domingo, 19 de janeiro de 2014

O Lobo de Wall Street e os psicopatas que nos rodeiam

Ricardo Icassatti Hermano

Finalmente a dupla Martin Scorsese-Leonardo DiCaprio produziu algo digno do pedigree estelar envolvido. Não estou afirmando que se trata de um filmão. Apenas reflete e confirma o talento da dupla, o que ficou faltando nos outros filmes. Também não estou dizendo que eram ruins, apenas que não renderam o que se esperava deles. O Lobo de Wall Street é baseado em outra obra, o livro de Jordan Belfort, que conta a sua passagem nos anos 80 pelo mundo financeiro de New York, desde que lá chegou 22 anos de idade até a sua prisão por fraude financeira. 

Cartaz do filme

Leonardo DiCaprio interpreta Jordan Belfort, um selfmade man que não passa de um psicopata num universo de psicopatas e gananciosos em geral: o mercado financeiro. A história é real com muita licença poética para massagear o ego de Belfort. O filme poderia ser classificado como uma comédia, e quem assistir vai entender, mas retrata bem o que foi a época dos yuppies movidos a cocaína e outras drogas. Fenômeno que se repetiu há quase uma década na Europa e nos Estados Unidos, levando o mundo a uma crise financeira que parece não ter mais fim. Psicopatia e ganância, combinação infernal. Felizmente para a humanidade, todo psicopata traz em si a compulsão irrefreável para a autodestruição. 

Psicopatas são bons de lábia

O filme é bom, faz a plateia rir das trapalhadas que malucos fazem quando têm dinheiro demais nas mãos. Mas, é um dinheiro sujo, conseguido através da mentira, da trapaça, da pilantragem, da pusilanimidade. Os personagens ali retratados são amorais e imorais. Não que eu tenha algo contra surubas, noitadas, bebedeiras, gastar etc. Minha juventude foi muito boa. Mas, desde que não seja com o meu dinheiro. Se vão usar a minha grana, que pelo menos me convidem para a festa. Não quero ser o português da piada - aquele que ainda não comeu ninguém na suruba ...

O filme me trouxe algumas boas lembranças : )

Como qualquer psicopata, Jordan Belfort é um grande enganador. Mentiroso de primeira linha, mas também é um motivador. E o seu trabalho praticamente se resumia a isso, incentivar uma equipe de gananciosos a ganhar dinheiro para ele. A mesma conversa fiada que utilizava para vender ações vagabundas para pequenos investidores desinformados, servia para adrenalizar seus corretores. E fraude é sempre igual, seja no mercado financeiro ou na política, ações ou mensalão.

A grande ilusão ...

O filme é uma grande lição de como podemos ser enganados facilmente com o discurso certo. Algo que vemos muito por aqui na política. A diferença é o papo furado "disquerda". São todos vendedores de ilusão e, invariavelmente, quase todos terminam presos. O problema é que depois viram palestrantes e passam a ensinar seus truques. Qualquer semelhança com figuras da nossa política - presas e/ou ainda soltas - não é mera coincidência.

Sou capitalista e gosto de dinheiro. Mas, dinheiro demais sempre é problema

O filme seria muito melhor se não tivesse omitido as consequências do golpe para os investidores, em sua maioria trabalhadores com pequenas poupanças. Mesmo que nos mostre como se vende ilusão, gastar três horas com  boas piadas e sexo não me parece algo digno de Oscar. Leonardo DiCaprio com uma vela acesa enfiada no rabo pode ser divertido, mas não nos tira a respiração e nos areja a alma como Gravidade,  Questão de Tempo e a A Vida Secreta de Walter Mitty. Estes sim, dignos de prêmios.

Cenas hilárias 

Ao contrário das ações vendidas por Jordan Belfort ou as da Petrobras, você não vai jogar dinheiro fora assistindo a esse excelente filme. É diversão garantida para toda a família, mas assista com os olhos bem abertos e reconheça os mesmos padrões que são utilizados aqui no Brasil para enganar milhões de eleitores e roubar o nosso dinheiro. Veja o trailer: