sábado, 3 de julho de 2010

Vicky Cristina Barcelona


Ricardo Icassatti Hermano

Finalmente assisti o comentado filme do diretor Woody Allen rodado na Espanha, mais precisamente na lisérgica cidade de Barcelona. Perdi nos cinemas, mas ainda bem que existe a TV paga. É o Vicky Cristina Barcelona. Assim mesmo, sem vírgulas.

Cartaz do filme

Ultrapassando a barreira do triângulo, Woody Allen monta um interessante quadrilátero amoroso entre o pintor Juan Antonio, interpretado por Javier Barden; a estudante Vicky, com a atriz Rebecca Hall; a amiga metida a "alma livre" Cristina, vivida pela musa do diretor, Scarlett Johansson; e a artista desequilibrada e ex-esposa do pintor, Maria Elena, encarnada por Penélope Cruz.

Quadrilátero poderoso e a arte da sedução

Não sei bem o que Woody Allen pretendia com esse filme. Para mim, trata-se de uma comédia romântica bem leve que, presume-se, busca abordar algumas questões mais profundas e caras aos seres humanos em geral. Questões intrincadas no universo das relações amorosas. Mas, o diretor já foi mais contundente em outros filmes a esse respeito. Os diálogos continuam maravilhosamente impecáveis.

Cada uma das mulheres faz um tipo específico. Vicky é a típica americana racional e calculista no sentido de planejamento da vida. Ela acredita em comprometimento, exclusividade e casamento. Também abomina as paixões desenfreadas e vai à Barcelona fazer um curso de arte catalã durante os três meses de férias.

Vicky e Cristina, opostos que se unem

Sua amiga Cristina acredita que ser uma pessoa de "alma livre" é criticar a burguesia da qual desfruta largamente as delícias, confortos e amenidades. Parece até "azisquerdas" brasileiras. Na verdade, ela apenas pula de relação em relação e de cama em cama com a alegria de um passarinho, enquanto tenta decidir o que fazer da vida. Saindo de mais uma decepção amorosa, junta-se a Vicky na viagem.

Em Barcelona, conhecem o pintor Juan Antonio e a partir desse encontro tudo se desenrola. Incluindo o surgimento da ex-esposa saída de uma tentativa frustrada de suicídio. Ela, Cristina e o pintor acabam formando um núcleo familiar depois que Juan Antonio traça Vicky. Esta, por sua vez, tem que lidar com um noivo milionário que descobriu ser um chato, ignorante e insosso. Além do tesão que passa a devorá-la depois de Juan.

Após transar com Juan, Vicky se enche de dúvidas e desejo

Woody Allen acaba mostrando também como os americanos enxergam os latinos. Para eles, somos meio destrambelhados, emocionalmente destemperados, íntimos demais e sem qualquer tolerância. Basta uma contrariedade e, histriônicos, começamos a gritar, passamos para o xingamento até chegarmos a agressão física.

O que fica do filme é que todos buscamos um relacionamento que nos complete. Seja com uma, duas ou três mulheres ao mesmo tempo. E sempre estamos nos frustando com nossas escolhas em algum momento. São expectativas demais, fantasias demais, hormônios demais. E as decepções são inevitáveis. Mas, continuamos tentando. Na visão de Woody Allen, com uma boa dose de cinismo e hipocrisia.

Mas, temos as imagens de Barcelona, cidade que conheço mais ou menos bem. Andar por Barcelona é como tomar um ácido em qualquer outro lugar. O arquiteto catalão Antoni Gaudi era um alucinado, no bom sentido da palavra, pois sua imaginação e criatividade não conheciam limites. Viveu para a sua obra e morreu absolutamente pobre.

Do terraço de um prédio de Gaudi, pode-se ver a Igreja da Sagrada Família

Deixou um imenso legado arquitetônico ainda inacabado, que hoje é a grande atração turística de Barcelona. Outra coisa boa são as universidades, que enchem a cidade de jovens do mundo todo. As Olimpíadas levaram a modernidade para lá, mas o que realmente me encantou foi a parte velha da cidade. Seus cafés, bares, restaurantes, ruelas apertadas, museus, praças, teatros. Tudo muito bonito e inspirador.

Voltando ao filme, não vou colocar um trailer, mas a cena em que Johansson e Penélope finalmente consumam a relação entre si dentro de uma câmara escura de fotografia. Isso me lembrou uma pequena aventura que tive numa dessas câmaras quando estava aprendendo a revelar filmes e uma colega bem ... bem, deixa pra lá. Vejam essa cena que é bem mais explosiva.

Infelizmente, o vídeo foi retirado do YouTube. Portanto, restou apenas o trailer convencional.



Um comentário:

Anna disse...

Eu amei esse filme... pra mim é bem familiar todas estas emoções atritos, desgostos, paixão, insanidade...Fora o cenário!!!! Barcelona é um luxo...Soususpeita pra falar de Woody Allen... amo! Ja viu "Tudo Pode dar Certo'? Recomendo também... é de 2009.