Ricardo Icassatti Hermano
Atendendo à calorosa recomendação da Little Mary, assisti o filme Os Descendentes. Sinceramente, não entendi porque o George Clooney foi indicado para o Oscar de melhor ator. O papel não exigiu dele nenhum esforço de atuação além do que ele costuma fazer em filmes medianos. As cenas que exigiram um pouco mais, emotivamente falando, não me convenceram. Ele poderia ter feito melhor. Talvez tenha sido indicado pela Academia diante da pobreza de boas atuações masculinas neste ano dominado pelas atrizes. Sei lá eu.
O importante é que o filme é menos que razoável. A história gira em torno dos dilemas de um milionário pão duro de meia idade, pai de duas filhas e cuja esposa está nos seus últimos dias de vida em coma no hospital. Bateu a cabeça num acidente com lancha de corrida oceânica, uma bon vivant que queria torrar mais a grana do marido. Desde que o humorista norte-americano Jerry Seinfeld mostrou que era possível manter um seriado no ar anos a fio falando sobre nada, o cinema resolveu imitar e fazer o mesmo. É o caso deste filme.
Clooney interpreta esse milionário, Matt King, que tem um casamento falido, mas a partir do acidente que deixou a esposa em coma, passa a cuidar dela em tempo quase integral sem nenhuma dificuldade financeira. Menos um drama. O drama dele é lidar com uma filha adolescente que nem é tão rebelde assim, seu amigo adolescente retardado, a filha menor e a descoberta de que a esposa o chifrava à vontade com um corretor imobiliário igualmente casado e pai de dois garotos pequenos. Convenhamos.
Os personagens que compõem o núcleo "dramático"
Daí em diante, ele se ocupa em descobrir quem era o amante da sua esposa e aos poucos ir planejando o que fazer quando o encontrar. E não acontece absolutamente nada, sinto informar. Nem parece coisa de milionário. Está mais para nova classe média emergente deslumbrada. O cenário é o Havaí, mas pouco se mostra das suas belezas naturais.
A garota coadjuvante quase rouba a cena ...
O que levei de bom do filme, foi a revelação da jovem atriz Shailene Woodley, que interpreta a filha adolescente. Também gostei do Nick Krause, que faz o adolescente retardado. A outra coisa boa foi uma frase, uma bela frase, que é um ensinamento do pai de Matt. É mais ou menos assim:
- Dê aos seus filhos dinheiro suficiente para fazerem alguma coisa e nunca dinheiro suficiente para não fazerem nada.
E é só. Não há catarse, ensinamento ou qualquer moral ao final do filme, assim como não há grandes emoções. Ouvi algumas pessoas fungando quando a esposa morre, mas foi só. É o tal do nada. A vida apenas continua e se você for um milionário, ela continua de maneira bem mais agradável. O engraçado foi perceber o comportamento dos casais no cinema. O silêncio é ensurdecedor quando Matt descobre que estava sendo chifrado pela esposa. Em seguida, os casais passam a se beijar ruidosamente. E o comportamento se repete toda vez que o assunto "chifre" retorna. Deve haver alguma mensagem aí nessa linguagem corporal ...
Esses dois se saíram muito bem
Não voltaria a assistir esse filme como fiz com o sensacional "Os Homens que não Amavam as Mulheres", que assisti novamente na companhia da Catita. Quando um filme é bom mesmo, a segunda vez que assisto é para prestar atenção em pequenos detalhes, cronometrar determinadas cenas, procurar erros e comparar, neste caso, com a versão sueca. Coisas de aficionado. Fiquem com o trailer.
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