quarta-feira, 31 de março de 2010

Nhoque de Mandioquinha


Ricardo Icassatti Hermano

Sempre pensando na felicidade dos seus leitores, o Café & Conversa traz hoje uma receita muito especial para vocês comemorarem a Páscoa com muito estilo e sabor, porque não dá para ficar apenas no chocolate e na fantasia de coelho né?

Como a nossa tradição cristã impede o consumo de carne no domingo de Páscoa, todo mundo corre para o peixe. Geralmente o bacalhau reina absoluto, mas há outras opções bem legais.

E foi pensando nisso que procuramos e encontramos essa receita da chef Flávia Mariotto, do restaurante Mercearia do Conde, publicada no site da revista Casa e Jardim.

Como é tradição aqui no blog, a receita é fácil de executar e bem gostosa. Você vai ter uma Páscoa de sucesso se ainda servir como sobremesa aquelas trufas da receita de ontem. Agora, mude a roupa de cama e mãos à obra.


Nhoque de Mandioquinha
4 porções


Ingredientes

- 1 kg de mandioquinha
- 1 colher (sopa) de manteiga
- 1 gema de ovo
- 400 g de farinha de trigo
- 1 pitada de noz moscada moída (opcional)

Molho de tomate

- 520 g de tomate pelado enlatado
- 3 dentes de alho picados
- 300 g de tomates (vermelho e firme) descascados, sem sementes, cortados em cubos
- ½ maço de manjericão
- Azeite e sal a gosto


Preparo

Massa
Cozinhe a mandioquinha até ficar mole, sem deixar desmanchar. Depois de cozida, escoe e amasse com a manteiga, o ovo e os temperos, como a noz moscada. Adicione a farinha de trigo. Misture tudo com as mãos até formar uma massa consistente. Faça tiras compridas e corte em formato de nhoque, salpicando com farinha de trigo para não grudar nas mãos e na mesa.

Para cozinhar, ferva a água e coloque o nhoque cuidadosamente. Quando os pedacinhos da massa começarem a boiar, retire-os com uma peneira. O tempo na fervura também deve ser curto, para que o nhoque não desmanche.

Molho de tomate
Refogue o alho no azeite e acrescente o tomate pelado e o sal. Deixe a mistura encorpar. Na hora de servir, acrescente os cubos de tomate, o manjericão e o azeite. Acerte o sal e sirva sobre o nhoque. Decore com algumas folhas inteiras de manjericão.

Ela não vai resistir à sua mandioquinha

terça-feira, 30 de março de 2010

Música do Dia - Skank - Te Ver


Ricardo Icassatti Hermano

É bom lembrar das coisas boas. Parece óbvio, mas são justamente as obviedades que temos menos capacidade de ver. Melhor ainda é estar vivendo coisas boas. O momento é esse e a vida é aqui e agora. Coisas boas estão rolando e, quando isso acontece, é preciso ter uma trilha sonora adequada.

A banda mineira Skank nasceu em 1991, na capital BH. Assim como quem não quer nada, uma característica bem mineira, Samuel Rosa (guitarra e voz), Henrique Portugal (teclados), Leo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferreti (bateria) conquistaram o coração do Brasil com sua mistura de ritmos brasileiros, balada romântica e reggae eletrônico.

Garotada sangue bom

A banda lançou seu primeiro CD "Skank" de forma independente em 1992, com três mil cópias. Depois de vender 1.200, a Sony Music chamou a garotada para conversar, assinou contrato e relançou o CD em 1993, que vendeu 120 mil cópias.

O segundo CD saiu em 1994 e se chamava "Calango". Neste disco está a música Te Ver, uma baladinha reggae-romântica que impulsionou a venda de 1,2 milhão de cópias. O disco trouxe ainda outros dois sucessos: É Proibido Fumar e Jack Tequila, essas duas músicas mais dançantes.

Esse disco foi o auge do Skank. Tudo é bom.

O sucesso continuou em 1996, com o lançamento do terceiro álbum, "O Samba Poconé", que trazia o single Garota Nacional. A música chegou a liderar a parada de sucessos da Espanha e levou o Skank à sua primeira turnê internacional. Tocaram na Argentina, Chile, Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Suíça e Portugal. O CD vendeu 1,8 milhão de cópias.

Show no Rio de Janeiro

Outros sete álbuns se sucederam, mas nenhum conseguiu chegar nem perto das vendagens do segundo e terceiro CDs. O sucesso tem dessas coisas. Talvez seja apenas o natural envelhecimento que tira muito do ímpeto e da criatividade juvenil do começo da carreira. Talvez tenham esgotado o que tinham para dizer no formato musical. Sei lá. A verdade é que, aos poucos, todo roqueiro vira Roberto Carlos ...

O tempo passou e parece que a fonte secou ...

Mas, o Café & Conversa admira a banda, reconhece e aplaude a contribuição que deram para que milhões de namorados embalassem seus sonhos. A música que hoje trazemos até vocês é considerada por mim a obra prima do Skank.


Te Ver
Skank

Te ver e não te querer

É improvável, é impossível

Te ter e ter que esquecer

É insuportável

É dor incrível...(2x)

É como mergulhar no rio

E não se molhar

É como não morrer de frio

No gelo polar


É ter o estômago vazio

E não almoçar

É ver o céu se abrir no estio

E não se animar...

Te ver e não te querer

É improvável, é impossível

Te ter e ter que esquecer

É insuportável

É dor incrível...

É como esperar o prato

E não salivar

Sentir apertar o sapato

E não descalçar

É ver alguém feliz de fato

Sem alguém prá amar

É como procurar no mato

Estrela do mar...

Te ver e não te querer

É improvável, é impossível

Te ter e ter que esquecer

É insuportável
É dor incrível...

É como não sentir calor

Em Cuiabá

Ou como no Arpoador

Não ver o mar


É como não morrer de raiva

Com a política

Ignorar que a tarde

Vai vadiar e mítica


É como ver televisão

E não dormir

Ver um bichano pelo chão

E não sorrir


E como não provar o néctar

De um lindo amor

Depois que o coração detecta

A mais fina flor...

Te ver e não te querer

É improvável, é impossível

Te ter e ter que esquecer

É insuportável

É dor incrível...(2x)



Trufas de Chocolate


Ricardo Icassatti Hermano

A Páscoa está chegando e todo mundo está esperando que o coelhinho deixe ao menos um ovo de chocolate escondido debaixo do travesseiro. Desculpe se estou causando algum trauma a alguém, mas o coelhinho da Páscoa não existe ...

Coelhinho? Que coelhinho?

Por isso, você terá que fazer as vezes de coelhinho peludo e providenciar o chocolate, esperando que alguém esteja fazendo o mesmo por você. Mas, se não estiver, não tem importância. O essencial é ter chocolate à vontade no domingo de Páscoa.

Esse negócio de ovo de chocolate se tornou uma coisa muito comercial e pouco saborosa. Geralmente, os ovos de chocolate são doces demais e têm cacau de menos. A sua namorada ou namorado (olha o Rick Martin aí) merece coisa melhor né?

A partir de agora, eu sou a mamãe coelhinha da Páscoa

Assim, o Café & Conversa trouxe hoje uma receita que garante uma dose maciça de serotonina para a sua cara-metade. O que pode ser uma boa vantagem para você. Vai que ela está na TPM ou era tiete dos Menudos. Você também pode incrementar a sua Páscoa se vestindo de coelho ou, no caso dela, de coelhinha : ) Só não pode se vestir de Menudo ...

A receita veio do site Receitáculo, que reúne todo mundo que gosta de comida e de cozinhar. No site, todos podem postar, guardar e compartilhar seus tesouros culinários. Essa aqui foi postada por Catarina Estevez.

Trufas de Chocolate

Ingredientes

- 250g de chocolate meio amargo (uma boa marca)
- 150g de creme de leite
- 40g de manteiga sem sal
- 75g de cacau em pó
- 1l de água

Preparo

Prepare o banho-maria colocando uma panela média no fogo alto, com pelo menos um litro de água. Deixe ferver.

Pique o chocolate meio amargo e coloque numa panela menor. Acomode a panela dentro da panela que está com água fervendo. Mexa constantemente até que o chocolate derreta completamente.

Esquente o creme de leite. Aos poucos e sem parar de mexer, vá adicionando ao chocolate derretido. Mantenha a temperatura e mexa até que o creme tenha se incorporado totalmente ao chocolate.

Desligue o fogo, retire a panela do calor e deixe esfriar. Quando estiver frio, ferva a água novamente, coloque a panela do chocolate no banho-maria e adicione a manteiga. Mexa até que derreta completamente.

Desligue o fogo e retire a panela. Derrame a mistura de chocolate numa tigela, usando uma espátula de silicone para remover tudo da panela. Cubra a superfície com filme de PVC para evitar a criação de casca e deixe esfriar por cerca de uma hora na geladeira, até que endureça.

Coloque o cacau em pó em outra tigela. Retire o chocolate da geladeira e, com uma colher e as mãos, enrole rapidamente pequenas bolas. A rapidez é para evitar que derretam. Passe-as no cacau em pó e arrume numa caixa, se for dar de presente, ou prato, se for servir na cama, por exemplo.

Faça a sua namorada - ou namorado - sorrir e não se reprima

segunda-feira, 29 de março de 2010

Bolo Cuca de Banana com Doce de Banana Caramelada


Ricardo Icassatti Hermano

Bem meninas, agora que vocês já emagreceram e incorpararam hábitos saudáveis como a malhação às suas vidas, chegou o momento da recompensa. A vida não é feita apenas de sangue suor e lágrimas, ou folhas de alface, água mineral e magreza absoluta. De vez em quando é possível fazer uma extravagância, sair um pouco da rotina.

Por isso, o Café & Conversa foi buscar mais uma magnífica receita da sensacional pâtissière Lena Gasparetto, que posta as suas criações em blog próprio. Ultimamente ela tem andado ocupada com as encomendas de milhares de ovos de Páscoa, mas sempre sobra um tempinho para nos presentear com alguma delícia pecaminosa.

Lena descreveu a sua obra como "aquele bolo com cara de vó, que a gente gosta de comer na hora do café". Mas, vou te contar uma coisa. Esse bolo eu como a qualquer hora e com qualquer cara : )

Então, sem mais delongas, vamos à receita porque eu sei que vocês já estão salivando.

Bolo Cuca de Banana com Doce de Banana Caramelada

Ingredientes

Massa do Bolo
- 2 ovos
- 1 1/2 xícara de farinha de trigo peneirada
- 1/2 xícara de margarina sem sal
- 1 xícara de açúcar
- 1/2 xícara de leite
- 1/2 colher de sopa de fermento em pó
- 1 colher de chá de extrato de baunilha
- 1 colher de chá de sal
- 1 tablete (170g) de chocolate meio amargo bem picado ou 1 xícara de gotas de chocolate meio amargo
- 8 bananas nanica


Farofa Cuca
- 2 xícaras de farinha de trigo peneirada
- 2/3 de xícara de margarina derretida sem sal
- 2 colheres de sopa (niveladas) de canela em pó
- 1 colher de chá (nivelada) de sal
- 1 xícara de açúcar


Doce de Banana Caramelada
- 12 bananas nanicas
- 2 xícaras de açúcar
- 4 xícaras de água fervendo
- Gotas de baunilha ou rum


Preparo do Bolo

Pré-aqueca o forno a 180º.
Na batedeira, coloque a margarina, o sal, a baunilha, o açúcar, os ovos e bata até obter um creme claro e fofo. Adicione metade do leite, metade da farinha de trigo peneirada com o fermento e bata em velocidade mínima. Desligue a batedeira, raspe as bordas da tigela e acrescente o restante do leite e a farinha de trigo com o fermento. Bata mais um pouco só para misturar.

Unte e enfarinhe uma assadeira retangular (34 X 23 cm). Coloque a massa. Espalhe por cima as gotas ou pedacinhos do chocolate picado. Corte as bananas em rodelas e arrume-as por cima da massa com o chocolate. Por cima das bananas, espalhe a farofa.

Leve ao forno por cerca de 45 minutos. estará pronto quando enfiar um palito e sair limpo. Espere o bolo amornar para cortar em quadrados com uma faca de serra.

Preparo da Farofa

Numa tigela, coloque todos os ingredientes e misture com um garfo até formar uma farofa úmida. Com as mãos, espalhe por cima da massa do bolo com as bananas.

Preparo do Doce de Banana

Numa panela em fogo médio, faça um açúcar queimado e baixe o fogo para mínimo. Quando o açúcar estiver bem derretido, despeje a água fervendo. CUIDADO! O açúcar queimado levantará do fundo da panela ao despejar a água. Espere o açúcar queimado dissolver um pouco na água para começar a mexer com uma colher de pau. Quando estiver completamente dissolvido, espere formar uma calda bem rala (cerca de 6 minutos).

Enquanto isso, corte as bananas em rodelas. Coloque-as na panela com a calda. Deixe
ferver em fogo mínimo por cerca de 12 minutos, até que fiquem douradas e a calda tenha engrossado. Neste ponto, acrescente a baunilha ou o rum.

Sirva o doce acompanhando o bolo.

Dicas da Lena

- Sirva o bolo morno acompanhado do doce de banana e de uma bola de sorvete de creme polvilhada com canela em pó. Fará uma harmonização perfeita.
- Se desejar uma sobremesa rápida, ouse apenas colocar a farofa por cima de bananas cruas cortadas em rodelas num refratário untado, e leve ao forno por 20 minutos, até que a farofa fique crocante. Sirva com sorvete.
- O bolo pode ser congelado já cortado por até três meses.
- O doce de banana pode ser guardado num vidro fechado, na geladeira, por 15 dias.

Uma overdose de banana

domingo, 28 de março de 2010

Ô Lula!!! Atentai bem!!!


Ricardo Icassatti Hermano

Para evitar que sejamos obrigados a assistir novamente o hediondo espetáculo do nosso presidente fazendo o papel de corno político, dizendo que foi enganado e não sabia de nada, o Café & Conversa dá a sua colaboração para evitar outro vexame.

A blogueira cubana Yoani Sánchez está impedida pela ditadura cubana de sair da ilha para receber os inúmeros prêmios que ganhou em vários países. Ela também não tem acesso à internet por determinação da ditadura cubana. Ela conta apenas com seu telefone celular.

O brasileiro Dado Galvão da Silva esteve lá na Ilha do Medo (Cuba) e gravou um documentário com a jovem cubana, mostrando as dificuldades que enfrenta e a ginástica que faz para manter seu blog Generation Y e o seu perfil no Twitter, além dos movimentos de oposição em Cuba.

Dado gravando o doc com Yoani Sánchez

O documentário está pronto para estrear e a jovem Yoani gostaria de estar presente na sua primeira exibição, aqui no Brasil em junho próximo. Mas, tem o probleminha da ditadura sanguinária dos decrépitos irmãos Castro.

Por isso, ela escreveu uma carta ao grande amigo da ditadura cubana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo que interceda junto aos irmãos Castro para que lhe concedam autorização para viajar.

Todos sabemos que o Lula quer mais é que toda e qualquer pessoa que se coloque contra qualquer ditadura "dizquerda", morra de fome numa prisão imunda. Mas, não custa tentar né? Até para que fique registrado para a História o seu comportamento político.

Lula geralmente se safa das suas responsabilidades dizendo que não sabia de nada ou que nada chegou às suas mãos e ao seu conhecimento. Assim, o Café & Conversa se junta ao esforço de divulgação maciça da carta de Yoani Sánchez endereçada e ele. Depois disso, Lula jamais poderá dizer que não sabia.

Carta traduzida da cubana Yoani Sánchez endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e datada de 14 de março de 2010.

Havana, 14 de março de 2010

Ao senhor Luiz Inácio Lula da Silva, presidente de Brasil

Uma vez alguém me contou que os barcos em que se traficavam escravos africanos deixavam parte de sua carga em Cuba e outra na costa atlântica do Brasil. Assim, separavam irmãos, pais e filhos e amigos de toda uma vida. Assim, nessa bifurcação, nossos povos compartilham a mesma raiz.

Por isso nos parece tão perversa qualquer coisa que tente nos separar, por isso sonhamos que algum dia haja livre circulação entre todas as nossas nações americanas, por isso não consigo entender por que as autoridades de meu país me impedem de visitar o seu.

Na primeira ocasião, em outubro de 2009, pretendia fazer o lançamento do meu livro De Cuba com carinho, publicado pela editora Contexto. O escritório de migração que se ocupa de conceder as autorizações de saída do país aos cidadãos cubanos me informou que eu não estava autorizada a viajar. Esta era a quarta vez que me negavam esta autorização. Anteriormente, me haviam impedido de viajar à Espanha, para receber o prêmio Ortega y Gasset (de Jornalismo), em seguida para a Polônia e depois para os Estados Unidos, onde receberia a menção especial do (prêmio) Maria Moors Cabot na Universidade Columbia. Fui convocada pela segunda vez para ir ao Brasil, agora para o lançamento de um documentário sobre minha pessoa, feito por um grupo de diretores em Jequié (no interior da Bahia). Estou convencida de não encontrar dificuldades para obter o visto de sua embaixada em Havana, mas também tenho a certeza de que as autoridades do meu país voltarão a me negar a autorização de saída.

O senhor deu recentes demonstrações de possuir grande confiança na boa fé do governo cubano. Alimento a esperança de que, talvez, aqueles que governam meu país queiram manter viva esta sua confiança e – para não frustrá-lo – atendam a seu pedido de que me deem a autorização para visitar o Brasil. O senhor somente estaria pedindo em meu nome o que para qualquer brasileiro – e para qualquer ser humano – é um direito inalienável.

Desculpe-me que lhe tenha roubado o tempo que o senhor levou para ler esta carta e me desculpe também por tê-la escrito em espanhol. Não me desculpe, porém, pela minha crença de que o senhor deseja para os cubanos os mesmos direitos que deseja ver cumpridos entre os brasileiros.

Yoani Sánchez Cordero

sábado, 27 de março de 2010

Música do Dia - Marcelo Moreno - Marcha Turca


Romoaldo de Souza

Ainda que na virtualidade,
Café & Conversa reúne hoje, aqui na Música do Dia, o austríado Wolfgang Amadeus Mozart, o belga Adolph Sax e o paulistano, Marcelo Moreno.

Aos cinco anos de idade, Mozart
já demonstrava ser um gênio

Johann Chrysostom Wolfgang Amadeus Mozart nasceu em janeiro de 1756, em Salzburgo, na Áustria, um dos mais renomados compositores eruditos. Aos 19 anos compôs o primeiro movimento da Marcha Turca.

Por uma casualidade, Adolphe Sax "inventou"
um dos mais sensuais instrumentos

O “pai do saxofone”,
Adolphe Sax, nasceu em Dinant, na Bélgica, em novembro de 1814. Quando tinha 26 anos, numa “pesquisa por acidente” acabou inventando um dos mais sensuais instrumentos de sopro.

Afolphe Sax tocava clarineta quando, um dia, a boquilha do instrumento quebrou e numa adptação, ele percebeu que poderia tirar novos sons se colocasse uma boquilha numa corneta. “Nascia” ali, o saxofone.

Capa do CD de Marcelo Moreno, o Kenny G. brasileiro

O paulistano Marcelo Moreno ganha a vida tocando em casamentos, festas comemorativas de empresas e em praças de alimentação. Aqui, ele pega o Celmer francês, e toca a Marcha Turca "acompanhado" de "piano" virtual.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Música do Dia - Faroeste Caboclo - Legião Urbana


Ricardo Icassatti Hermano

Amanhã, Renato Russo, vocalista e compositor da banda Legião Urbana, faria 50 anos de idade. Morreu cedo demais. Criativo e genial como era, ainda teria muito a deixar para nós. Ele fez de tudo um pouco, mas foi na música que se realizou e nos deu sua maior obra.

Meninos geniais

Suas músicas são a cara de Brasília. Ou melhor, são a cara de uma determinada época de Brasília, de uma determinada geração. A minha geração. No meu caso, as músicas Eduardo e Mônica, Pais e Filhos e Faroeste Caboclo são a trilha sonora da minha adolescência. Já para o meu irmão Bily a trilha sonora deve incluir necessariamente Índios.

Renato Russo compôs para a sua geração, contando as histórias que rolavam entre aquela juventude meio perdida entre o "Paz e Amor" dos hippies e a realidade punk da ditadura militar. Nossas histórias e memória estão todas registradas para sempre na obra da Legião Urbana.

Ah, a juventude que essa brisa canta ...

Aquela "Rockonha" da música existiu mesmo e foi uma armadilha para pegar filhos de parlamentares. Os flyers da festa foram passados de mão em mão no estacionamento da extinta lanchonete Chaplin, onde milhares de jovens iam nas tardes de sábado e domingo para zoar, paquerar, comer, conversar ou não fazer nada. Dizem que um deles caiu nas mãos de um agente da Polícia Federal infiltrado no meio da garotada.

Na época, eu tinha uma Brasília arregaçada, que nos finais de semana era o transporte de amigos e amigas em busca de diversão. Estávamos a meio caminho da"Rockonha" quando alguém sugeriu um programa melhor que ficar chapado no meio do mato. Acho que era outra festa mais divertida. Fizemos meia volta e escapamos da prisão certa.

Adivinhem quem é o invocado aí na foto

Os jovens de hoje não conheceram outra coisa que não fosse a democracia e suas liberdades garantidas. Ainda bem. Nós vivemos a obrigatoriedade de portar algum documento de identidade sob pena de prisão. Vivemos a censura que nos afastava da arte, da cultura, da informação e do conhecimento. Vivemos o abuso de autoridade que prendia sem precisar de motivo. Vivemos a prisão, tortura e morte de amigos e parentes. Vivemos a incerteza e a porrada.

Mas, também vivemos a coragem, assumimos riscos, colocamos nossas vidas em jogo. Vivemos no fio da navalha e nos forçamos a aprender. Apesar de tudo, também tivemos nossa cota de amores, alegrias, descobertas, esperanças, realizações, tristezas e decepções. E tivemos o rock'n roll para nos salvar da insanidade. O nosso maior presente por todo o sacrifício foi a genialidade de Renato Russo.

Renato Russo

Mas, nem ele escapou da censura. Na música Faroeste Caboclo, a parte em que fala:"E não protejo general de 10 estrelas, que fica atrás da mesa com o cú na mão", era editada e retirada nas rádios. Mas, sempre era possível fazer alguma coisa. A gente cantava nas ruas, nas festas, nos colégios.

O Brasil inteiro gosta de Renato Russo, mas aqui em Brasília ele é amado por tudo o que nos deu. Por isso, o Café & Conversa não poderia deixar de prestar sua pequena e humilde homenagem, mas feita com o coração. Valeu Renato Russo! Valeu Legião Urbana!

Com vocês, Faroeste Caboclo, numa animação bem bacana feita pelo Leonardo Amaral de Souza, lá de Itapevi/SP. Ele é a prova viva de que não é preciso muito para fazer arte, mas é imprescindível ter imaginação e vontade de fazer.


Faroeste Caboclo
Renato Russo e Legião Urbana

Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu

Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda

Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu

Quando criança só pensava em ser bandido

Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu

Era o terror da sertania onde morava

E na escola até o professor com ele aprendeu

Ia pra igreja só prá roubar o dinheiro

Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar

Sentia mesmo que era mesmo diferente

Sentia que aquilo ali não era o seu lugar

Ele queria sair para ver o mar

E as coisas que ele via na televisão

Juntou dinheiro para poder viajar

De escolha própria, escolheu a solidão

Comia todas as menininhas da cidade

De tanto brincar de médico, aos doze era professor.

Aos quinze, foi mandado pro o reformatório

Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror.

Não entendia como a vida funcionava

Discriminação por causa da sua classe e sua cor

Ficou cansado de tentar achar resposta

E comprou uma passagem, foi direto a Salvador.

E lá chegando foi tomar um cafezinho

E encontrou um boiadeiro com quem foi falar

E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem

Mas João foi lhe salvar

Dizia ele: "Estou indo pra Brasília

Neste país lugar melhor não há

Tô precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar"

E João aceitou sua proposta

E num ônibus entrou no Planalto Central

Ele ficou bestificado com a cidade

Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal

"Meu Deus, mas que cidade linda,

No Ano-Novo eu começo a trabalhar"

Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro

Ganhava cem mil por mês em Taguatinga

Na sexta-feira ia pra zona da cidade

Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador

E conhecia muita gente interessante

Até um neto bastardo do seu bisavô

Um peruano que vivia na Bolívia

E muitas coisas trazia de lá

Seu nome era Pablo e ele dizia

Que um negócio ele ia começar

E o Santo Cristo até a morte trabalhava

Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar

E ouvia às sete horas o noticiário

Que sempre dizia que o seu ministro ia ajudar

Mas ele não queria mais conversa

E decidiu que, como Pablo, ele ia se virar

Elaborou mais uma vez seu plano santo

E sem ser crucificado, a plantação foi começar.

Logo logo os maluco da cidade souberam da novidade:

"Tem bagulho bom ai!"

E João de Santo Cristo ficou rico

E acabou com todos os traficantes dali.

Fez amigos, freqüentava a Asa Norte

E ia pra festa de rock, pra se libertar

Mas de repente

Sob uma má influência dos boyzinho da cidade

Começou a roubar.

Já no primeiro roubo ele dançou

E pro inferno ele foi pela primeira vez

Violência e estupro do seu corpo

"Vocês vão ver, eu vou pegar vocês"

Agora o Santo Cristo era bandido

Destemido e temido no Distrito Federal

Não tinha nenhum medo de polícia

Capitão ou traficante, playboy ou general

Foi quando conheceu uma menina

E de todos os seus pecados ele se arrependeu

Maria Lúcia era uma menina linda

E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu

Ele dizia que queria se casar

E carpinteiro ele voltou a ser

"Maria Lúcia pra sempre vou te amar

E um filho com você eu quero ter"

O tempo passa e um dia vem na porta

Um senhor de alta classe com dinheiro na mão

E ele faz uma proposta indecorosa

E diz que espera uma resposta, uma resposta do João

"Não boto bomba em banca de jornal

Nem em colégio de criança isso eu não faço não

E não protejo general de dez estrelas

Que fica atrás da mesa com o cú na mão

E é melhor senhor sair da minha casa

Nunca brinque com um Peixes de ascendente Escorpião"

Mas antes de sair, com ódio no olhar, o velho disse:

"Você perdeu sua vida, meu irmão"

"Você perdeu a sua vida meu irmão

Você perdeu a sua vida meu irmão

Essas palavras vão entrar no coração

Eu vou sofrer as conseqüências como um cão"

Não é que o Santo Cristo estava certo

Seu futuro era incerto e ele não foi trabalhar

Se embebedou e no meio da bebedeira

Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar

Falou com Pablo que queria um parceiro

E também tinha dinheiro e queria se armar

Pablo trazia o contrabando da Bolívia

E Santo Cristo revendia em Planaltina

Mas acontece que um tal de Jeremias,

Traficante de renome, apareceu por lá

Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo

E decidiu que, com João ele ia acabar

Mas Pablo trouxe uma Winchester-22

E Santo Cristo já sabia atirar

E decidiu usar a arma só depois

Que Jeremias começasse a brigar

Jeremias, maconheiro sem-vergonha

Organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar

Desvirginava mocinhas inocentes

Se dizia que era crente mas não sabia rezar

E Santo Cristo há muito não ia pra casa

E a saudade começou a apertar

"Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia

Já tá em tempo de a gente se casar"

Chegando em casa então ele chorou

E pro inferno ele foi pela segunda vez

Com Maria Lúcia Jeremias se casou

E um filho nela ele fez

Santo Cristo era só ódio por dentro

E então o Jeremias pra um duelo ele chamou

Amanhã às duas horas na Ceilândia

Em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou

E você pode escolher as suas armas

Que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor

E mato também Maria Lúcia

Aquela menina falsa pra quem jurei o meu amor

E o Santo Cristo não sabia o que fazer

Quando viu o repórter da televisão

Que deu notícia do duelo na TV

Dizendo a hora e o local e a razão

No sábado então, às duas horas,

Todo o povo sem demora foi lá só para assistir

Um homem que atirava pelas costas

E acertou o Santo Cristo, começou a sorrir

Sentindo o sangue na garganta,

João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir

E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e

A gente da TV que filmava tudo ali

E se lembrou de quando era uma criança

E de tudo o que vivera até ali

E decidiu entrar de vez naquela dança

"Se a via-crucis virou circo, estou aqui"

E nisso o sol cegou seus olhos

E então Maria Lúcia ele reconheceu

Ela trazia a Winchester-22

A arma que seu primo Pablo lhe deu

"Jeremias, eu sou homem. coisa que você não é

E não atiro pelas costas não

Olha pra cá filha-da-puta, sem-vergonha

Dá uma olhada no meu sangue e vem sentir o teu perdão"

E Santo Cristo com a Winchester-22

Deu cinco tiros no bandido traidor

Maria Lúcia se arrependeu depois

E morreu junto com João, seu protetor

E o povo declarava que João de Santo Cristo

Era santo porque sabia morrer

E a alta burguesia da cidade

Não acreditou na história que eles viram na TV

E João não conseguiu o que queria

Quando veio pra Brasília, com o diabo ter

Ele queria era falar pro presidente

Pra ajudar toda essa gente que só faz...
Sofrer...