quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Fat Family - Jeito Sexy
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Bravura Indômita, um faroeste de verdade
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Reunião de pauta e a peixada que faz mulher desmaiar
domingo, 13 de fevereiro de 2011
El Secreto de Sus Ojos - Oscar de 2010 com música de Soledade Villamil
Reuni os elementos de que necessitava para escrever sobre esse filme, que me chamou atenção desde o dia em que a atriz principal, Soledad Villamil, esteve no Programa do Jô Soares para falar do disco dela, Morir de Amor.
Falo primeiro dos elementos ou da cantora? Bem, dia desses nossa espiã Giselle Montfort foi à Ilha de Páscoa, a pretexto de fazer umas fotos com a caneca do Café & Conversa e voltou com uma aliança no dedo e um pacote de café, em grão da Costa Rica.
Portanto, não me perguntem onde mademoiselle Montfort se enganchou com o nativo. Só sei que passou “num lugar desses quaisquer” e nos apresentou o Café Britt. Orgânico, produzido debaixo das árvores da floresta. “Bajo Sombra”. Nada mal. O Café Britt é 100% arábica, com certificado internacional da Skal, com sede na Holanda.
Preparei o meu Britt, na french press, água com gás e escutando a voz de Soledad Villamil cantando Que Pena.
Eu tinha passado horas, conversando com meu pai, e ele ao acordeon, tocando músicas da época em que ganhava o dinheiro que sustentava os cinco filhos, animando bailes pelo interior de Pernambuco, e me lembrei de um livro que ganhei há uns cinco anos atrás: Memórias de Mis Putas Tristes.
Em Memórias de Mis Putas Tristes, o escritor Gabriel Garcia Marquez começa narrando o desejo que teve, quando acorda.
“El año de mis noventa años, quise regalarme una noche de amor loco con una adolescente virgen”.
E foi aí que recordei o Natal passado, quando meu pai confidencidou que em vez de uma adolescente virgem ele se contentaria com uma sanfona usada. Ganhou essa acordeón novinha em folha
Água, fotografias, lembranças, música, café e inspiração. É assim que quero começar a falar do filme que deixei um gancho, lá em cima, ainda no primeiro parágrafo.
Benjamín Espósito é um advogado de meia idade, recém aposentado do Juizado Penal, levando na memória histórias de uma justiça corrupta e um sonho: escrever uma novela. Seria como uma novela da vida real, já que Espósito quer contar uma história que se passou nos tribunais na década de 1970, quando uma jovem recém casada é estuprada e morta.
El Secreto de Sus Ojos começa a fugir da narrativa açucarada que Benjamín Espósito imaginava contar. O que seria apenas uma história de amor com final infeliz, como é a maioria dos romances, vai ganhando conotações intrigantes, com perseguições, violência e desencontros afetivos.
Determinado, Benjamín Espósito, vivido pelo premiadíssimo Ricardo Darín, quer conquistar, na vida real, a mulher que perde na novela que está escrevendo e começa uma jornada para desvendar o mistério do assassinato de Liliana Colotto, mas também conquistar a chefe, Irene Hastings, interpretada por Soledad Villamil.
Benjamín Espósito esbarra em duas barreiras para desvendar o crime e conquistar Irene. A bela assistenta da Justiça é casada e o assassino de Liliana Colotto acabara de se tornar guarda-costas da então presidente María Estela Martínes de Perón.
No Segredo dos Seus Olhos, nome que o filme argentino ganhou no Brasil, Soledad Villamil nem sequer balbucia frases como:
“Yo guardé tu vida también tu corazón, tu camisa en mi ropero, tu amor en mi colchón. Guardo yo tus cartas para recordar ese juramento que mie hiciste tiempo atrás”, tiradas de Santa Rita, seu mais novo sucesso.
Mas, Café & Conversa foi atrás da música da mulher que desorientou Jô Soares, na TV Globo e abala as estruturas do Doutor Espósito, no Tribunal do Júri de Buenos Aires. Tomara que você goste do ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro, em 2010 e da música de Villamil. Bons cafés.
Morir de Amor
Hoy que el tiempo ya pasó,
hoy que ya pasó la vida,
hoy que me río si pienso,
hoy que olvidé aquellos días,
no sé por qué me despierto
algunas noches vacías
oyendo una voz que canta
y que, tal vez, es la mía.
Quisiera morir –ahora– de amor,
para que supieras
cómo y cuánto te quería,
quisiera morir, quisiera… de amor,
para que supieras…
Algunas noches de paz,
–si es que las hay todavía–
pasando como sin mí
por esas calles vacías,
entre la sombra acechante
y un triste olor de glicinas,
escucho una voz que canta
y que, tal vez, es la mía.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Porque amanhã é quarta-feira
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Um café colonial na centenária fazenda Babilônia, em Pirenópolis (GO)
Romoaldo de Souza
Saindo do centro de Brasília - porque é difícil imaginar que alguém que more em Brasília não conheça Pirenópolis - o motorista tem ao menos duas alternativas para chegar à cidade história das Cavalhadas. Pela BR-060 (Brasília-Goiânia), vá até Abadiânia, dobre à direita, quando chegar no segundo quebramolas e siga por uma rodovia estadual até a BR-414. Pronto, abra os vidros do carro que você já começa a sentir o cheiro das comidas goianas.
Mascarados, também chamados de Curucucus, vestem-se com
roupas coloridas e celebram a Festa do Divino
É bom lembrar que a eficiência pública no Brasil ainda não terminou o reparo na BR-060 que quase desmoronou nas imediação de Alexânia. Por isso, outra boa estrada é a BR-070. Essa rodovia começa no final da via Estrutural. Passa por Taguatinga, Ceilândia e vai seguindo. Cruza a fronteira, entra em Goiás, Águas Lindas, Edilândia, Cocalzinho, Corumbá e Pirenópolis.
A histórica Pirenópolis, fundada em outubro de 1727
por portugueses em busca de garimpos de ouro
Ainda tem um boa alternativa para quem vai de 4 x 4. Chegando em Edilândia, deixe a BR-070, entre à direita e pegue uma estrada de chão. Passando por dentro de fazendas, riachos, atoleiros e uma paisagem exuberante. Muito boa mesmo, para ir dando fome. Afinal, você está indo a Pirenópolis onde comida tem de fartura.
Por essa estrada de chão, essa trilha de off road, você vai pegar 5 km da BR-414 e quando chegar em Cocalzinho, pegue, novamente, a BR-070, agora sem asfalto e siga pela Serra dos Pirineus. Cachoeiras, lama, e muita biroscas para comprar queijos e tomar caldo-de-cana. Uma vista maravilhosa aguarda você por lá. Querendo, todos os caminhos levam a Pirenópolis.
Agora, é com Mariana Jungmann. Nossa correspondente para assuntos de degustação de comida goiana. Ela foi a Pirenópolis e provou um café colonial de dar água na boca só em escrever esse texto. Mari...
A primeira vez que fui à Fazenda Babilônia fui convidada por uma tia que tem um hotel em Pirenópolis e levava um grupo de agentes de viagem para conhecerem os melhores cantinhos desconhecidos da região. Desde que descobri esse lugar encantador, faço questão de levar pessoas especiais por lá. Primeiro foi meu noivo e, no último domingo, a família dele. Em geral, saio de Brasília e chego lá na hora do almoço – e da fome! Hoje, quero levar o leitor do Café & Conversa.
Melado de cana-de-açúcar, para adoçar o seu domingo
Ao chegar na fazenda, que fica a 26km da cidade de Pirenópolis, o visitante é recebido quase sempre pela dona, Telma, que o leva para conhecer a casa. A partir daí o que se passa é uma aula de história como você provavelmente nunca teve na escola. A Fazenda Babilônia foi a maior do centro do Brasil no período colonial e data de 1800. Chegou a ter 200 escravos e foi uma grande produtora de açúcar. Peças do engenho principal, tachos de cobre, mobílias e objetos daquela época ainda estão por lá para serem vistos e tocados pelos convidados – é assim que você se sente ao passear pela propriedade com Telma.
No passeio, a dona da fazenda conta histórias das sinhás e dos escravos que viveram alí há 200 anos, aponta objetos que eram de uso quotidiano naquela época e, por meio deles, explica a origem de diversas expressões populares utilizadas até hoje na região.
Apesar de essas peças mais antigas serem as que mais chamam a atenção, é interessante observar que a história da fazenda não é datada. Como um ser vivo que não parou no século XIX, a Babilônia apresenta peças um pouco mais recentes, mas também com imenso valor histórico. É o caso de um rifle alemão deixado pela Coluna Prestes quando passou por ali.
O monjolo, os animais, o jardim bem cuidado e a capela construída pelos escravos completam o toque brejeiro do tour que culmina na cozinha para, enfim, aproveitarmos a melhor parte do passeio: o café colonial.
Monjolo é esse utensílio bastante antigo e rudimentar "movido" a água.
Em algumas fazendas da região, era usado como pilão
Ao assumir a fazenda que foi de seu bisavô, Telma resolveu recuperar também a história culinária do interior de Goiás. O café colonial montado para os visitantes é preparado como há 200 anos, com quitutes jamais imaginados pelos contemporâneos.
São quase 30 tipos de iguarias diferentes, entre pães, biscoitos, queijos, carne de lata, assados, bolos, pamonha frita e muito mais. Para mim, o destaque é sempre o requeijão derretido que como com melado de cana. Além dele, a lingüiça, a almôndega e a paçoca de carne seca podem ser apreciados com mandioca quentinha que faz derreter a manteiga de leite preparada na própria fazenda.
Também chamam a atenção alguns quitutes que eram comuns até o início do século passado e que não se vê mais. É o caso da matula de galinha: carne de galinha caipira moída, toucinho moído, açafrão, pimenta bode, ovos e farinha de milho caseira que formam uma espécie de paçoca que é assada em palha de milho. Há ainda o pau-a-pique, uma espécie de mané-pelado assado na folha de bananeira. E também os bolos.
Entre eles, o Bolo da Sinhá - coalhada azeda, fubá de milho e abóbora madura, também assado na folha de bananeira – e o Bolo de Senzala - fubá de canjica, leite, cravo, canela, açúcar e garapa – estão entre os mais diferentes. Tudo isso acompanhado por sucos da estação e leite com café, tudo produzido na própria Babilônia.
Ao fim, é possível tirar uma sesta, porque afinal ninguém é de ferro. Sentar nas cadeiras de tiras de couro, ou nas redes ao lado do monjolo, jogar conversa fora e até tirar um cochilo.
Não há pressa. Por ali, a sensação de ser de casa é reforçada pela simpatia dos funcionários que te recepcionam com um simpático “estávamos esperando por vocês”. O preço da viagem no tempo? Com o café colonial incluído, R$ 40 por pessoa – crianças até 2 anos não pagam e até 12 anos pagam meia.
Só o passeio, sem as guloseimas, custa módicos R$ 10. Grupos a partir de 10 pessoas precisam ser agendados. Se você pretende ir sozinho ou com poucas companhias, basta ir chegando. Independente de quantas pessoas se sentem à mesa – posso dizer porque já fui a dois e com muita gente – ela será posta de maneira extremamente farta e o atendimento será impecável. No fim, é possível comprar geleias e doces para levar pra casa e passar o resto da semana na cidade com o gostinho de vida no campo.