quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Música do Dia - Homenagem à Matemática


Romoaldo de Souza


Hoje é o Dia do Matemático e eu gostaria de lembrar dois professores que tive, que me ajudaram muito a ser racional. Pragmático. Quase um desalmado.


Ainda no interior de Pernambuco, fui aluno de uma das mais temidas professoras da região. Dona Salomé. Pare. Pense numa mulher genial. Gorda, exímia pianista, excelente educadora. Uma sumidade.


Pitágoras ensinou a desvendar o parentesco da

escala musical com a matemática


Era a diretora da escola, Grupo Escolar João Gomes dos Reis. Dava aula nas quartas-feiras. Era o dia. O meio da semana. A escola se dividia entre as segundas e terças. Quintas e sextas. A quarta-feira era da Dona Salomé.


Era nesse dia que a bandeira era hasteada. O Hino Nacional. Eu adorava "Deitado eternamente em berço esplêndido". Gostava da sonoridade daquela frase. Não fazia a menor idéia do que fossem berço e esplêndido. Mas gostava da sonoridade. Aquela si bemol maior caía bem. "Deitado eternamente em berço esplêndido".


Quando entrávamos na sala de aula, o bicho pegava. Um silêncio ensurdecedor. Ninguém dada uma palavra a não ser para as respostas orais do dever de casa. E Dona Salomé dava aula de matemática com um piano na sala.


Um dia, ela levantou-se, do auto dos seus 122kg e bradou. Dou nota 100 (nessa época agente recebia notas de um a 100) para quem cantarolar as notas musicais de acordo com a pulsação do coração.


- Sem respirar e sem fraquejar - advertiu!


Até hoje, uso a respiração pelo diafragma. Dona Salomé gostou do que viu e eu levei nova 80.


Anos depois, conheci Fernando Machado. Na minha opinião, um dos maiores saxofonistas da atualidade. Ele é professor de sax, na Escola de Música de Brasília. Um dos maiores celeiros de instrumentistas que jamais conheci no Brasil.


Saxofonista de primeira, esse Fernando Machado. Muito bom!


Foi ele quem me ensinou muito do que sei da música. Um grande educador. Pena que eu não tinha habilidade para o sax. Mas aprendi muito tanto com ele, como com Dona Salomé.


Se você quer saber porque no Dia do Matemático, eu falei de dois professores um de música e outro de matemática. Veja esse filhinho, aí abaixo.


PS: Hoje também é o Dia da Coragem. Coragem, gente!




Um comentário:

Nayara disse...

Levante a mão quem nunca passou maus bocados na mão de professoras de matemática que eram, igualmente, gordas e ríspidas. Me foge agora o nome da professora que tive, mas ela me deu aula de matemática no 2º ano do ensino médio. Nunca temi tanto a idéia de levar pontos negativos, como temia em suas aulas. Mas também nunca pude reclamar de suas aulas. Mesmo com toda a rispidez, uma excelente profissional. Aprendi muito com ela.
Belo texto. Bela história. Muito bom reencontrá-lo ontem na faculdade! =)