Ricardo Icassatti Hermano
Como brasiliense, há muito tempo venho segurando um suspiro de alívio na garganta. Estava aguardando o dia em que poderia ter novamente alguma esperança na política. A hora chegou.
Nos últimos momentos da ditadura militar, fomos para as ruas e fizemos um "buzinaço"; das janelas das nossas casas protestamos com o "panelaço". Convocados para vestir verde e amarelo, nos vestimos de preto e apeamos um presidente do poder. Gritamos, esperneamos, choramos, sorrimos e exercemos nossa cidadania.
Meus filhos cresceram vendo e ouvindo tudo isso desde bem pequenos. Estavam no carro comigo no "buzinaço" e bateram tampas de panelas em nossa janela. A democracia veio e com ela uma espécie de apatia que nos trouxe até aqui. Até esse vergonhoso escândalo de corrupção no Governo do Distrito Federal, na cidade que meu pai ajudou a levantar do nada, onde eu cresci, me casei e descasei, tive filhos, me formei, trabalho e vivo até hoje.
Essa apatia é culpa nossa mesmo. Poderíamos ter gritado novamente, esperneado mais. Ficamos apáticos. As pessoas se desconectaram. Deu no que deu. Mas, agora podemos nos mexer. Se antes precisávamos ir para as ruas e fazer barulho, hoje a internet nos deu vez e voz. Ela é a nossa rua, a nossa praça, o lugar onde nos reunimos. As pessoas que estavam dispersas, agora estão a um clique de distância.
No próximo dia 17, será escolhido (não dá pra dizer que será eleito) um governador para o Distrito Federal. Ele vai completar o mandato interrompido pela renúncia do outro. Os deputados distritais que vão fazer essa escolha estão acuados pela realidade. Não podem escolher outro da mesma laia do anterior, senão começa tudo outra vez. Ou pior, vem a intervenção federal para nos taxar definitivamente de incompetentes.
Por obra dessa pressão inusitada, foram procurar alguém decente para ocupar o cargo. Alguém que não faz parte de curriolas, que não tem passado mal cheiroso e que tem competência suficiente para implementar mudanças radicais no padrão de governo que tínhamos até então. E finalmente surge a esperança em meio ao pântano.
Dessa infelicidade toda, dessa sujeirada toda, poderemos tirar algo de bom. Mas, é preciso que exerçamos a tal cidadania. Embora não possamos votar, chegou o momento de firmar posição, de assumir responsabilidade, de falar alto: "eu apóio fulano ou ciclano".
Cada brasiliense precisa agora decidir entre a apatia e a participação. Não importa quem você vai apoiar. Participe, defenda, exija, fale. Senão, como os políticos ficarão sabendo o que nós queremos e que estamos de olho neles?
Esse é um momento raro. Nós podemos influenciar essa escolha. Escreva no seu blog, no seu Facebook, no seu Orkut, no seu Twitter ou qualquer outra rede de que participe. Envie e-mails para todo mundo que você conhece. Diga o que pensa e quem você quer ver sentado na cadeira de governador. Cidadania não se exerce apenas no dia da eleição, como ouvimos na TV.
Eu vou dizer quem quero ver sentado naquela cadeira, quem eu boto fé que irá mudar o padrão ético dessa estrutura montada para a corrupção.
O nome dele é Luiz Filipe Coelho. Filho de Brasília, advogado brilhante, ex-presidente da OAB-DF e político de boa estirpe. Um homem de bem que possui todas as qualidades e méritos necessários para pavimentar a estrada que levará Brasília a dias melhores.
Luiz Filipe Coelho. Foto capturada no blog Fotos by Paulo Ajuz
Estive com ele hoje. Tomamos um café e conversamos um bocado. Ele me contou as ideias que tem para mudar o GDF. Caso venha a ser governador mesmo, ele pretende exigir de todos os candidatos a cargos de confiança, em todos os níveis, a "Ficha Limpa". A mesma que a Câmara dos Deputados adiou para votar em maio.
É uma medida fácil, administrativa, que depende unicamente da vontade política do governador. Quem quiser ocupar cargo de confiança no GDF - qualquer cargo - deverá ter o nome limpo na praça.
Outra ideia boa que ele tem é o estabelecimento de critérios estritamente técnicos no uso do dinheiro público. Com isso, acaba a maior fonte de corrupção em qualquer governo, o critério "político".
Parece que finalmente vou poder soltar aquele suspiro de alívio preso na garganta há tantos anos. Espero que a pressão da realidade e a dos brasilienses faça os deputados distritais decidirem em nosso favor. Não gritamos atoa.
Força Filipe!
4 comentários:
DEPOIMENTO:
Conheço o Luiz Felipe, a mais de 30 anos, e comungo com a sua opção para governador do DF.
Paulo Ajuz(seguidor do seu blog).
Valeu Paulo. O importante é a gente se manifestar, gritar, mostrar que estamos atentos.
Abraço.
Minha preocupação é a seguinte: o Luiz, pelo que procurei saber, é "apadrinhado" do Gim Argello. Aí gente, fica difícil apostar... mas concordo que estamos praticamente sem opções. Por mim, teríamos intervenção no DF. Acho que estamos acéfalos institucionalmente.
Juliana, também questionei o Felipe sobre esse "apadrinhamento". Ele me disse que não é apadrinhado do Gim Argelo e que chegou ao PTB com as próprias pernas, após procurar vários partidos que lhe permitissem concorrer ao Senado. O PTB foi o único que ainda tinha vaga disponível. Sinceramente, não acredito que o Felipe precise de padrinho. Ele tem currículo e não é um carreirista qualquer. Boto fé nele. Mas, surgiu agora o problema do tempo de filiação. Vamos aguardar e ver o que acontece. Abraço e obrigado pelo comentário : )
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