da insanidade que permeia a violência sem sentido (para nós). Seus personagens matam como se fosse a coisa mais banal do mundo. Todos eles também transitam num submundo onde a violência é a lei. Ali todos compreendem essa regra e convivem bem com isso, o que acaba criando uma sanidade própria. Para eles, aquilo faz sentido. Isso fica bem óbvio nos diálogos.

Os Coen parecem mórbidos, mas são bons garotos

Não tem cenário e época melhores para retratar essa "(in)sanidade" particular do que o Velho Oeste. Armas, ignorância, conflitos de terras, pobreza, whisky, ouro, aventureiros, religião, ladrões, assassinos, riquezas rápidas. Tudo isso junto faz um excelente pano de fundo para qualquer história violenta.

Algumas cenas parecem ter saído de uma história em quadrinhos

Os Coen também gostam de retratar uma espécie de homem que está em extinção. Aquele homem que fala pouco e faz o que é preciso fazer para estabelecer a ordem. O surpreendente é uma menina agir como aquele tipo de homem.

Agora, todo mundo é sensível e metrosexual ...

O filme é excelente e um bom faroeste é imbatível. O Café & Conversa assistiu e recomenda. Tiros, assassinatos, cavalgadas, perigos da natureza e insanidade geral. Diversão para toda a família : ) É filme para Oscar. Veja o trailer.



Um comentário:

Cristina Lopes disse...

Grande pai. Depois daquela comilança toda encarou o cinema com os filhos. Adorei o post.