domingo, 13 de dezembro de 2009

Surpresas surpreendentes no Casa Park


Sábado proveitoso. Queria analisar a cafeteria Senhoritas Bistrô & Café, na CLN 408, mas estava fechado. Assim, parti para o Casa Park, onde pretendia assistir um filme, e aproveitei para passar o rodo em todas as cafeterias do local. Tive gratas surpresas.

Diz a sabedoria popular que é nos pequenos frascos que se encontram os grandes perfumes. Devo acrescentar, os grandes venenos também. Vejam o caso do diplomata Megalonanico e a meleca que fez em Honduras ...

Iniciei meu tour de force por um pequeno balcão que fica na praça de alimentação do primeiro andar, perto da Livraria Cultura. O local é um posto avançado da Godera Confeitaria, cuja sede fica na CLS 108, mais focado em café. Há coisa de um ano, tomei lá um excelente café italiano Illy. Deixaram de servi-lo porque, me disse a simpática atendente, não tinha saída ... Por isso, ficaram com a marca Qualycream e, de vez em quando, aparece por lá o Orfeu.

Posto avançado da Godera

Devido a essa terrível decisão, o blog Café & Conversa deslancha uma campanha para que a proprietária da Godera, a senhora Helvia, retome a venda do café Illy. Convocamos os leitores a enviar e-mails para ela pedindo a volta do bom café. O endereço é: goderacafe@gmail.com

Embora tenha sérias restrições ao Qualycream, resolvi experimentar. Foi a primeira surpresa. Não estava tão ruim como costuma ser. Talvez tenha sido a mão da atendente, que fez um "treinamento" para operar a máquina. Talvez o grão tenha melhorado. Não sei. O que sei é que o aroma achocolatado me surpreendeu. O resto desceu meio chocho, como de costume. O retrogosto também surpreendeu, com um doce pronunciado. Até que não foi o enorme sacrifício que temia.

Agora, o bom mesmo são os salgados e as tortas doces. Dessa vez, consegui resistir à tentação e fiquei longe das tortas de chocolate, nozes, limão ... Mas recomendo fortemente as empadonas de palmito e de bacalhau. Tudo feito na sede e levado fresquíssimo para lá. Sensacional! Comi logo três.

Após o filme (que vou comentar em outro post), fui às outras cafeterias. Retomei a jornada pela Tête à Tête Café, que na verdade é mais restaurante que cafeteria. Lá é servido o café Astro, um blend que almeja ser Especial. Não sei se conseguiu, pois o atendente não é barista e sequer fez um treinamento. Ele me contou que aprendeu sozinho no restaurante ... O café? Aroma leve de azeitona e gosto de carvão queimado. Pouquíssimo doce no retrogosto. Os dois pequenos chocolates que vieram junto estavam uma delícia.

Disfarce, finja que não viu e passe batido ...

Dali pulei para o Café Design, que fica na porta da loja Tok & Stok. O lugar é ajeitadinho, mas aquelas mesas altas com banquinhos compridos são bem desconfortáveis. Para quem bateu perna algumas horas dentro da loja, umas cadeiras e almofadas não fariam mal algum. A modernidade tem seu preço.

Ali servem o café Bravo. Não é um café excelente, mas é medianamente saboroso. O aroma é de nata de leite e o corpo é bastante untuoso, uma característica que me agrada. Mas, fica faltando sabor, que é pouco definido. A acidez é baixíssima, o que deve agradar muita gente, e o retrogosto tem nuances de frutas vermelhas.

Design só é bom quando tem conforto

Fiquei sabendo que a cafeteria pertence à loja Tok & Stok, quando um segurança me abordou perguntando por que eu estava batendo fotos do local com meu telefone celular. Ele deve ter achado que eu estava preparando um ataque terrorista. Pelo visto, a esperança ainda não venceu o medo. Especialmente depois que o Obama não desativou a prisão de Guantánamo, enviou mais 30 mil soldados ao Afeganistão, não desocupou o Iraque e agradeceu o Nobel da Paz justificando a necessidade das guerras. Promessas, promessas ... acredita quem quer.

Voltando ao café. Em seguida, fui ao Saborella Caffé. Lugar privilegiado, situado no centro do shopping. Tornou-se o point de quem quer ver e ser visto. Muito trottoir de pracinha em cidade de interior. Lá servem o italianíssimo Illy. Aliás, como me explicou o proprietário, Bruno Kzam (sobrenome de origem síria), é a única cafeteria de Brasília que recebe o café Illy em grãos. A Godera Confeitaria recebia em pó.

Ele ainda me disse que ao idealizar o empreendimento, viajou para a cidade de Bolonha, na Itália, para aprender tudo sobre sorvetes. Afinal, lá é a Meca do sorvete, ou gelato. Logo percebeu que os italianos associam café a tudo. As sorveterias não fogem à regra. Assim, resolveu fazer o mesmo em Brasília e optou pela marca Illy. Graças a Deus!

Foi outra supresa agradável. Além do excelente café, a Saborella conta com uma barista formada. O nome dela é Denise Leão. A moça é competente, tem conhecimento do café que prepara e é ambiciosa. Ela me disse que pretende se aperfeiçoar na profissão, ir para São Paulo e trabalhar na melhor cafeteria de lá. Seja ela qual for. É o que sempre digo: ninguém segura uma mulher com planos.

Denise Leão, essa garota vai longe

Pedi a Denise que tomasse um espresso comigo e me desse suas impressões e informações sobre o Illy. Ela me informou que aquele blend é formado por grãos provenientes de cinco países: Brasil, Etiópia, Costa Rica, Colômbia e África do Sul. As suas impressões sobre o café foram: aroma frutado, corpo forte, sabor cítrico e adocicado e torra suave. Discordei apenas da torra, que a mim pareceu bem acentuada, e destaquei a acidez adocicada e o equilíbrio do blend, um padrão mundial. E a crema do espresso estava como deveria, espessa, densa e absolutamente tigrada. Veja a foto.

Isso é uma crema

Mas, espere! Ainda tem mais. Parece um comercial das facas Ginzo 2000, mas não é. A surpresa seguinte ficou por conta de uma adega chamada Maison des Caves, que comercializa vinhos finos. Parei para dar uma olhada e encontrei uma parede inteira dedicada às cafeteiras Nespresso, aquelas máquinas modernas que utilizam cartuchos. São boas para quem tem pressa e gosta de praticidade automatizada. A loja tem todos os modelos e os cartuchos com vários tipos de café. As cafeteiras fazem espresso (xícara pequena e grande) e cappuccino. Claro, não são baratas. Mas, é um bom sinal que já estejam no mercado brasileiro.

Parede de café

Você achou que já tinha acabado? É claro que não! Na Livraria Cultura encontrei o recém-lançado livro da especialista em café e criadora de cardápios personalizados para restaurantes e cafeterias, a alemã Suzan Zimmer, atualmente vivendo no Canadá. O livro chama-se Eu (coração) Café e traz a história do café no Brasil e no mundo, as principais regiões produtoras e a variedade de espécies de plantas e de grãos. Além disso, mais de 100 receitas fáceis de fazer, desde as mais simples até as mais exóticas, como café com champanhe ou pimenta. Pode deixar que vamos postar algumas receitas aqui no blog.

Capa do livro

Vejam o que a autora diz sobre o espresso: "O espresso é a alma escura e cármica do café: suas combinações são ilimitadas, sua energia indescritível, e seu preparo deve ser feito com paixão e propósito. Um espresso é um café feito com extremo cuidado. Fazer um espresso é uma arte precisa, que envolve a interdependência de fatores como o método, o tempo de preparo, o blend, a torrefação, a moagem, a temperatura apropriada e a pressão específica".

Café também é poesia ...

Enfim, foi um sábado e tanto. Principalmente pelo elevado nível de cafeína no meu sangue. E o pior é que nem namorada eu tenho ... Well, como vimos, não é por falta de opções que você, caro(a) leitor(a) vai deixar de tomar um bom café em Brasília. E nós, aqui no blog, ainda temos muito chão inexplorado pela frente.

Ricardo Icassatti Hermano

2 comentários:

Rodrigo disse...

Engraçado. Sou de Goiânia e estava passeando pro lá no sábado de manhã. Estava na Cultura e tentei ir na Godera, mas ao me informarem sobre o Qaulycream, desisti dessa praga que está infestando o Centro-Oeste (aqui em Goiânia ele também é mais comum que o mosquito da dengue). Ainda bem que encontrei o Illy na Saborella... Foi a salvação.

Café & Conversa disse...

Você acertou na mosca, meu caro Rodrigo. E bebeu um excelente café Illy.

Como somos cobaias dos nossos leitores, temos que tomar todos os cafés, bons e ruins.

Mas, sempre vale a pena porque aumentamos o nível de informação para o consumidor.

Apareça sempre e não deixe de ler e recomendar o Café & Conversa.