Ricardo Icassatti Hermano
Apesar de não passar de uma cidade do interior metida a besta, Brasília ainda é um lugar bacana de se viver. Pelo menos por enquanto. Já estamos sentindo as mazelas das cidades que crescem desordenadamente. Engarrafamentos, falta de estacionamento, grosseria no trânsito, violência, crimes e desrespeito estão chegando e se instalando. Mas, a vida é perigosa mesmo.
Brasília é assim, quando não chove é isso que vejo no final da tarde
Como aquele rock dos Raimundos, "Mulher de Fases", Brasília é uma cidade de fases. Moro aqui desde 1960 e acompanhei a fase dos botecos. Poucos sobreviveram. Veio a fase das lanchonetes e só ficaram as grandes redes. As boates tiveram seu tempo também e não sobrou nenhuma.
Conheço essa rapaziada desde que eram criancinhas
Em seguida, vieram os gordurosos bares "bolinho de bacalhau" e os restaurantes de sushi que ainda resistem. A fase das pizzarias está chegando ao fim e várias estão fechando. A fase atual é das cafeterias. Abre uma por mês. Vamos ver quantas irão sobreviver.
Dia desses, passei na frente do que costuma ser uma pizzaria, na CLS 308, e qual não foi o meu espanto ao ver que havia fechado e reluzia em sua fachada o nome "cafeteria". Procurei uma vaga, estacionei o carro e fui lá ver isso de perto. O lugar se chama Maria Amélia Cafeteria e tem apenas três meses de vida.
A cafeteria fica bem na esquina próxima à W-3
A casa é até simpática, bastante espaçosa - o que está ficando raro na cidade - e abriga várias mesas. Tem dois sofás balineses num canto com mesa baixa com jornais e revistas. Fui muito bem atendido pela garçonete, que respondeu minhas perguntas sem titubear.
Espaço privilegiado para uma cafeteria
O café Cristina servido ali não é dos melhores, mas até que não estava tão ruim. Talvez tenha sido o acompanhamento, um salgado que ainda não conhecia: Religiosa. Já ouviram falar dele ou dela? A massa lembra o empadão goiano, só que finíssima. A Religiosa é servida com vários recheios. Escolhi o de palmito e estava deliciosa.
Um espresso antes de comer a Religiosa ...
Mas, de cafeteria a Maria Amélia tem pouco. A quantidade de opções de salgados e doces remete mais a uma confeitaria. O café é apenas uma bebida complementar e não o foco central da casa. Se eles melhorarem a qualidade do café, disponibilizarem WiFi e derem uma caprichada na decoração, pode ficar bem legal.
Essas mesas cobertas com tampa de acrílico não ficaram legais
O importante é que tem gente investindo no segmento das cafeterias. E isso é um bom sinal. Significa evolução, civilização, fazendo contraponto à barbárie que se avizinha. Saindo dali, ainda vi outra cafeteria que visitarei em breve e trarei as informações para nossas(os) leitoras(es). Aguardem.
Pelo tamanho do cardápio dá para notar que ninguém passa fome ali
Um comentário:
Vou lá quinta feira para provar. Espero que seja bom.
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