Ricardo Icassatti Hermano
A minha, a sua, a nossa Blog-Novela chegou à segunda metade. Muita coisa aconteceu até que, finalmente, Raffaello e Carmem chegassem às vias de fato. Muita coisa ainda vai acontecer antes que possamos vislumbrar uma chance de que esse romance tenha um futuro. Será? São tantos detalhes que podem mudar tudo ...
Até aqui, contamos com a imensa e valiosa colaboração de várias(os) leitoras(es) que, munidas(os) de inteligência, generosidade, gentileza e criatividade, nos municiaram com críticas, sugestões, opiniões e ideias para que a trama se desenvolvesse. E o resultado é simplesmente sensacional.
E chega de conversa porque tem gente roendo as unhas e querendo ler logo o sexto capítulo da Broken Heart's Brodo e saber qual será a próxima reviravolta no encontro - ou seria desencontro - do nosso casal protagonista. Como de praxe, segue abaixo uma música que será a trilha sonora desse capítulo. Bota o som na caixa e divirta-se!!!
Broken Heart's Brodo
Capítulo 6
Raffaello ainda dormia profundamente quando o telefone tocou.
- Alô ...
- Oi Raffa ...
- Oi ... quem é?
- Sou eu, Helga ...
- Oi Helga ... putz! Que horas são?
- Te acordei? Desculpa ... liguei cedo porque queria te pegar em casa ainda.
- E pegou ... o que foi?
- Liguei só para te pedir desculpas por aquilo. Acabei estragando a sua noite com a moça lá.
- No problem ... já expliquei e ela entendeu.
- Menos mal. Assim mesmo quero me desculpar ...
- Está desculpada. E você já sabe o que eu acho dessa história de desculpa e perdão, né?
- Sei ... você não acredita em pedido de desculpas. Nem em segunda chance. Na verdade, eu deveria estar tentando me perdoar. Mas, será que cometi um erro tão grande assim?
- Você não cometeu erro algum. Mas, se você acha que me deve desculpas é porque também acha que fez algo errado e se sente culpada por isso. Por isso, não me peça desculpas. Peça a você mesma.
- Realmente ... não me perdoaria se fizesse algo que te magoasse ou prejudicasse de alguma forma. Você sabe o quanto eu te amo, desde os meus 14 anos de idade. Você é o homem da minha vida.
- Não se preocupe com isso Helga. Você não cometeu nenhum erro. Apenas bebeu demais. Só isso. Ninguém saiu prejudicado, só o seu fígado (risos). Não fiquei chateado nem magoado. A Carmem adorou os chocolates. Comeu a caixa inteira sozinha.
- Você acaba de me fazer a mulher mais feliz do mundo.
- Menas, Helga, menas ...
- Guarde aí esse meu número de celular. Só duas pessoas têm esse número. Uma delas é a minha mãe e a outra, agora, é você. Se precisar de qualquer coisa me ligue. Atendo em qualquer lugar do mundo.
- Está anotado. Mas ...
- Mas, nada. A gente nunca sabe quando vai precisar de ajuda. Espero que dê tudo certo com essa moça, a Carmem.
- Obrigado.
- Beijo.
- Tiau ...
Raffaello e Carmem não se viam com frequência. Tinham suas vidas e afazeres, mas mantinham contato através dos muitos meios disponíveis. Aguardavam ansiosos e felizes o próximo encontro. Começaram trocando mensagens alegres. Passaram para mensagens picantes e chegaram às mensagens saudosas.
Queriam e estavam se conhecendo, embora não falassem em compromissos maiores. Vasculharam fotos antigas e novas, contaram casos, alegrias, tristezas, decepções sofridas e que esperavam inutilmente não sofrer mais. Listaram vitórias e derrotas na vida, compartilharam sonhos, músicas, dúvidas e certezas.
Elegeram as varandas como seu espaço mágico. Ali, conversavam, ouviam música, trocavam ideias sobre filmes, livros e a vida. Também namoravam e, principalmente, se beijavam muito. Foi numa dessas muitas varandas que Carmem soube que Raffaello escrevia poesias. Pediu para ler.
Ele relutou. Não que tivesse algo a esconder, mas eram apenas poesias que seriam aproveitadas no contexto de um livro que estava escrevendo. Foram feitas pensando num amor fictício e desejado. Finalmente cedeu e lhe enviou o rascunho do livro com as poesias já incorporadas. Após a leitura, Carmem ficou emocionada.
- Gostou das poesias? - quis saber Raffaello
- Gostei muito ... fiquei tocada ...
- Mesmo? Qual você gostou mais?
- Essa aqui chamada "Venha cá", que fala sobre como ele ama a moça ..
- Por que?
- Ah ... porque deve ser bom ser amada dessa maneira.
- Você gostaria de ser amada assim?
- Eu queria ser amada desse jeito ...
Raffaello então se deu conta. Sem perceber, aquela poesia já havia se tornado realidade. Só faltava dizer o que ia pelo coração.
- Mas, você já está sendo amada assim. Toda as vezes em que você deitou sobre mim e encostou a cabeça no meu peito; todas as vezes o meu coração disse o quanto amo você ...
Carmem sorriu. Suas narinas se alargaram, suas pupilas dilataram. Sentiu um calor nas entranhas e a umidade tomar conta. Infelizmente, naquele dia estavam em cidades diferentes, conversando pela internet. Lembrou do que a amiga Emília havia dito sobre se fazer de difícil e pensou em mandá-la tomar naquele lugar. Mas, voltou a insistir na questão da indisponibilidade emocional.
- Por que você me amaria se não posso retribuir? Você sabe que estou emocionalmente indisponível ...
- Eu sei, mas o que posso fazer? Amo você e, logo após, ter dito isso, fiquei com a nítida impressão de que me lasquei ...
- ...
- Mas, vou assumir o risco. Se der certo ótimo. Se não der, ótimo também. Uma hora, essa situação, esse fiapo de relacionamento, vai ter que chegar a uma decisão. Seja ela qual for. Pode ser que a gente fique junto. Pode ser que você não queira. Pode ser que eu não queira mais. Vamos aguardar. O tempo dirá.
As horas se transformaram em dias. Os dias se transformaram em semanas. As semanas em meses. Certo dia, estavam conversando e Carmem expôs algumas dificuldades que estava tendo no seu trabalho. Raffaello se prontificou a ajudar no que pudesse. Ela explodiu em raiva. Ele não entendeu nada.
- Não estou te contando isso para que você fique me dizendo que tudo vai acabar bem. Odeio isso, que fiquem tentando me animar, me colocar pra cima. Eu quero apenas que você me ouça.
- Mas, Carmem, o que você me contou é algo fácil de resolver. E como vou vê-la preocupada e não tentar fazer algo para melhorar?
- Não faça isso! Eu não preciso!
- Tá bom. Se você não quer ... Mas, você não acha que a sua reação está um pouco desproporcional?
- Não! É que eu odeio essa coisa de acharem que vão me tirar a tristeza tentando me animar. A tristeza faz parte da vida e a gente precisa processá-la.
Raffaello estranhou, mas o amor que sentia o fez relevar. E quem ama aceita o outro como é. Creditou aquilo a um momento e não a uma característica de Carmem."Todos temos maus momentos", pensou.
Uma outra noite, já haviam entrado madrugada adentro fazendo amor. Estava tudo dentro daquele clima mágico que envolve os amantes, quando Carmem resolveu "discutir a relação". Queria saber porque Raffaello não se "comportava" como os demais homens que conhecera.
- Olha, eu não estou reclamando nem nada disso, mas você sabe que a maioria dos homens já teria tido orgasmo em 15 minutos, no máximo. Nós estamos aqui há pelo menos quatro horas e você não gozou ainda. Eu já tive vários e maravilhosos orgasmos. Você está tomando alguma coisa?
- Eu? Nunca precisei disso. Isso que estou fazendo chama-se Sexo Tântrico. Aprendi quando fiz Yoga.
- O que é isso?
- É uma técnica de Yoga em que o homem aprende a controlar o orgasmo e evita ejacular para prolongar o prazer. No Tantra, a mulher deve ser estimulada a ter muitos orgasmos, enquanto o homem deve estimular seu Kundalini. Toda a técnica visa a iluminação espiritual, claro.
- Mas, eu quero fazer algumas coisas também ... em você ...
- E por que ainda não fez? Fique à vontade ... será que precisamos pedir licença agora? Será que ainda não temos intimidade suficiente? Não sendo nada esquisito demais e que envolva alguns dos meus orifícios sagrados (risos) ... podemos passar à parte das algemas e do chicotinho (risos).
- Não sei porque as pessoas não gostam de discutir a relação (risos).
- Também não vejo problema em discutir a relação. O problema é só o timing (risos)... Poderíamos ter conversado sobre isso amanhã, né?
- Ah não! Quando me sinto incomodada com alguma coisa, tenho que resolver na hora!
Mais uma vez, Raffaello estranhou, mas decidiu não dar maior importância. Achou que, uma vez explicado, o assunto estava encerrado. O clima mágico havia se dissipado, mas voltaram a fazer amor até o dia amanhecer.
E vocês, leitoras e leitores, o que acham? O que está acontecendo? Carmem está mudando? Raffaello está certo em relevar ou está ignorando os sinais de perigo? O amor vencerá ou sairá derrotado mais uma vez? O amor é um jogo traiçoeiro? O que reserva o destino?
São muitas perguntas e as respostas virão com as colaborações das(os) nossas(os) leitoras(es). Continuem enviando suas críticas e sugestões. E como diz o Romoaldo todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, em nosso quadro na CBN Recife: Um abraço! Bom café!
4 comentários:
Amar é se atirar num vazio escuro. Com sorte, a luz em algum momento se faz. Mas no jogo do amor o feito é desfeito. feito e desfeito até que....
Excesso de intimidade dá nisso...os espaços acabam sendo invadido quase que sem perceber. Melhor seria um passo atras, para ambos.
Aguardar feliz e ansiosamente por um encontro sem neuras nem cobranças, se der certo bem, se não também - é coisa que vai muito bem num primeiro momento, mas depois...
Nesse ponto da trama os personagens se mostram mais reais, sobretudo a Carmem com seu contentamento descontente. Continuo torcendo por ela, mas com mais simpatia por Helga.
Quanto ao Raffaello... Sexo tântrico... Não teria o telefone dele, endereço, email, twitter? (risos)
marven
Nossa, Ricardo, você conseguiu!
O Rafaello agora é bonzinho a a Carmem é uma pentelha!
Ridículo esse joguinho dela de "emocionalmente indisponível".
Merece ser dispensada.
Postar um comentário