segunda-feira, 19 de março de 2012

John Carter, um filme de aventura como deve ser

Ricardo Icassatti Hermano

Lembra quando Marte tinha marcianos? Eu lembro. Era um menino de calças curtas e sonhava com as aventuras dos gibis que o meu pai comprava nos finais de semana. Depois passei para o cinema e os livros. Sempre aventuras. Quando me tornei adulto, tratei de vivê-las, o que faço até hoje e, se tudo der certo, devo partir feliz no meio de uma delas : ) 

Marvel Comics, atiçando imaginações há décadas

Lembro de acordar cedo no quarto em que dormíamos meu irmão, Bily, e eu. Usávamos os cobertores, lençóis e travesseiros para construir cenários com elaboradas topografias. Montanhas gigantescas, vales profundos, estradas perigosas, planaltos a perder de vista, cavernas misteriosas, florestas inexpugnáveis e desertos escaldantes. O limite desse mundo eram as beiradas das camas. Com pequenos bonecos e outros cacarecos simulávamos guerras, corridas, expedições a todos os lugares da Terra e a outros planetas.

Como a nossa imaginação voava ...

Os gibis que misturavam aventureiros com ficção científica eram os meus prediletos. Sei não, mas os gibis do meu tempo eram muito mais criativos que os atuais. Não havia tantos super poderes. Nossos herois eram falíveis, mortais, vulneráveis. Seu esforço para vencer obstáculos era reconhecível porque era igual ao nosso. Podíamos até reproduzir algumas proezas, como galopar em cavalos sem sela, no melhor estilo Apache, armados até os dentes com nossos estilingues; ou escalar armários, subir em árvores e explorar os quintais e as redondezas da nossa casa, das tias e da avó.

Os super poderes nos transformaram, os humanos sem poder nenhum, em meros figurantes. Saímos da arena de luta. Por isso prefiro os heróis que se machucam e que sempre arriscam suas vidas, no lugar de super heróis que são invulneráveis, fortes como dinossauros, disparam raios e se auto curam. São tantas vantagens que eles só podem enfrentar super vilões cujos poderes se igualem. Qual é a graça? Os heróis também precisam contar com a própria inteligência e com o que a ciência pode fornecer, como o Batman por exemplo. 

Outra pequena amostra

Certa vez fui a São Paulo para fazer um curso de edição de vídeo digital e fiquei hospedado no apartamento da minha grande amiga Catita. Da varanda podia ver outros prédios que tinham pequenos espaços no térreo para as crianças brincarem. Nenhuma árvore, nenhum bicho, nada para explorar. Resultado: elas ficavam em casa com seus televisores e video games. Tenho pena dessas crianças. Felizmente meus filhos escaparam disso. 

Mas, eu falava dos gibis que alucinavam minha imaginação. Um deles era a "coleção" de John Carter, um veterano da Guerra Civil americana que é acidentalmente transportado para Marte. Vocês fazem ideia da sofisticação científica contida neste simples gibi? Ele não é abduzido por E.T.s num OVNI. Carter é transportado instantaneamente através de um buraco de minhoca! Uma das teorias mais avançadas em matéria de viagem espacial e ainda desconhecida na época.

Primeiro volume, capa dura, 1917

John Carter é uma criação do genial Edgar Rice Burroughs numa série chamada "Barsoom Novels". A primeira novela foi publicada em capítulos de fevereiro a julho de 1912 na revista "The All-Story" com o título "Under the Moons of Mars". Desde então, os gibis são baseados nessas novelas e o filme lançado pela Disney comemora o centenário do personagem. Claro que levei meus filhos para assistir comigo.

Cartaz do filme

Após o sucesso de Tarzan, outra criação fantástica de Burroughs,  a saga de John Carter foi reeditada em 1917 com novo nome no primeiro volume: "The Princess of Mars". Os volumes seguintes foram "The Gods of Mars" (1918); "The Warlord of Mars" (1919); "Thuvia, Maid of Mars" (1920); até o último "John Carter of Mars", publicado postumamente em 1964.

Efeitos e animação digitais são perfeitos

Hollywood estava nos devendo um bom filme de aventura desde o primeiro Indiana Jones. Os outros da série são uma porcaria porque passaram a ser feitos para crianças e para divulgar parques em Orlando. A dívida foi paga. John Carter é um excelente filme de aventura, baseado numa obra incrível. "Coisa phina", como diria a Gioconda. Muita luta, humor e o John Carter ainda pega a princesa - gatíssima - marciana. Aliás, um belo toque da maquiagem ao avermelhar a pele dos marcianos com aparência humana e as tatuagens vermelhas também são bem legais. O filme me teletransportou diretamente à minha infância e aos sentimentos que me dominavam quando lia aqueles gibis. 

Viu as tatuagens vermelhas da princesa marciana?

Não posso contar mais porque senão perde a graça. Vá assistir e se tiver filhos pequenos leve-os também. Dê este presente aos pequenos, atice suas imaginações com mundos fabulosos. Ele vão adorar. Ah! E tem um animal em Marte que é a cara do Zeca. Veja o trailer:


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