segunda-feira, 16 de maio de 2011

Deixando as coisas de menina, a Barista Skatista


Ricardo Icassatti Hermano

São Paulo não conheceu Jesus pessoalmente como os outros apóstolos. Não participou de nenhum dos eventos narrados nos Evangelhos. Mas, a sua obra teológica e filosófica é tão eloquente que, além de se tornar Santo, recebeu o título e o status de Apóstolo.

Mas, porque estou falando disso, se o entendido nesses assuntos aqui é o Romoaldo? Porque São Paulo escreveu uma carta que considero uma obra-prima. Esse texto é conhecido como Carta de Paulo aos Coríntios e trata da importância do amor genuíno.

Mas, eu não vou falar sobre o amor. Vou citar um trecho da carta que todo mundo deveria ler pelo menos uma vez por mês. Assim, evitariam fazer muitas bobagens. O trecho é o seguinte:

"Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino".

Apesar de estar no masculino, esse precioso ensinamento serve para as meninas também. Há um momento em que temos de passar para a fase seguinte. Para isso, precisamos abandonar algumas coisas e assumirmos outras. Senão a vida emperra.

Certa vez, meu filho Xanxão me perguntou porque eu estudava tanto o sobrenatural. Ele era uma criança e eu pensei um pouco antes de responder. Queria que entendesse a minha resposta e procurei uma forma de explicar que ele pudesse visualizar.

- Meu filho, imagine a vida como um imenso corredor. Tão grande que você não consegue ver o fim dele.

- Tá ...

- Você começa a sua vida no início do corredor e vai andando até chegar ao fim dele. Viver é andar nesse corredor. Quanto mais você anda, mais evoluído fica. Só que, de vez em quando, você vai encontrar uma porta. Passando essa porta, o corredor fica mais estreito.

- E qual é problema?

- O problema é que você está vestindo um monte de casacos e para passar pela porta, você tem que tirar um dos casacos, senão não conseguirá passar.

- Casaco? Que casaco? Como assim?

- Esses casacos são coisas que você gosta muito, que você é muito apegado.

- Tipo o que?

- Tipo brinquedos, bichos, pessoas, dinheiro, video game, comida, ideias, crenças, qualquer coisa que seja muito, muito, muito difícil você abandonar.

- Tá ...

- Aí você chega na porta, cheio de casacos e tem que atravessar para continuar caminhando e evoluindo. Mas, você adora aquele casaco e não quer ficar sem ele de jeito nenhum. Fica ali se lamentando, chorando e tentando descobrir um jeito de passar pela porta com o casaco. Mas, não tem jeito. Só passa se tirar o casaco e deixar para trás.

- Tá ...

- Um dia, você resolve tirar o casaco e atravessar a porta. Assim que você passa pela porta, olha para trás e vê o casaco no chão, imediatamente se pergunta por que demorou tanto para tirar aquele simples casaco. Afinal de contas, era apenas um casaco e você perdeu um monte de tempo ali se lamentando. Você se dá conta que era tão fácil tirar aquele casaco e que, a essa altura, já deveria estar longe no seu corredor de vida. Mas, ficou ali perdendo tempo atoa.

- Já sei. A gente dá importância demais a alguma coisa que não é tão importante assim, né?

- Isso, meu filho. Mas, esse foi apenas o primeiro casaco. Você ainda está vestindo um monte de casacos e o corredor tem muitas portas. Depois de cada porta, o corredor fica mais estreito e, para atravessar, terá que se livrar de um casaco que você adora. É por isso que eu estudo tanto. Não quero perder tempo quando chegar nas minhas portas. Quero perceber e entender logo a situação, tirar o meu casaco e seguir em frente. Quero viajar rápido. Não quero morrer sem ter atravessado muitas ou até todas as minhas portas. Senão eu tenho que voltar e recomeçar de onde parei. Entendeu?

- Entendi pai. Também quero estudar isso. Quero passar bem rápido pelas minhas portas também.

- Você já está estudando. Hoje, aprendeu um pouco. Estude bastante na escola primeiro, para poder estudar direito essas coisas depois, tá bom?

- Tá ...

Dito isso tudo, cheguei onde queria. Gabriela Sturba, barista e sócia-proprietária da Grenat Cafés Especiais - cafeteria que faz as vezes de sala de reunião do Café & Conversa - resolveu reviver seus tempos de menina sapeca e foi andar de skate no final de semana. O resultado da traquinagem: fratura num osso do punho, uma cirurgia, uma placa e cinco parafusos. Vai apitar alarme no aeroporto.

Gabi, nossa Lindeza, acabe com as coisas de menina ...

O "acidente" da nossa querida Gabriela causou comoção em toda a redação do Café & Conversa. Sem querer fazer fofocas maldosas, mas teve marmanjo aqui na redação tão desesperado com a notícia, que não conseguiu conter as lágrimas ... Aliás, se a Gabriela precisar de ajuda, enfermeiro para cuidar da medicação, tirar pressão, temperatura, essas coisas, é só chamar viu? Tô fazendo nada mesmo ...

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