quinta-feira, 1 de abril de 2010

Bacalhau Espiritual


Ricardo Icassatti Hermano

Termos sido colônia de Portugal nos deu legados importantes. Por causa dos portugueses, somos um país cristão e apreciador do bacalhau e das mulatas. Com o peixe salgado e seco veio uma infinidade de condimentos, que hoje são parte da nossa rica cultura gastronômica.

Por sermos um país cristão, celebramos a Páscoa, palavra derivada do hebraico Pessach, significando "passagem". Este evento religioso é considerado a festa mais importante da cristandade, pois celebra a Ressurreição de Jesus Cristo. Pessach também é a data que os judeus comemoram a libertação e fuga de seu povo escravizado no Egito.

A palavra Páscoa advém, exatamente do nome em hebraico da festa judaica à qual a Páscoa cristã está intimamente ligada, não só pelo sentido simbólico de “passagem”, comum às celebrações pagãs (passagem do inverno para a primavera) e judaicas (da escravatura no Egito para a liberdade na Terra prometida), mas também pela posição da Páscoa no calendário

Daí vem toda a ideia de renascimento, que acabou nos levando ao ovo como presente-símbolo da vida que está por vir. O coelhinho entrou nessa história através da mitologia anglo-saxã nórdica e germânica. A deusa da fertilidade e do renascimento é Eostre ou Ostera e a Primavera, lebres e ovos pintados com runas eram os símbolos a ela associados.

Suas sacerdotisas eram ditas capazes de prever o futuro observando as entranhas de uma lebre sacrificada. Claro que a versão “coelhinho da páscoa, que trazes pra mim?” é bem mais comercialmente interessante do que “Lebre de Eostre, o que suas entranhas trazem de sorte para mim?”, que é a versão original desta rima.

Dos seus cultos pagãos originou-se a Páscoa (Easter, em inglês e Ostern em alemão), que foi absorvida pelas comemorações judaico-cristãs.

Mas, tendo em vista tudo isso, a Páscoa é um momento de meditação. Avaliamos o que já vivemos e planejamos as mudanças que precisamos. De certa maneira, morremos e renascemos. Talvez seja por isso que criaram a proibição do consumo de carne. Ficou o peixe, que foi o símbolo cristão muito antes do crucifixo.

E é por isso também que o Café & Conversa entra no espírito da coisa e traz uma receita de bacalhau muito fácil e rápida. Depois que dessalgar o bicho, é claro. Você vai fazer um tremendo sucesso na família porque o prato é uma delícia. A receita é do chef Valderi Gomes, do restaurante A Bela Sintra. Vamos lá?

Bacalhau Espiritual
4 porções

Ingredientes

- 500 gr de bacalhau
- 1 litro de leite
- 150 gr de creme de leite (½ lata)
- 300 gr de cenoura ralada
- 500 gr de cebola ralada
- 200 gr manteiga
- 500 ml de creme de leite fresco
- ½ noz moscada ralada
- Sal, pimenta gosto
- 100g de farinha de trigo (ou quanto bastar)


Preparo

Depois de dessalgar por 48 horas, cozinhe o bacalhau em água fervente por 5 minutos. Retire da água, deixe esfriar um pouco e desfie.

Tempere com sal e noz moscada e, em seguida, refogue com cebola e cenoura na manteiga. Aos poucos, acrescente o leite, o creme de leite e um pouco de farinha.

Quando atingir a consistência de um creme, retire do fogo.

Coloque em uma forma refratária ou panela que vá ao forno (a 200º) para gratinar coberto com um pouco de parmesão ralado. Também pode ser acomodado em porções individuais.

Sirva bem quente acompanhado de batata (palha, cozida ou assada no forno) e arroz com brócolis. Uma garrafa de azeite à parte.

Ao servir, faça pose de chef e diga que usou um ingrediente secreto

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