Ricardo Icassatti Hermano
Uma blasfêmia, foi como o meu filho mais velho classificou o filme Wolverine Imortal, logo que deixamos o cinema. O mais novo e eu até gostamos, porque somos fãs da cultura japonesa e o filme tem como cenário Tóquio e Nagasaki, tem os costumes, as reverências e rituais. Conversamos um bocado a respeito e não é que acabei concordando com ele!?!? Esse Wolverine está muito fraco. Mas, é justificável. Ah! Evitamos a versão em 3D. Por que? Ora, porque nem tudo deve ser filmado em 3D e, sinceramente, já está enchendo o saco.
Cartaz do filme
A classificação de filmes nos Estados Unidos é bem confusa sobre o que pode ser mostrado para qual idade. Os produtores que botaram grana querem ver o retorno e principalmente o lucro. Assim, os filmes têm que ser liberados para a mais ampla faixa etária possível. De acordo com a regulamentação americana, porrada, tiros, sexo, explosões, drogas, perseguições em alta velocidade, tudo bem para as crianças. Só não pode ter sangue porque nesse caso a faixa etária dá um salto para cima.
Se o assunto é lâmina, falou em Japão
E o Wolverine entrou nessa onda. Num mundo em que a Disney está nos surrupiando os super herois e fazendo deles uns bundões (vide Iron Man 3), o Wolverine mata com suas garras/lâminas de adamantium, mas ninguém sangra. Como assim? Quando me corto com o barbeador, sangro mais que todos os mortos no filme. Juntos. É a tal regulamentação americana. Como qualquer traficante de drogas sabe, é preciso pegar o cliente ainda bem novo.
Melhor que trem-bala é virar uma bala
Nos gibis, Wolverine é uma fera sem controle, estourado, extremamente tosco e mortal. No filme, ele até que foi um pouco embrutecido, mas comparando com o gibi ainda é um gentleman. Nos gibis, ele bebe e fuma charutos. No filme, bebe moderamente e o charuto desapareceu. As crianças não podem ver isso, não é mesmo? Vai que elas resolvem ter como exemplo aquele super heroi politicamente incorreto, que faz o que quer e não leva desaforo para casa. Problema para o papai, a mamães, a tia da escola ...
Wolverine no modelito homeless
Mas, vamos ao filme. Essa nova versão não tem os X-Men porque trata apenas do Wolverine, um personagem que não precisa de um bando de super herois para fazer escada. O filme mostra o nosso heroi depois do último X-Men, quando foi obrigado a matar a sua amada Jean Grey. Ele, claro, está atormentado e vive como um ermitão sem-teto num floresta próxima a uma pequena cidade. Sua única companhia é um enorme urso Grizzly.
Wolverine no modelito pós-banho, cabelo e barba
Um dia, caçadores matam o urso enquanto Wolverine tinha ido à cidade. O problema é que mataram usando veneno, da forma mais covarde e incompetente possível. Tanto é que o urso enlouquecido pelo veneno, mata cinco deles. Mas, uma japonesinha está no seu encalço e impede a primeira carnificina do filme. Um japonês, cuja vida foi salva por Wolverine durante a Segunda Guerra Mundial, se tornou um magnata industrial e quer retribuir devolvendo a mortalidade ao seu salvador.
Outra injustiça é ter poucas motos
Daí pra frente, tem muita luta, muitos cortes feitos com lâminas - estamos no Japão, não se esqueçam -, tiros, flexadas e nenhum sangue. Tem também a neta do magnata, Moriko, interpretada pela gatíssima Tao Okamoto. outra garota japonesa não é gata, mas luta muito com uma espada de samurai. Outra personagem feminina é a Viper, uma mutante perigosíssima vivida pela atriz Svetlana Khodchenkova. Totalmente venenosa e com língua bipartida, me lembrou velhas piadas sobre sogras.
Ah, Moriko, Moriko ...
O cenário é bacana, as lutas são legais, mas poderiam ter explorado melhor o drama pessoal do Wolverine e terem feito lutas sangrentas como devem ser. Um batalhão de ninjas sai praticamente incólume de um encontro com Wolverine. Já vi mulheres menstruadas sangrarem mais que todo esse filme. No frigir dos ovos, o filme não é "assistível", especialmente para o público feminino. Como essas novelas vagabundas do final da tarde, o malhado ator Hugh Jackman passa boa parte do filme sem camisa.
Wolverine no modelito depois das bombas
O Café & Conversa assistiu ao Wolverine Imortal e recomenda com as ressalvas e decepções já descritas. Diversão para toda a família, da vovó à netinha. Veja o trailer: