Romoaldo de Souza
No guardanapo, no papel de pão, na velha e poderosa Remington, Vinícius de Moraes era soberano. Sabia traduzir sentimentos, com simplicidade. Sem precisar rebuscar muito. Como neste verso:
“O seu café vai ser doce, como se fosse um carinho.
O seu café vai ser doce como se fosse um beijinho de uma mulher”
Eu posso até divergir do “doce” no café, como Vinícius tomava. Ele também adorava uísque e eu nem posso provar, mas o mestre tinha razão, quando dizia que “Para fazer um bom café” é preciso “por tudo a ferver”.
Se a sua cafeteira for uma french press, primeiro você deve ferver a água para aquecê-la, mas a água do café, não. Só esquente. Afinal, um bom café “uma frutinha vermelha que as moças colhem no pé” precisa ter aroma, “bem torradinho”. “Como se fosse um beijinho”.
Samba do Café
Vinicius de Moraes & Baden Powell
Para fazer um bom café, meu bem
Como se faz, lá no Brasil
Precisa ter um bom café, também
Como se tem, lá no Brasil
Que as moças colhem no pé
E quando é bem torradinho
Fica pretinho e cheiroso
Como ele é, lá no Brasil
Como ele é, lá no Brasil
Para fazer um bom café, meu bem
Como se faz, lá no Brasil
Precisa pôr tudo a ferver, meu bem
Como se põe, lá no Brasil
Uma frutinha vermelha
Que as moças colhem no pé
E quando é bem torradinho
Fica pretinho e cheiroso
Como ele é, lá no Brasil
Como ele é, lá no Brasil
Tem de ser forte, como o bem
Que a gente tem pelo Brasil
Tem de ser doce, como o amor
Que a gente tem pelo Brasil
Você, seu moço estrangeiro
Só põe açúcar se quer
Mas sendo um bom brasileiro
O seu café vai ser doce
Como se fosse um carinho
O seu café vai ser doce
Como se fosse um beijinho
De uma mulher
Que faz um bom café
Lá no Brasil! Lá no Brasil!
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