Romoaldo de Souza
Para os cristãos e os amantes da preguiça como alguns políticos brasileiros, hoje é Dia de São Pedro, o mais fiel dos apóstolos de Jesus Cristo. O primeiro Papa. E aí, alguns políticos, principalmente os nordestinos, dão como desculpa o motivo da "confraternização" com os eleitores para não darem as caras no Congresso nesta semana, por causa dos festejos juninos.
Já quem não está na lista dessa gente, vale lembrar que hoje é o Dia da Telefonista. Confidente, sabe de tudo. Ou quase tudo o que se passa no trabalho. Por ela passam as mágoas, as reclamações e muito mal-humor. É verdade que, às vezes, algumas surpresas agradáveis passam na vida e nos ouvidos dessas profissionais.
Quando trabalhei na Radio Alvorada de Brasília, umas três décadas atrás, tinha uma telefonista lá, dona Jura (se não me engano, era "Jura" de Jurema. Ela detestava tanto o nome, que nunca quisemos falar desse assunto).
Primeiras imagens de telefonistas
Hoje, com mais tecnologia e menos gramática: "estaremos encaminhando ..."
Bom! Uma noite, aí por volta das 19h30, toca o telefone na rádio.
- Alô - berrava, literalmente, a dona Jura.
- Quer falar com quem, meu filho. Quem é?
Assim, dona Jura emendava uma pergunta na outra, sem qualquer cerimônia.
- Com quem? Quem?
Do outro lado da linha um cantor em começo de carreira. Ele próprio ligando de um orelhão na esquina de uma das quadras do Núcleo Bandeirante.
- Diga ao Romoaldo que é Amado Batista. Amado Batista!
- Ah meu filho, vai lamber sabão!!! - gritou dona Jura, desligando enfezada o telefone.
- Quem era? - eu quis saber.
- Trote. Só pode ser essa moçada que não tem Deus no coração. Uma hora dessa dizendo que é Amado Batista. Ah, vá ... - resmungou.
Do outro lado da mesa eu pulei.
- Era ele. Amado Batista vem ao programa Clube dos Namorados, hoje à noite! - na década de 70, esse programa chegou a bater recordes de audiência no rádio de Brasília.
- Meu Deus, Amado Batista e agora? - desesperou-se dona Jura, fã de carteirinha do cantor de "No Hospital"
- No hospital, na sala de cirurgia, pela vidraça eu via você sofrendo a sorrir e seu sorriso aos poucos se desfazendo. Então vi você morrendo... - cantarolou a telefonista com os olhos rasos d'água.
Esperamos mais uma hora e o cantor goiano chegou esbaforido no prédio da Rádio Alvorada, todo desalinhado. Cabelo despenteado.
- Desculpe, gente! Chamei aqui na rádio e uma mulher louca atendeu o telefone, desligou na minha cara e era minha última ficha - esbaforiu-se.
- Ufaa!! Caiu a ficha - desabafou dona Jura.
Dois, três anos depois e já famoso, Amado Batista contou essa história em um programa de TV. Nunca mais tive notícias nem da música de Amado Batista nem de dona Jura.
E foi lembrando dessa histórica bobeada da dona Jura que trouxe hoje a cantora Selena com a música La Llamada (Um telefonema seria a melhor tradução).
Outro dia eu volto para contar a trágica história de Selena. Hoje, a homenagem é para as telefonistas.
La Llamada
Bueno...
Soy yo mi amor, antes de que me cuelgues no' mas dejame explicar que...
No me vuelvas a llamar
Tratando de explicar
Que lo que vi no era cierto
Verguenza debes tener
Si me quieres convenser
Que eres fiel y eres sincero
Oh! Te vi con ella y no puedes negar
Que eran tus labios los que la besaban
Canalla!
No te sirvio de nada
El disimular
Que solo charlaban
No mientas mas!
Si me vuelves a llamar
Yo te vuelvo a colgar
Ya me canse de escuchar
Escusas y mas mentiras
No me vuelvas a llamar
No te voy a perdonar
Otra oportunidad
No te la doy
Si no vales la pena
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