Ricardo Icassatti Hermano
Depois de uma boa pancadaria, a Seleção Brasileira de Futebol mandou os africanos da Costa do Marfim de volta para os safaris de caça a elefantes. Na minha opinião, o pior do jogo foi não podermos reclamar do árbitro. O sujeito era simplesmente cego ... graças a Deus!
Parece que, finalmente, houve um desencanto geral. O Kaká jogou bola de vez em quando e até revelou um insuspeitado e nada cristão traço de rebeldia. O Luís Fabiano tateou e encontrou o caminho para o gol. O único ser que não muda é o tri-atleta Robinho, aquele prego sem noção que comemora gol dos outros na televisão para aparecer. O Dunga também apresentou novidade trajando a capa do Batman.
O importante foi que o Brasil se classificou e agora enfrentará a seleção portuguesa, famosa por ter em seu elenco o atacante Cristiano Ronaldo, o metrosexual lusitano. Já deve estar dando briga no escrete canarinho para ver quem vai marcar a padaria do bonitão. Mas, não sei porque, sinto que a mulherada vai passar pelo mesmo trauma que tiveram com Ricky Martin e Reynaldo Gianecchini ...
Eu conhecia com outro nome, mas me disseram que agora é "metrosexual"
Passado o chororô, vocês poderão se dedicar ao preparo de um prato especial para o dia do jogo. E nada melhor que seja uma receita da culinária portuguesa tradicional, aquela de raiz. Trata-se da receita original do Bacalhau a Gomes de Sá, que leva o nome do seu criador, José Luiz Gomes de Sá, um cozinheiro do Restaurante Lisboense na cidade do Porto.
É um prato simples e de preparação rápida após o processo de dessalgamento do bacalhau, que requer alguma antecedência. O bacalhau é um peixe do gênero Gadus, pertencente à família Gadidae. No Brasil, tem a fama de ninguém conhecer-lhe a cabeça, pois é vendido sem a mesma.
Agora você conhece um bacalhau com cabeça
Dentre as várias espécies de peixes comercializadas como bacalhau, duas se destacam. O chamado "bacalhau verdadeiro" vem de algumas regiões do Canadá e do Mar da Noruega. A outra vem do Alasca, na costa banhada pelo Oceano Pacífico.
Devido à intensa exploração, o "bacalhau verdadeiro" entrou no ano 2000 para a lista das espécies vulneráveis de extinção da World Wide Fund for Nature (WWF). Segundo a entidade, o bacalhau poderá desaparecer dos mares em 15 anos. Por isso, opte por um outro peixe que seja vendido como bacalhau, como o brasileiríssimo Tubalhau. Além de ecologicamente correto, é bem mais barato.
Café & Conversa também é auto-sustentável! E vamos à receita.
Bacalhau à Gomes de Sá
(para 4 pessoas)
Ingredientes
- 500 g de bacalhau
- 500 g de batatas
- 2 cebolas
- 1 dente de alho
- 1 folha de louro
- 4 ovos cozidos
- 1,5 dl de azeite
- azeitonas pretas
- Salsa, sal e pimenta a gosto
Preparo
Dessalgue o bacalhau no dia anterior, trocando a água a cada 2 ou 3 horas. Coloque numa panela e escalde com água fervendo.
Tampe a panela e abafe com um cobertor ou pano e deixe por 20 minutos.
Escorra o bacalhau, retire as peles e as espinhas e separe em lascas.
Ponha as lascas numa tigela funda, cubra com leite bem quente, tampe e deixe em infusão durante 1 e 1/2 a 3 horas. Escorra.
Enquanto isso, cozinhe as batatas com a casca e os ovos. Corte as cebolas e o dente de alho em rodelas e doure ligeiramente com um pouco de azeite.
Junte o bacalhau escorrido.
Mexa tudo ligeiramente, mas sem deixar refogar. Tempere com sal e pimenta.
Disponha imediatamente numa travessa pirex em camadas alternadas de bacalhau, batatas e ovos cozidos. Regue com azeite extra-virgem. Leve ao forno bem quente por 10 minutos.
Sirva na travessa em que foi ao forno, polvilhado com salsa picada e enfeitado com rodelas de ovo cozido e azeitonas pretas. Acompanhe com arroz branco e um bom vinho verde português ou um branco brasileiro bem frutado. Coloque um CD de fado com Amália Rodrigues e conheça a tristeza que os portugueses sentirão logo após serem derrotados pela Seleção do Dunga ...
Diqueim eu goshto/ Nem àsh paredess confesso
2 comentários:
Parabéns pelos posts sobre Portugal. Estive lá após uma temporada por vários países da Europa e confesso que me senti em casa ao chegar em Lisboa. Adorei a comida e o povo.
Obrigado Jacqueline. Apesar de não conhecer Portugal, não vejo motivos para tanta hostilidade entre brasileiros e portugueses. Deveríamos nos irmanar cada vez mais. Ambos só teriam a ganhar com isso.
Abraço e continue seguindo o Café & Conversa ; )
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