domingo, 15 de janeiro de 2012

Duas Escolas de Espionagem nos Cinemas

Ricardo Icassatti Hermano

A espionagem no cinema se divide basicamente em duas vertentes. A americana, que é centrada na ação com muita pancadaria, tiros, explosões, perseguições frenéticas e tecnologia a dar com pau. A outra é a inglesa, que privilegia a inteligência, as observações, os detalhes, a desconfiança absoluta, um verdadeiro jogo de xadrez. 

Cartaz do filme, escola americana

Estão em cartaz nos cinemas de Brasília dois bons exemplos dessas duas escolas da indústria cinematográfica: Missão Impossível 4: Protocolo Fantasma e O Espião que Sabia Demais. O primeiro baseado em um seriado de TV e o segundo baseado em um clássico da literatura de espionagem do escritor e ex-espião do MI6 John Le Carré

Cartaz do filme, escola inglesa

Mas, a espionagem de ação não é exclusividade americana. Afinal, os ingleses inventaram o James Bond, que era mais playboy do que espião. E foi descaradamente imitado pelos americanos com o James Coburn, que fez apenas dois filmes encarnando o super espião Flint. Para desbancar o Sean Connery, esse Flint era mestre em artes marciais, fluente em 47 idiomas, neurocirurgião, espadachim, físico nuclear e vivia numa mansão com quatro gatas lindíssimas. Obviamente inspirado em Hugh Hefner ... Essa é parte exagerada e engraçada dos filmes de espionagem. 

O Flint era floda

Os americanos optaram por transformar o ofício da espionagem - no cinema - numa prova de decatlo. Os agentes secretos americanos sempre estão dando porrada em alguém, pulando, correndo, atirando, pilotando, voando, fugindo, chega dá um cansaço. A parte de inteligência mesmo fica relegada a segundo plano, por conta dos gadgets eletrônicos e de informática. Com apenas um laptop eles são capazes de burlar sistemas sofisticados de segurança e roubar informações valiosas. No final, ainda pegam a gata do filme.

Americanos adoram gadgets eletrônicos

Já os ingleses optaram claramente pelo cérebro, pela psicologia, pela respiração suspensa, por desfazer cada nó com muito cuidado, procurar os pontos fracos, pela estratégia. Enquanto Tom Cruise se pendura em prédios com luvas magnéticas eletrônicas, Gary Oldman retira os sapatos e anda de meias para não ser percebido. Enquanto Cruise só percebe o que está acontecendo após uma gigantesca explosão, Mark Strong sabe que a operação foi comprometida ao ver o suor excessivo no rosto do garçom. Sutilezas.

Gary Oldman, impecável

Missão Impossível continua sendo um bom entretenimento, mas sem surpresas ou grande esforço mental. E haja imaginação para recriar pela quarta vez a famosa cena de ficar pendurado a centímetros do chão ou de algo pontudo. Como sempre, há uma renovação nas gatas, agora com Paula Patton, que faz uma agente secreta da equipe de Cruise, e a francesa Léa Seydoux, que faz uma assassina profissional. Só para mexer com a imaginação um pouco, as duas saem na porrada : ) Aqui também o agente Ethan Hunt volta a ficar solteiro, para alegria das fãs.

Assassina Sabine Moreau, delícia, delícia, assim você me mata ...

O Espião que Sabia Demais talvez não seja o título ideal para resumir o que é este filme. O título original em inglês é Tinker Tailor Soldier Spy, que são os codinomes de alguns integrantes da cúpula do serviço secreto inglês. Após uma missão fracassada, o agente George Smiley, magistralmente interpretado por Gary Oldman, é forçado a se aposentar, acompanhando o cabeça do serviço secreto. 

Gary Oldman e John Hurt, dupla da pesada

Acontece que existe a suspeita de haver um espião russo infiltrado na cúpula do serviço secreto. O ex-chefe estava investigando isso quando foi obrigado a se aposentar e morreu em seguida. Assim, sobra o agente Smiley, que é convocado para dar continuidade à investigação pelo lado de fora. Para vocês terem uma ideia, são disparados apenas quatro tiros neste filme. É, eu contei : )

Espionagem não é para qualquer um

Daqui em diante, é melhor vocês assistirem esse filme magnífico sob todos os aspectos. A interpretação fica a cargo de um time realmente estelar de atores ingleses. Além de Oldman e Hunt, ainda tem Colin Firth (Oscar de 2011 por O Discurso do Rei), John Hurt e Ciarán Hinds. Todos dando show.

Eu não disse que as duas se pegavam?
Ou você prefere ver dois machos se agarrando no MMA?

O Café & Conversa assistiu os dois filmes justamente pela oportunidade de comparar essas duas escolas cinematográficas. Aprovamos e gostamos das duas. Aliás, até o James Bond adotou uma postura mais psicopática, se modernizou e acompanhou a corrente da ação + eletrônica. Vejam os trailers.




Um comentário:

Cláudia disse...

Filmes assim, são os meus preferidos.
Adoro cinema!!
beijos.