sexta-feira, 10 de junho de 2011

Morte na Esplanada - Capítulo 3


Ricardo Icassatti Hermano

Se eu soubesse que era tão excitante escrever uma blog-novela de suspense policial, já teria escrito antes. Mas, tudo é um aprendizado e etapas precisam ser cumpridas. O importante é que hoje vocês vão ler o terceiro capítulo de Morte na Esplanada, que está demais!

Por falar nisso, o que acharam até agora? Deixem seus comentários aqui no blog : )

Acho que essa blog-novela terá muitos capítulos, ou vocês preferem poucos? Vamos lá! Mandem suas opiniões, sugestões, críticas, ideias, reclamações e o que mais quiserem. Tudo será aproveitado de um jeito ou de outro.

Agora, façam uma bela caneca de café, sentem-se confortavelmente e preparem seus corações para as surpresas de uma investigação perigosa. Ah! Liguem o som do computador e leiam enquanto ouvem a trilha sonora desse capítulo. Divirtam-se ...



Morte na Esplanada

Capítulo 3


Alexandre passou um dia inteiro interrogando os funcionários do gabinete da ministra assassinada. Resumindo, ninguém viu nada até o grito aterrorizante da dona Carmelita. Daí para frente, as versões eram as mais variadas. Todas as mulheres - e eram muitas - passaram a gritar loucamente sem nem mesmo saber o que estava acontecendo. Alexandre sempre pensou que isso só acontecia em filmes, mas viu que era verdade.

Após o pânico instalado, cada pessoa, fosse homem ou mulher, correu por um motivo diferente. Teve gente que achou tratar-se de incêndio, bomba, alagamento, rato, barata, disco voador, terremoto, vulcão, fantasma e até gripe suína. Ao que tudo indicava, a imaginação sofre uma espécie de curto circuito e torna qualquer sandice possível. A solução é sair correndo o mais rápido possível na direção oposta do fato gerador, como se realmente existisse sério risco de vida.

- O negócio é não ficar para ver o que é. Se está todo mundo gritando, boa coisa não é - filosofou o office boy.

Só de voltarem a falar do momento de pânico, as mulheres já ficavam nervosas, suas vozes iam ficando cada vez mais altas e agudas, arfavam como se tivessem saído de uma maratona, os olhos esbugalhavam e paravam de piscar. Algumas até choraram. Alexandre estava boquiaberto, mas aproveitando para aprender sobre a reação humana diante de qualquer sinal de perigo. Especialmente o perigo imaginário, que parecia ser pior que o real.

Se não obteve muita informação sobre o assassinato em si, em compensação o delegado soube de todas as fofocas sobre as preferências sexuais da ministra e quais eram as suas, digamos, protegidas entre as funcionárias. Pelo menos cinco assessoras estavam nessa lista e eram mulheres simplesmente espetaculares. "Escolhidas a dedo", confidenciou um assessor. Alexandre pensou com seus botões: "Essa ministra não só tinha bom gosto para mulheres como também era uma gulosa".

O delegado deu especial atenção às cinco assessoras. Ouviu uma por uma, separadamente. Foi atencioso e gentil quando choraram. Poderia dizer até que foi sensível à dor das beldades. Afinal, elas estavam ali por amor e não pelos altos salários e outras mordomias ... Comovido e solidário, Alexandre compartilhou todo aquele sentimento de pesar e conseguiu encobrir o aspecto policialesco do interrogatório. O lado sórdido da relação pouco republicana surgiu naturalmente, como numa conversa entre amigos.

Todas sabiam muita coisa, eram amantes e participavam de orgias com a ministra. Festas semanais eram organizadas na residência oficial para entreter autoridades do governo, do corpo diplomático, grandes empresários e governantes estrangeiros eventuais. As cinco assessoras não só eram participantes ativas - ou passivas - do entretenimento como também ficavam responsáveis por abastecer as festas com muitas meninas bonitas.

Assim, a ministra Sueli Sandoval continuava atuando no mundo da informação privilegiada. Dessa vez, não mais para uso político ou terrorista, mas para fazer negócios bastante lucrativos. Parte da grana abastecia o caixa do partido, parte ia direto para o presidente e parte financiava os gostos, apetites e desejos cada vez mais caros e luxuosos da própria SS.

Esse foi um ponto que atraiu a curiosidade de Alexandre, a transformação física da ministra. A mulher que antes de chegar ao governo parecia um sargento do Exército, agora continuava feia, mas bem vestida, com cabelos lisos e loiros, plástica para afinar o nariz batata e muito tratamento de beleza, desde dermatologia até lipoaspiração. Mas, não ajudou muita coisa.

Em sua casa, encontrou jóias finas, perfumes importados e roupas de grife europeia. Em seu cofre particular, um pequeno saco de veludo azul continha 30 diamantes. O cofre ainda guardava dois pacotes de dinheiro vivo divididos em 250 mil dólares e 250 mil Euros, quatro barras de ouro de 250g cada, seis passaportes falsos e alguns pen drives. Até o seu carro "oficial" era diferente dos demais ministros, uma Mercedes CLS 63 AMG blindada. Por determinação dela, seus seguranças também usavam carros Mercedes "para combinar", revelaram as assessoras.

Alexandre mandou relacionar e arquivar tudo e notificar a Receita Federal. Riqueza não declarada e ilícita não era problema dele, mas as fotos daquilo tudo empilhado fariam a alegria de um amigo jornalista, o Jaílson Madeira, a quem apelidou de Jail Bond por suas reportagens investigativas. Guardou consigo os pen drives. Se a especialidade da ministra era informação, ali estava o seu bem mais precioso e, talvez, as provas mais importantes para a investigação.

A próxima da lista era a dona Carmelita. Tendo em vista o estado de choque da velha senhora, Alexandre preferiu colher o depoimento na casa dela.

- Dona Carmelita, como está? Melhorou?

- Estou bem melhor doutor delegado. Que situação ...

- A senhora deve ter levado um baita susto, né?

- Que susto, seu delegado, que susto. Não gosto de ver gente morta. Ainda por cima a ministra, mulher tão boa ...

- Realmente, não é agradável encontrar uma cena daquela. Mas, infelizmente, a senhora sabe como é, sou obrigado a colher o seu depoimento e vamos ter que lembrar tudo o que a senhora fez e viu naquele dia. Tá bom?

- Tá bom seu delegado ...

- Então vamos começar pelo começo. A senhora chegou a que hora no gabinete?

- Eu chego todo dias às 7h30, sim senhor.

- E aí a senhora faz o que exatamente?

- Eu lavo a louça que tiver ficado do outro dia e preparo um café para o pessoal do gabinete.

- Aquele café especial da ministra?

- Não! Aquele é só dela. O pessoal toma o café da Secretaria mesmo, o café de licitação, do jeito que eles falam (risos).

- É muito ruim esse café?

- É uma porcaria. Nem aqui na minha casa, que é uma casa de pobre, a gente toma um café porqueira daquele ... o senhor já viu um café com cheiro de bunda?

- Ainda não ...

- Pois é, aquele café de licitação tem cheiro de bunda mal lavada.

- E o café da ministra? Quando a senhora preparava?

- A ministra, que Deus a tenha, chegava sempre às 10h e o café dela tinha que estar pronto às 10h30 em ponto. Ela era muito rigorosa com horário, sabe?

- Daí ela só tomava outro café às ...?

- Três e meia da tarde. Ela só tomava dois cafés por dia e tinha que ser no horário certo.

Alexandre abriu uma pasta onde estavam as fotos periciais do gabinete e foi folheando enquanto falava com dona Carmelita.

- E esse café da ministra, que não era de licitação, vinha de onde?

- Ah, esse vinha de uma cafeteria chique, ali na Asa Sul, deixa ver se eu lembro o nome ... era ... como é mesmo? Ai, a velhice faz a gente esquecer as coisas.

- Grenat Cafés Especiais?

- Essa mesmo. Eu sabia que tinha nome de cor. Eles entregavam um quilo toda semana. Eu só podia servir esse café para a ministra ou para alguma visita que ela pedisse.

Alexandre encontrou a foto que procurava. Tirou da pasta e mostrou para dona Carmelita.

- A senhora serviu café para alguma visita naquele dia?

- Não. Naquele dia a ministra não recebeu ninguém. Foi só ela mesmo.

- A senhora só retirava a xícara que a ministra havia usado de manhã, quando servia o café da tarde?

- Não, claro que não. Eu servia o café e voltava 10 minutos depois para tirar a xícara.

- Então por que tem duas xícaras sobre a mesa?

Alexandre saiu da casa da dona Carmelita com o telefone na orelha. Faltavam poucas horas para que o gabinete fosse liberado e ele precisava chegar lá rápido. As xícaras não haviam sido recolhidas pela perícia. O delegado sabia que havia encontrado a fonte do veneno.

- Alô Hamilton! Preciso que você vá agora para o gabinete da ministra. Acho que descobri como ela foi envenenada. Estou indo pra lá. Leve o seu equipamento.

♦♦♦

Então? Estão gostando da nossa Blog-Novela? O delegado Alexandre sabe no que está se metendo? Vai conseguir solucionar este caso ou fracassará como querem seus inimigos? Quais os interesses envolvidos? Por que a ministra Sueli Sandoval foi assassinada? Perguntas, perguntas ... as respostas virão com a ajuda de vocês, leitoras e leitores do Café & Conversa. Mandem também suas sugestões para a trilha sonora.

E como diz o Romoaldo todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, em nosso quadro na CBN Recife: Um abraço! Bom café!

4 comentários:

Nora disse...

Estou adorando.
Sim! Acho que deverá ter mais capítulos...serão bem-vindos.
Abraços

Anônimo disse...

UAU!
Antes que eu me esqueça dessa exclamação, ponho logo no "lead". Caramba! Essa novela está ficando ainda melhor do que a do coração partido (mas não em pedaços). personagens mais vibrantes Acho que ela deve ter muuuuitos capítulos. E capítulos com mais detalhes das roupas usadas pelas pessoas, o perfume que usam. As meninas da minastra morta, por exemplo. Pode descrever em detalhes (não precisa contar cada curva do corpo. Nós podemos "visualizar). Mais detalhes sobre a decoração do ambiente. Cor local. Cor local é importantíssimo.
Agora só quero novelas policiais. São minhas favoritas, diga-se de pasagem.
Memélia

AkiNaRoçaÉAssim disse...

Amei a parte sarcática "Afinal, elas (as cinco assessoras)estavam ali por amor e não pelos altos salários e outras mordomias ..."

Penso que, dado a "beleza estoteante" e a simpatia da Ministra, o crime não foi indizido por ciúmes. Também não deve ter sido motivado por alguns dos seus "colaboradores" cansados de bancar o luxo e a luxúria. Isso pareceria óbvio demais para o leitor.

Assim, meu palpite, por agora, é de que se trata de um crime político. A Ministra estava cotada para ser a candidata à Presidência da Repúlica pelo Partido "X". (ahahahaha)

Claro que há muito para ser desvendado, e todo e qualquer palpite, a não ser que seja mais brilhante do que o que se passa na cabeça do autor, está fadado ao fracasso.

Fico, então, à espreita espreitando e me divertindo d+.

Marven de Marvênia.

Clara Favilla disse...

A ministra com orientação sexual diferenciada escolher cinco beldades a dedo não seria pleonasmo?
Passo só agora para o quarto capítulo. Não ei como evoluirá a história. Mas com cinco namoradas, apenas em seu gabinete, acho que essa ministra não foi assassinada. Morreu de overdose orgástica.

Abraços