Romoaldo de Souza
Admito que nunca tive muita queda por esses roques nacionais que tanto sucesso fizeram na década de 80. Mas não sou besta nem nada e vou reconhecer que apesar da melodia um tanto quanto pueril, Eduardo e Mônica é uma história do cotidiano de muita gente interessante que chegou em Brasília no começo da cidade ou que nasceu aqui, como Don Diego de León, artista, produtor e diretor de teatro, que nas horas interessantes, é meu filho.
Renato Russo faria 50 anos, neste sábado e certamente tem sua legião de fãs. Dia desses, conversando com o jornalista Geraldinho Vieira e ele me convenceu a prestar mais atenção às letras do líder da Legião Urbana. “Esquece a música, pensa na letra”, recomendou. E olha que Geraldinho Vieira é protagonista, indireto, dessa Eduardo e Mônica inspirada na artista plástica Lea Coimbra com quem o jornalista foi casado.
Admito que nunca tive muita queda por esses roques nacionais que tanto sucesso fizeram na década de 80. Mas não sou besta nem nada e vou reconhecer que apesar da melodia um tanto quanto pueril, Eduardo e Mônica é uma história do cotidiano de muita gente interessante que chegou em Brasília no começo da cidade ou que nasceu aqui, como Don Diego de León, artista, produtor e diretor de teatro, que nas horas interessantes, é meu filho.
Renato Russo faria 50 anos, neste sábado e certamente tem sua legião de fãs. Dia desses, conversando com o jornalista Geraldinho Vieira e ele me convenceu a prestar mais atenção às letras do líder da Legião Urbana. “Esquece a música, pensa na letra”, recomendou. E olha que Geraldinho Vieira é protagonista, indireto, dessa Eduardo e Mônica inspirada na artista plástica Lea Coimbra com quem o jornalista foi casado.
A primeira animação é de Leandro Amaral, do Peixe Aquático. Ele é autor de outras versões animadas de hits da banda Legião Urbana. A segunda é de autoria de Miuki Lemos. Ah, e não esqueçam de que o Café & Conversa pode ser “escutado” também no Twitter. www.twitter.com/CafeConversa.
Eduardo e Mônica
Renato Russo
Quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?
Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
Noutro canto da cidade
Como eles disseram
Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse
- Tem uma festa legal e a gente quer se divertir
Festa estranha, com gente esquisita
- Eu não tou legal, não agüento mais birita
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
- É quase duas, eu vou me ferrar
Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo
Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemã
E ele ainda nas aulinhas de inglês
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
De Van Gogh e dos Mutantes
Do Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô
Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda estava
No esquema "escola, cinema, clube, televisão"
E, mesmo com tudo diferente
Veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia
Como tinha de ser
Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro e artesanato e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar
E ela se formou no mesmo mês
Em que ele passou no vestibular
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa
Que nem feijão com arroz
Construíram uma casa uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana e seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram
Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo
Tá de recuperação
E quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?
3 comentários:
Essa música e a "Faroeste Caboclo" são a trilha sonora da minha adolescência em Brasília. Fui um dos poucos a assistir a primeira tentativa de show do Aborto Elétrico, que depois virou Legião Urbana. Essas músicas despertam boas lembranças.
Você não perde por esperar. Amanhã, véspera do aniversário de Renato Russo tem mais Legião Urbana.
Impossível não relembrar minha adolescência qdo escuto essa música. Legião tb fez parte mto fortemente dessa fase da minha vida e não há como não gostar. Eu concordo: é preciso prestar atenção nas letras. Legião tem tudo a ver com a gente que viveu BRasília desde criança.
valeu pela homenagem. Bem merecida.
///~..~\\\
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