domingo, 17 de junho de 2012

Prometheus, Ridley Scott é o cara!

Ricardo Icassatti Hermano

Foi bom não ter escrito minhas críticas sobre os dois últimos filmes que assisti em companhia de Catita e Little Mary, sem antes assistir o assombroso Prometheus, obra mais recente do fenomenal diretor Ridley Scott. Falo sobre os dois filmes anteriores em outro post. Acabo de sair do cinema e quero falar sobre mais essa obra prima de um dos diretores que as pessoas vão assistir sem nem procurar saber quem está no elenco. Poucos diretores alcançaram esse status na história do cinema.

Cartaz do filme

Também pudera, Scott tem no seu currículo nada menos que quatro filmes que são clássicos eternos: Alien, Blade Runner, Thelma & Louise e Gladiator. O diretor está podendo e este novo filme tem tudo para ser um desses clássicos eternos. Vamos começar pelo começo. Prometheus é o nome de um deus da mitologia grega e também batiza a nave espacial que leva um grupo de cientistas à um planeta distante para desvendar o mistério da nossa origem. 

A nave Prometheus

Mas, o deus grego tem uma história interessante, Reza a mitologia que ele gostava de nós, humanos, e queria nos tirar do atraso pré-histórico em que nos encontrávamos. Não, ele não criou o Bolsa-Família e nem foi o responsável pela corrupção que levou a crise econômica da Grécia. Apesar de ser um Titã e pertencer a uma boa e tradicional família de deuses, era filho de Jápeto e irmão de Atlas, ele tinha uma quedinha pela transgressão e roubou de Zeus o segredo de como fazer fogo, nos entregando em seguida de mão beijada. Foi o nosso primeiro conhecimento tecnológico e a partir dele construímos a nossa civilização. 

Zeus, no entanto, não gostou nada da iniciativa, digamos, humanista e engajada-de-esquerda de Prometheus e o condenou a uma pena terrível. Ele foi acorrentado a uma rocha por toda a eternidade, com um requinte de crueldade divina. Durante o dia, uma águia comia-lhe o fígado, que voltava a crescer durante a noite. Um nome mais que apropriado para o filme e a nave que vai atrás da origem desse outro "fogo" que nos criou.

Acho que Prometheus preferiria perder o fígado tomando cachaça

Há quem não tenha gostado do filme. Alegam que Scott foi repetitivo. Sim, estão lá os elementos do Alien original, os túneis claustrofóbicos, as formas orgânicas, o visual cyber punk que o celebrizou, a criatura etc. Mas, e daí? Isso é que é o bom do filme. Além disso, o diretor mantém a linha mestra da infinita curiosidade humana, sempre perguntando, sempre em busca de verdades e conhecimento, sempre angustiada com a origem de tudo. Afinal, é isso que nos move.

Ridely Scott sabe como jogar com nossos medos primordiais

Me parece que Ridley Scott deve ter lido "O 12º Planeta", de Zecharia Sitchin, arqueólogo e pesquisador que também prestou consultoria à NASA. Esse livro revela o conteúdo de textos sumérios de 6.000 anos de idade, que explicam como a raça humana foi criada por seres alienígenas "à sua imagem e semelhança". Os sumérios os chamavam de Anunakis. Eles estiveram em nosso planeta no início das eras. O planeta deles, Nibiru, o 12º do nosso sistema solar, tem uma órbita semelhante à dos cometas e somente  passa perto da Terra a cada 3.600 anos.

Por via das dúvidas, a NASA já está monitorando o espaço ...

Digo isso porque já li o livro e reconheci vários elementos no filme. Em uma entrevista, o diretor conta que teve a inspiração para este filme ao tomar conhecimento da imensa cultura que se desenvolveu em torno das especulações sobre o alienígena que é descoberto pelos astronautas terráqueos no primeiro Alien. Ele não tinha uma história prévia do alienígena gigantesco, apenas estava ali compondo o cenário e servindo de origem para a famosa e horripilante criatura.

Lembram dessa cena no primeiro Alien?

A partir disso, criou o "gancho" para o roteiro. E que roteiro! Se sua irmã, amiga, namorada, esposa ou seja lá o que for, não gosta de ficção científica, não leve para assistir esse filme. Ela não vai gostar nem um pouco e vai encher o seu saco porque você nem terá com quem conversar sobre o filme depois. Com honrosas exceções, mulheres em geral acham muito complicado para a cabeça delas toda aquela ciência e morrem de medo dos "monstros gosmentos". Elas também poderão sair meio raivosas do cinema ao se depararem com a beleza estonteante da atriz Charlize Theron ...

Charlize está se especializando em interpretar mulheres malvadas

A Charlize Theron certamente tem DNA alienígena, pois nada neste planeta explica a sua beleza e o fato da passagem do tempo não lhe maltratar como faz com a mulherada em geral. Outra atriz que está no elenco e interpreta o papel principal é Noomi Rapace. Ela é a garota punk sensação do filme "O Homem que não Amava as Mulheres", a versão sueca. Fiquei fã dela depois que assisti a trilogia baseada nos livros de mesmo nome e fico feliz de vê-la em um filme dessa grandeza. Em Prometheus, ela interpreta uma cientista e fica claro porque foi escolhida para o papel.

Fiquei mesmo fã dessa garota

O elenco ainda conta com Guy Pearce, quase irreconhecível; Michael Fassbender, que virou arroz de festa e está em todas ultimamente e aqui interpretada o andróide; Logan Marshall-Green; e Idris Elba. E claro, estreando o astronauta alienígena e as criaturas que vão dar origem ao Alien. Preparem seus corações para grandes emoções e suas carteiras para o preço salgado do ingresso na sala XD. Mas, vale a pena o investimento. O Café & Conversa assistiu e saiu estupefato do cinema. Veja o trailer:



10 comentários:

Nilo disse...

Fui assistir ao filme depois que li a crítica de vocês e, sinceramente, me decepcionei!! Ainda mais quando se compara ao clássico Blade Runner,a gente acaba esperando algo no mesmo nível, mas infelizmente não foi assim. Carregado de clichês, e com algumas situações que me pareceram muito estranhas não convencem como um filme de ficção. Por mais fictício que possa tudo aquilo parecer, algumas situações tem que ser no mínimo verossímeis. Por exemplo:

-Como que alguém se propõe a viajar não sei quantos milhões de quilômetros numa nave pelo espaço a dentro e só deixa pra saber o que vão fazer ou qual o objetivo da viagem depois que chegam ao destino. Segredo? Ok pode ser, mas soa estranho.Tudo bem, alguns foram céticos quanto ao motivo, mas foram sem perguntar? Aceito qualquer argumento quanto a isso,pois não foi o que mais me chamou a atenção.

- Como pesquisadores, cientistas, biólogos, arqueólogos, etc, tiram um capacete, num ambiente estranho, por mais que o ar seja respirável. Será que não pensaram que poderia haver algum problema de contaminação? E só depois a bióloga lembrou né? poxa, isso é básico!!!
- Como que alguém, por mais idiota que seja, vai brincar com um ser estranho que parece uma cobra, o que no nosso planeta, já seria perigoso, e o cara nem se preocupa com o fato? Isso foi a gota d´água!!
- E Hollywood ainda acha mais bonito esteticamente uma cabeça sendo arrancada, do que fazer um negro transar com uma branca no cinema, ainda que seja em cenas meramente sensuais.

- O resto é uma sucessão de clichês.
É interessante que sob a ótica do autor, a raça humana como tal, ensimesmada em seu narcisismo egocêntrico (pra ser bem redundante)prefere achar que seres evoluídos tecnologicamente, são tão violentos quanto o tamanho de sua evolução tecnológica. resta saber o que vem por aí na continuação.

Anônimo disse...

Cadê meu comentário?

Ana disse...

Bem, vamos lá. Releia o trecho do texto abaixo e encontre os sete erros:

"Se sua irmã, amiga, namorada, esposa ou seja lá o que for, não gosta de ficção científica, não leve para assistir esse filme. Ela não vai gostar nem um pouco e vai encher o seu saco porque você nem terá com quem conversar sobre o filme depois. Com honrosas exceções, mulheres em geral acham muito complicado para a cabeça delas toda aquela ciência e morrem de medo dos "monstros gosmentos". Elas também poderão sair meio raivosas do cinema ao se depararem com a beleza estonteante da atriz Charlize Theron"...

Mais uma vez, sinteticamente, só para uma breve reavaliação: "mulheres em geral acham muito complicado para a cabeça delas toda aquela ciência e morrem de medo dos "monstros gosmentos".

Por que eu, como mulher, deveria continuar a ler textos que ofendem a mim e minhas semelhantes nesse blog? Por favor, me explique.

Se ninguém achar que existe um problema nesse parágrafo aí perco minhas esperanças na humanidade.

Como pode? =/

Café & Conversa disse...

Ana, vamos lá.

O que você leu é apenas a minha opinião baseada na minha vivência e observação. Você discorda e tem a sua própria opinião a respeito da minha opinião. No mundo civilizado é assim que as coisas acontecem, porque se preza muito a liberdade de expressão e de pensamento. A isso chamamos "Democracia". Ninguém fica ofendido por descobrir que os outros pensam diferente e tem suas próprias opiniões sobre o que quer que seja. Outro princípio que prezamos muito aqui no blog, é o direito dos(as) leitores(as) se manifestarem - está aí publicado o seu comentário - e de nos darem o prazer da sua companhia ou não. Aqui, ninguém tem medo de opiniões diferentes das nossas. Você e suas opiniões continuarão sendo benvindas aqui e você é livre para ir e vir quando bem entender. Porque é nisso que acreditamos. Se alguém achar que existe um problema nisso, aí perderemos nossas esperanças na humanidade.

Abraço

Café & Conversa

Ana disse...

Democracia é governo do povo e não tem nada a ver com o que você está falando. Liberdade de expressão é um princípio do liberalismo político, não da democracia, embora possa parecer confuso porque a ideologia vencedora, se assim podemos dizer, é um modelo de democracia liberal, ou seja, um princípio de formação de governos no qual o povo deve ser considerado (democracia) em um ambiente de garantia de direitos individuais (liberalismo).

Voltando ao ponto da liberdade de expressão, ela é garantida num contexto liberal. No caso do seu blog, acho que sua observação é pertinente - ele é seu, você publica o que quiser. A questão não é de limitação da liberdade de expressão, portanto, mas de lidar com as consequências do que ser diz. Meu comentário, nesse caso, é a consequência.

Liberdade de expressão carrega toda essa responsabilidade de saber lidar com o resto da humanidade. Normalmente o argumento do "sou livre para me expressar" desconsidera a noção de respeito social. Em alguns casos as pessoas já percebem que não dá pra dizer qualquer coisa (ainda bem!). Por exemplo, gente razoável não sai por aí ofendendo a população negra, porque o racismo, embora seja um problema grave ainda existente, soa mais óbvio do que o sexismo. Já comentários que podem ofender mulheres, bem... Pra que prestar atenção? Elas são seres frágeis, ornamentais, fracas e não vão querer ter um debate público sobre essas questões. No fundo, elas preferem muito mais coisas soft do que uma discussão sobre ficção científica, porque é isso que pertence ao universo feminino, mesmo, né? É praticamente...natural! Tsctsc.

Café & Conversa disse...

Ana, não sei como você chegou à conclusão que democracia não tem nada a ver com liberdade de expressão, uma vez que a primeira não existe sem a segunda. Liberdade de expressão é condição para a existência e a sobrevivência da democracia.

Você fala em "consequências do que se diz". Lido muito bem com isso. Aliás, você foi a única mulher que viu algo de errado ou ofensivo no meu texto e na minha opinião. Conversei com várias para saber a opinião delas a respeito e nenhuma se sentiu ofendida. A maioria delas inclusive confirmou que detesta ficção científica.

O que você chama de "noção de respeito social" nada mais é que o famigerado "politicamente correto" que busca pasteurizar o mundo e embotar de vez as mentes críticas. Claro que não estou me referindo a racismo e outras mazelas.

Constatar comportamentos, preferências e modos de pensar não é sexismo. Senão daqui a pouco não poderemos sequer dizer que alguém é homem ou mulher porque salienta diferenças e será encaixado em algum "ismo".

O que você escreveu sobre "seres frágeis" é opinião sua e não minha, apenas para esclarecer. Conheço poucas mulheres que realmente gostam de ficção científica, mas não representam de forma alguma o pensamento geral das mulheres a respeito do tema. Pela minha vivência e observações, reafirmo o que escrevi na crítica do filme.

Abraço

Café & Conversa

Unknown disse...

Rennan disse:

Olá, bom eu creio que a Ana e o Café & Conversa acabaram fugindo um pouco do tema principal desse post que é o filme Prometheus, não sobre Liberdade de expressão ou democracia, mas enfim acho realmente desnecessário o comentário de que mulheres não entendem esse universo dde ficção científica e tem medo de monstro gosmento, assim como homens ela tem o a opção de entender ou não, gostar ou não desse tipo de filme, porém eu fui com uma garota para o cinema ver este filme (tive que falar que era de terror pra convencer ela a assistir), ela simplesmente odiou o filme.
Mas enfim voltando para o filme (Essa vai especialmente para o Nilo), ele se divide em três partes: o antes, durantes e depois.

Antes: você cria uma e expectativa enorme sobre o filme, sobre como surgiu os terríveis monstros que aterrorizaram o universo durante anos nos cinemas, assim como seus segredos e a expectativa de como seria a visão de Ridley sobre como é o surgimento da nossa Raça

Durante: realmente essa parte deixa muito a desejar, o filme em si não conseguiu surpreender minha expectativas, esperava mais, muito mais. Tentativa sem muito sucesso de criar uum clima de terro no filme (os únicos sustos que minha acompanhante levou no filme era quando eu fazia bú pra ela ), muitas perguntas sem respostas oquê deixa uma pessoa que não conhecec nada sobre esse universo simplesmente boiando no filme. Contudo o filme possua um visual extraordinário, impecável, coisa de outro mundo (vale a pena o ingresso do cinema para você ver esse maravilha da computação gráfica, mesmo que você tenha quer pagar o ingresso inteiro no dia mais caro da semana).

Depois: a melhor parte do filme não é o antes(expectativa), não é o durante (decepção) e sim o depois. Após sair do cinema fica notável a genialidade de Ridley Scott, esse filme me vez mergulhar no universo que ele criou de forma que nenhum outro antes havia feito, eu simplesmente sai com um gostinho de quero mais no cinema, precisava de respostas e mesmo se eu tivesse um conversa de horas com Ridley, ainda assim, não saciaria minha sede. Apesar dele abusar do artifício de deixar perguntas sem respostas, esse método faz com que você tenha uma louca vontade de ter uma continuação, de continuar mergulhando nesse Universo ainda desconhecido.

Ufa(pensei que nunca ia chagar a um conclusão), apesar deu estar com uma vontade louca de continuar escrevendo sobre Prometheus tenho que terminar, e sim Prometheus é um Clássico e deve ser tratado como tal, pois reacende as chamas do amantes da sequência Alien e cria em paralelo uma nova criatura enigmática que tem potencial pra criar uma nova sequncia de filme, com todos os mistérios e chame do Universo Alien.

Café & Conversa disse...

Caro Rennan Sousa,

Parabéns! Você compreendeu Ridley Scott. O saudoso e genial Chacrinha já havia resumido esse aparente caos quando proclamou: "Eu não estou aqui para explicar; estou aqui para confundir".

Abraço

Café & Conversa

Desordem disse...

Ana, você estaria certíssima se o comentário fosse sexista, mas como o café & conversa disse:"Se sua irmã, amiga, namorada, esposa ou seja lá o que for, não gosta de ficção científica, não leve para assistir esse filme...". A frase " não gosta", foi fundamental para fazer a diferença tênue entre um simples comentário que diferencia gênero com suas preferencias e vicissitudes, e o preconceito sexista. Acho que se tirassem o termo " complicado" na frase : Com honrosas exceções, mulheres em geral acham muito complicado para a cabeça delas toda aquela ciência..." e substituíssem por "muito chato" ficaria melhor. Até porque pra quem não gosta, tudo fica chato. E aturar 2 horas de uma coisa que você não está a fim de ver, realmente torna tudo muito complicado. Mas dito daquela forma, pareceu chamar as mulheres de burras, mas acredito que não foi essa a intenção. Talvez você seja uma exceção, mas a grande maioria das mulheres que conheço, não gostam deste tipo de filme, mas conheço algumas que adoram e gostam de falar sobre. Quanto ao Renan, quero dizer que, concordo quando fala sobre ou efeitos, mas isso pra mim é muito pouco para um filme de Ridley, principalmente depois de assistir Blade Runner, me diga você o que sobressai, os efeitos ou a estória em si?. Estou cansado de ver filmes que exploram excessivamente os efeitos especiais, que deixam tudo muito pasteurizado, até porque, hoje em dia, com os recursos que se tem e um pouco de criatividade, fica bem "facil" fazer toda aquela coisa. Não é como a 30 anos atrás, quando tudo era novidade. Quando vou ao cinema hoje ver um filme de ficção, espero mais do que isso. Sinto falta de enredos, estórias, roteiros envolventes, intrigantes. Ok, o filme deixou algumas perguntas no ar que dão assunto para o próximo filme, e só! O resto, volto a dizer, foram clichês, nem sua companheira levou susto, pois com certeza já está habituada a assistir filmes que exploram as cenas da mesma maneira, quantas e quantas vezes. É disso que estou falando.
Nilo dos Anjos

Anônimo disse...

Sobre o imbróglio aí em cima, sejamos francos: mulheres não gostam de ficção científica, EM REGRA.

Não sei qual o problema em não ser franco nos dias de hoje.