sábado, 1 de dezembro de 2012

Cafe da Condessa e os detalhes preciosos

Ricardo Icassatti Hermano

Gosto da modernidade tecnológica, mas não gosto dos modismos, do ego desesperado para ser notado. Gosto das tradições que passaram pelo teste do tempo e permaneceram porque têm algo de bom. É o caso da educação. Não estou falando da educação formal, do banco da escola, que está completamente falida. Falo daquela educação da família, que é passada para a próxima geração.

Esse tipo de educação privilegia o recato, a discrição, o conhecimento, a elegância, o trabalho, o respeito, a gentileza. Para isso, é preciso uma longa história familiar, uma lapidação constante. E como identificamos essa educação? Simples, preste atenção aos detalhes. Admiro quem a possui.

No meio da semana recebi uma amostra de café. Recebo muitas de produtores de todo o país. Felizmente e graças a um trabalho árduo, o Café & Conversa adquiriu a confiança de todos os envolvidos no setor cafeeiro. Os produtores, em especial, sempre querem nossa opinião sobre seus cafés pois sabem que escrevemos para os consumidores.

Essa cobertura evita que os grãos tenham contato com o solo e sofram contaminação microbiológica

A amostra que recebi vem da Fazenda Santo Antonio, localizada no municipio de Jacutinga, Sul de Minas Gerais. O cafezal fica a mais de mil metros de altitude, na fachada Leste das terras, onde recebe doses generosas de sol pela manhã. A fazenda pertence à mesma família desde o século XIX e só vendia o café verde. Mas, isso foi só até que Maria Carolina, a filha única do proprietário, assumisse o negócio. E aqui é preciso abrir um parêntese.

Embalagem bacana

Maria Carolina é arquiteta, foi produtora de moda e é globetrotter. Abandonou parte dessas atividades para se tornar cafeicultora e morar em Jacutinga. Após um ano à frente da fazenda, resolveu que teria um produto com marca própria. Surgiu o Café da Condessa, uma homenagem à avó paterna, descendente de condes e barões do café. Nas palavras da própria Maria Carolina:

- Só aquilo de commoditie era muito chato. Não interagia com o mundo. Só documentos para cá e para lá. Zero de criatividade. Daí eu criei o "Café da Condessa". Fiquei um ano montando a empresa. Criei a logomarca, a embalagem etc. Minha empresa é bem artesanal. Foi tudo feito por mim e continua sendo. Levo o café a um laboratório para fazer o laudo. Acompanho a separação do café nas peneiras. Posteriormente passa por uma mesa eletrônica que lê os grãos e escolhe o que está maduro. Depois junto o que eu acho que fica bom e saio para vender. Agora é mais divertido - sorri.

Maria Carolina no comando do cafezal,
sem perder a ternura jamais

No dia seguinte, meu café da manhã foi de testes. A embalagem do Café da Condessa traz as informações necessárias e é muito bonita. Os grãos são do tipo Arábica, variedade Mundo Novo, tamanho bastante uniforme, com torra média e bem aromáticos. Lembra muito café sombreado. A torra é terceirizada e feita pela Grão de Ouro, em Espírito Santo do Pinhal.

Não me canso de admirar a beleza disso

Na minha french press, apresentou uma coloração agradavelmente achocolatada e próxima de café passado num coador Hario. Na boca, o Café da Condessa não abandona as boas maneiras e se revela com acidez pronunciada, doçura prolongada e corpo curvilíneo. Nem mais, nem menos. Na medida. 

Delícia : )

Resumindo, um café elegante como o cartão que o acompanhou. Escrito com caneta tinteiro em papel especialmente timbrado. Palavras escolhidas com aparente casualidade. Verbo provocante, "Delicie-se", e caligrafia esmerada. Detalhes ... 

Detalhes ...

Por enquanto, o Café da Condessa pode ser encontrado em Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Pernambuco e Ceará. Maria Carolina me garantiu que, em pouco tempo, teremos no Rio de Janeiro e em Brasília também. E ela ainda nos presenteou com uma das suas receitas prediletas, a Taça de Café.

Taça de Café

Capacidade da xícara: 200ml
Capacidade e tipo do recipiente: taça de 150ml 
Rendimento: cerca de 4 porções

Ingredientes
Gelatina de café

- 1⁄2 litro de água (500ml)
- 5 colheres (sopa) café em pó (40g)
- 4 colheres (sopa) rasadas de açúcar UNIÃO (40g)
- 3 colheres (chá) de gelatina em pó incolor (9g)
- 4 colheres (sopa) de água, para hidratar a gelatina (75ml)


Creme
- 2 xícaras (chá) de leite integral (400ml)
- 2 colheres (sopa) rasadas de açúcar UNIÃO (20g) 2 gemas, - peneiradas (40g)
- 2 colheres (sopa) rasadas de amido de milho (16g) 1⁄2 colher (sopa) de essência de baunilha (7,5ml)
- 1⁄2 lata de creme de leite (150g)


Preparo da Gelatina
Coe um café de acordo com a medida de água e pó. Ainda quente, adicione o açúcar e a gelatina previamente hidratada na água. Misture bem e reserve até esfriar. Despeje em um recipiente untado com óleo, medindo 13 x 24 e leve à geladeira por cerca de 2 horas ou até o completo endurecimento. Desenforme e corte em cubos de 1,5cm. Distribua nas taças e cubra com o creme. Decore a gosto.


Preparo do Creme
Com exceção da baunilha, misture os ingredientes e leve ao fogo, mexendo sempre até engrossar. Fora do fogo adicione a baunilha e reserve até esfriar.
Utilize frio.


Dica
Caso queira, adicione ao creme depois de frio, 1 colher (sopa) de licor de laranja.

Não aconselhamos CONGELAMENTO/DESCONGELAMENTO 

Elaborada pelo Centro de Inovação Culinária UNIÃO 

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